Durante a Audiência Pública sobre a violência no município de Portel realizada nesta quarta-feira, 24, o delegado Adalberto Pereira, ao ouvir da boca dos representantes do governo de Simão Jatene que não receberá mais policiais para seu quadro atual, lamentou o fato de que tenha que esperar pelo aumento do efetivo policial. Pereira ressaltou que o número de policiais existente no município de Portel é insuficiente, o que impossibilita, por exemplo, uma batida numa favela como a Portelinha, que não possui ruas, mas caminhos, o que, segundo ele, dificulta as operações policiais. Destacou também que existe um tipo de violência, que é relacionado ao conflito agrário. Nesse mesmo sentido comentou o tenente Colares que Portel, a exemplo de Anajás que quadriplicou sua população num curto espaço de tempo, possui um número populacional grande. Disse que com a criação da Belo Monte nas cabeceiras do rio Anapú, a tendência é ter um número maior de pessoas vindas de outras localidades, assim como o trânsito vai se intensificar ainda mais e o estado não tem condições de fazer os devidos acompanhamentos diante das crescentes demandas.
O morador do bairro da Tijuca, Paulo, fez considerações acerca das constantes festas nos fins de semana, cujas conseqüências são brigas nas proximidades de sua residência assim como perturbação do sossego nas altas horas da madrugada. De acordo com Paulo, a norma estabelecida para o fechamento de festas às 01h da madrugada é quebrada quando os policiais recebem propina das mãos dos festeiros para que o encerramento seja prorrogado para, disse ele, até as cinco horas da manhã. Diante disso, o coronel Osmar rebateu que os policiais não podem usar fardamento nem outros equipamentos como viaturas e combustíveis destas para fazerem bico e que é permitido esse tipo de complementação salarial, desde que não estejam fardados. Ainda sobre essa questão, a sindicalista e professora Beba disse que, se a pretensão é cortar o mal pela raiz, então os vereadores e outros políticos portelenses estão andando na contra mão, pois os nomes deles estão sempre nas propagandas dessas festas como patrocinadores. O delegado Adalberto Adalberto Pereira falou que não pretende ser contra a realização de festas em Portel, no entanto, caso a população entenda que estas não devam ser realizadas aos domingos, que a sociedade civil organizada promova um abaixo-assinado e que após isso agirá de forma a atender os anseios da população. Frisou que durante morar em Portel já teve 18 empregadas domésticas e que estas não trabalham na segunda feira porque se encontram de ressaca. A professora Beba aproveitou a oportunidade para questionar se existe algum estudo científico para se chegar à conclusão de que as festas são mesmo responsáveis pela onda de violência n no município.
Ainda no tocante a festas, a audiência recebeu denúncias de escolas, Abel Figueiredo e Lourdes Brasil, que promovem festas com bebidas alcoólicas e, segundo os denunciantes, adolescentes foram vistos bebendo durante festejos juninos no mês de julho passado. O Diretor de Ensino Rosivaldo Paranhos tentou justificar a realização das festas com bebidas alcoólicas pelo fato de estas serem a principal renda e sem ela muitos dos brincantes não estariam lá. O coronel Osmar rebateu que isso não é justificativa, pois não se deve de maneira nenhuma circular bebida alcoólica no ambiente escolar e, ao contrário, valorizar produtos típicos como o tradicional bolo de macaxeira. Osmar recomendou fazer denúncias e assim possibilitar a remoção dos diretores.
Sobre a condução de veículos por adolescentes, houve manifestação de cidadãos acusando a irresponsabilidade de pais ao darem e presente motos para menores de idade, ao que o dirigente da reunião disse que ações serão tomadas e fatalmente as motos serão apreendidas e os pais pagarão multas. Considerando ainda a questão de trânsito, Adalberto disse que a maioria dos mototaxistas possuem condição de comprar uma moto mas não dispõem de recursos para auferirem uma carteira de habilitação veicular.
Em relação a residência de juízes, promotores e defensores públicos, o vereador Raso Pereira da Costa disse que a Câmara de Vereadores já se posicionou sobre a questão e enviou requerimento ao governo do estado pedindo providências nesse sentido, no entanto não obteve resposta até o momento.
A reunião foi tratada sem ofensas e ninguém mais chamou os mototaxistas de vagabundos e, inclusive, nas palavras do delegado Adalberto, a questão deve ser tratada com união.
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