As
principais empresas que comercializam gado, carne ou couro bovinos
produzidos no Pará vêm buscando garantir a legalidade da matéria-prima, e
há espaço para que as rotinas de checagem sejam aprimoradas para banir
de vez do mercado produtos originados em áreas com desmatamento ilegal,
trabalho escravo ou de invasões de terras públicas ou de comunidades
tradicionais.
No anúncio dos resultados também foi informado que o MPF vai solicitar ao Ibama fiscalizações em empresas que não assinaram ou não cumpriram acordos (foto: Ascom MPF/PA) |
O
balanço, anunciado na última sexta-feira (9) em Belém, é resultado de
auditorias em 38 unidades de 26 empresas clientes da agropecuária
paraense, a maioria frigoríficos responsáveis por 74% da capacidade de
abate de gado no estado.
As
auditorias foram previstas em acordos assinados desde 2009 entre
empresas, Ministério Público Federal (MPF) e governo do Pará – por meio
do programa Municípios Verdes – e apoiados pela Associação Brasileira de
Supermercados (Abras) e pela Associação Brasileira das Indústrias
Exportadoras de Carne (Abiec).
Ajustes –
Entre os aprimoramentos que podem ser adotados pelos sistemas
empresarias de controle, as auditorias apontam, por exemplo, a
necessidade de criação de mecanismos para evitar a compra do gado que
nasce em áreas ilegais mas que é revendido por produtores rurais
legalizados – a chamada “lavagem” ou “esquentamento” do gado.
As
auditorias também indicam que as empresas devem intensificar esforços
para manter atualizadas suas bases de pesquisas, para fazer o cruzamento
de dados entre essas fontes, para facilitar a auditagem dos arquivos e
para padronizar seus critérios de amostragem.
Providências – A partir das constatações das auditorias, o MPF está comunicado às empresas quais medidas cada uma delas deve adotar.
Para
evitar a “lavagem” do gado, por exemplo, o MPF informa às empresas que
devem ser utilizados parâmetros de avaliação como o nível de
produtividade das fazendas – uma produtividade exorbitante pode ser
indício de que a área está sendo usada para “esquentar” o gado.
O
MPF também está alertando as empresas para a necessidade de que elas
desenvolvam mecanismos eficientes de controle dos fornecedores
indiretos. Esses mecanismos, segundo o MPF, podem ser construídos em
parceria com órgãos públicos e demais integrantes da cadeia da pecuária,
em especial as grandes redes de supermercados.
Também
está sendo dado conhecimento às empresas sobre a necessidade da
utilização dos dados públicos de desmatamento ilegal do projeto do MPF
chamado Amazônia Protege (www.amazoniaprotege.mpf.mp.br ) e de todos os polígonos em formato shape file disponibilizados
pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) das áreas embargadas
pela autarquia, além da verificação por laudos – incluindo imagens de
satélite – sobre o cumprimento dos embargos parciais.
Fiscalização –
Os comunicados do MPF às empresas foram elaborados de acordo com a
importância de cada empresa no mercado e conforme os resultados
detectados pelas auditorias sobre o nível de comprometimento com os
Termos de Ajuste de Conduta (TACs) assinados com o MPF.
Para
o caso das empresas que não assinaram TAC – ou que assinaram mas não
apresentaram auditoria ou justificativa válida para o descumprimento do
acordo –, o MPF solicitou ao Ibama fiscalização que investigue inclusive
possível responsabilidade de empresas clientes.
Segundo
os procuradores da República Daniel Azeredo e Ricardo Negrini, que
enviaram o pedido de fiscalização ao Ibama, a atividade dessas empresas
que não assinaram ou que descumprem os TACs pode comprometer
negativamente todos os esforços de grande parte do setor na
regularização da atividade e na diminuição do desmatamento.
“Tais
empresas podem estar em condição vantajosa no que tange à livre
concorrência caso se comprove a aquisição de gado de origem ilegal”,
alertam os procuradores da República.
Além
da não adesão aos TACs ou do descumprimento dos acordos, o MPF
considera que outra grande barreira para a melhoria dos acordos e para a
redução do desmatamento na Amazônia é a falta de transparência completa
do Cadastro Ambiental Rural (CAR) gerido
pelo Serviço Florestal Brasileiro e da Guia de Trânsito Animal (GTA)
pertencente à Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará
(Adepará).
A não vinculação da GTA ao CAR também é criticada pelo MPF.
Reconhecimento – No
total, nesses últimos nove anos a mobilização do setor público e
privado em busca da regularização da pecuária no Pará já promoveu a
inclusão de cerca de 190 mil propriedades no CAR gerido pela Secretaria
de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas).
A
iniciativa do MPF em favor da sustentabilidade na pecuária do Pará e de
toda a Amazônia já recebeu premiações do Ministério do Meio Ambiente,
da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), do
Instituto Innovare - cujo prêmio tem, em seu conselho superior, a
Associação de Magistrados Brasileiros, a Associação Nacional dos Membros
do Ministério Público (Conamp), a Associação Nacional dos Defensores
Públicos, a Associação dos Juízes Federais do Brasil, a ANPR, a
Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho e o Conselho
Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), além do Ministério da
Justiça, por meio da Secretaria Nacional de Justiça e Cidadania – e do
Conselho Nacional do Ministério Público – cujo prêmio tem, na comissão
julgadora, representantes da Conamp, do Colégio de Diretores de Escolas
dos Ministérios Públicos, da Escola do Ministério Público da União, da
Associação Brasileira de Imprensa, da Secretaria da Reforma do
Judiciário do Ministério da Justiça, da OAB, do Senado, da Câmara dos
Deputados, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e de representantes da
comunidade acadêmica.
Unidades empresariais auditadas:
- Agroexport Moju
- Agroexport Tailândia
- Aliança
- Ativo Alimentos
- BR Comércio de Carnes
- Casfrisa
- Coagro PA
- Couro do Norte
- Cruzeiro do Sul
- Durlicouros
- Flávio DR Nobre
- ForteF
- Frig Altamira
- Frig Ribeiro
- Frig Ribeiro (Santarém)
- Frigol
- G&O Comércio
- JBS Alta Floresta
- JBS Araguaína
- JBS Colider
- JBS Marabá
- JBS Redenção
- JBS Santana do Araguaia
- JBS Tucumã
- MasterBoi
- Mercurio Ananindeua
- Mercúrio Castanhal
- Mercúrio Xinguara
- Minerva
- MR Souza Junior
- Planalto
- Rio Maria
- Santa Cruz Altamira
- Santa Cruz Ananindeua
- Santa Cruz Marabá
- Socipe
- Wellard
- Xinguara Industria e Comércio
Empresas em relação às quais o MPF está solicitando fiscalização do Ibama:
- Frinort Tomé Açu
- MJ Novaes
- T M da Silva de Carvalho - Frigorífico Novo Progresso EPP
- Abatedouro de Bovinos Sampaio Ltda
- José L. De Oliveira Eireli Ltda/frivata Frig. Vale Do Tapajós
- Marfribe Indústria Ltda - EPP/ Matadouro e Frigorífico Bezerra
- R. Barcelos Ribeiro Me Frigovan
- Frigonorte Acre e Uniboi Alimentos
- Frigorífico São José
Ministério Público Federal no Pará
Assessoria de Comunicação
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