Essa é uma reprodução do Blog do Ronaldo de Deus, de 10 de maio de 2020.
"Coitado de quem me suceder". Essa frase foi proferida pelo ex-prefeito Pedro Barbosa durante seu primeiro mandato - 2005 a 2008 -, em referência a algumas mudanças por ele promovida no município de Portel. Leia até o final é entenda a frase dita em uma das inúmeras conversas que mantivemos nos bastidores políticos desse inesquecível líder.
Entre uma das inúmeras inovações estava o transporte escolar. Se durante sua infância era comum ver alunos a remar por mais de seis horas para assistir uma aula, ele viria pais se queixarem da falta do barqueiro para levar um estudante a quinze minutos de viagem até a escola.
Na cidade também aconteceriam algumas rupturas com o passado. Se antes os alunos que moravam na Vila Velha (um dos bairros mais antigos de Portel) e caminhavam a pé até a escola Paulino de Brito passavam a andar de ônibus. A falha na organização do percurso, por exemplos, viria causar até protestos e passava a ser registrado em atas de congressos.
A contratação de serventes e vigilantes para exercerem atividades nas escolas rurais viria contornar pequenas comunidades ribeirinhas. Se por um lado tirava o fardo do professor no preparo de alimentos, servir os alunos e inclusive lavar louças, agora as merendeiras eram alvo de ciumes por parte daquelas que ficavam de fora da contratação, o que é conquistado nos inúmeros documentos, como atas e abaixo-assinados.
Algumas mudanças aconteciam pelo progresso da cidade, como o surgimento de funerárias, a oferecer urnas altamente incrementadas. Bom lembrar que a fabricação dos caixões era um ofício desempenhado pelos carpinteiros da antiga carpintaria da prefeitura ou profissionais autônomos. Mesmo sem ter condições de pagar por uma urna de mais de mil reais, os serviços dos políticos e da Secretaria de Assistência Social começa a sofrer pressão para o fornecimento de urnas bem elaboradas.
Foi durante seu mandato - coincindo pelo período de Ana Júlia no governo do Pará e de Luis Lula Inacio da Silva na Presidência do Brasil - que chegou a energia de qualidade, oferecida pelas possantes turbinas da Hidrelétrica de Tucuruí. Logo os ribeirinhos concretizaram (em parte) o sonho de iluminar seus lares e manter geladeiras para conservação de alimentos, privilégios ostentados apenas pelos moradores da área urbana, mesmo tendo que conviver com o fornecimento de energia pelas antigas termoelétricas que o povo apelidada de "pirilampo", tantas eram as quedas de tensão.
O futebol reviveu um dos últimos suspiros de sua elevada atração dos tempos idos das madeireiras que financiavam, junto com os empresários locais, os famosos jogos. Como ex-jogador de futebol, na condição de prefeito promoveu o esporte como nunca. Foi daí que surgiu a ideia de que a Prefeitura era que deveria incentivar os jogos de futebol, interpretação errônea diante do histórico de investimentos do setor privado.
Com a proposição deste post não tem a intenção de editar um livro, mas meramente provocar recordações dos amigos e conterrâneos do grande líder político que foi Pedro Barbosa, fica restrito a esses causos. Aliás, a frase "Coitado de quem me quem me suceder" foi proferida em razão da abertura política, que antes o cenário político não era nada amistoso com quem ousasse criticar um governante.
Texto e ilustrações: Ronaldo de Deus *
*professor das redes municipal e estadual e editor do grupo de Notícias Educadores de Portel.
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