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sexta-feira, 8 de março de 2019

O pessoal do interior não faz tantos filhos como antigamente

Que eu irritei (e irrito) algumas pessoas achegadas numa manipulação de outras desavisadas, tenho que concordar que é a mais pura verdade. Veja só essa presepada que aprontei esses dias em rede social.

Conhecedor da realidade em que se encontra os municípios brasileiros, nunca fui míope diante do fato de que minha cidade não pode ser como uma ilha ou como se existisse dentro de uma redoma, inatingível pelas saculejos da economia e crises políticas fabricadas pela direitona, jamais poderia ficar silencioso diante de publicações maldosas.

Estava a perambular pelas redes sociais quando me deparo com a notícia fake de que escolas do campo estariam sendo fechadas e fiz meu comentário ácido que deixou a pessoa mentora do projeto de desnutrição da imagem alheia em total desconforto. Escrevi apenas que "o pessoal do interior não faz muitos filhos como antigamente". Logicamente eu estava coberto de razão. 

De uns tempos para cá, o brasileiro faz menos filhos do que nos tempos idos em que um filho significava uma mão-de-obra que contribuiria com o sustento da casa ou a manutenção de um próspero negócio. Os da cidade caíram na real e entenderam que quanto menos filhos, maiores são as chances de proporcionar educação e condição de vida. Nesse ponto você, leitor, há de concordar comigo, pois se você tem dois filhos, vai ter que comprar duas mochilas, dois cadernos, dois pares de sapatos e uniformes. Quanto mais filhos, mais despesas.

Em dado momento da redação deste post lembro que eu estava a participar de um evento no auditório do CEDEP, em Breves, quando o secretário de educação de Melgaço esbravejou diante de um comentário sobre fechamento de escolas. Ele estava coberto de razões, porque, se os ribeirinhos não fazem filhos, não tem alunos e, sabidamente, sem um certo número respaldado no crivo do Conselho de Educação, não tem como manter uma escola.

Logicamente que, diante do fechamento da escola, há que se prover uma alternativa para que as crianças não fiquem sem o beabá, nem que estas crianças sejam as últimas de uma cria que nunca será como nos tempos dos meus avós em que uma mãe paria 24 filhos e o pai ainda fazia mais uns 26 filhos em outras raparigas. Portanto, o pessoal não faz muitos filhos como antigamente.

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