A LUTA CONTINUA: A VERDADEIRA HISTÓRIA DE RONALDO DE DEUS

A infância
Nasci em 1967, terceiro filho de uma linhagem de oito irmãos e filhos de D. Nazaré de Deus Machado com Raimundo Paiva Machado, ele originário de Portel e ela do município de Breves. Nasci em Portel mesmo. Cresci no bairro do Bosque e minha memória é muito vívida a respeito do bosque que existia perto de casa, daí o nome que este bairro recebeu. Eu gostava mesmo era do canto dos passarinhos e do ingá-cipó. Mas nosso quintal era enorme, o que propiciava bastante movimentação para nós, pois era o que toda criança deveria ter: muito espaço para brincar. Mas nossa mãe era muito severa quanto às amizades. Lembro que atrás do nosso terreno tinha uma família que tinha como chefe um cara chamado Saburá. Do lado esquerdo morava a minha falecida tia Maria. Mas não recordo o vizinho da direita. Ali próximo morava um senhor conhecido como Seu Jaime (Jaime Pereira), cuja esposa dava banho nos filhos e os escovava com escovinha de roupa e os moleques davam gritos estridentes. Ali perto também morava um casal de velinhos, tão pobrezinhos que não tinham senão uma colher e um prato. Minha mãe ficou tão sensibilizada que doou um prato e uma colher ao casal de idosos e nunca mais o homem teve que esperar a mulher terminar de comer para ter a sua vez.

Ronaldo de Deus

Pai, filhas morreram: Scott, Stephanie e Lindsey

O POLIGLOTA:    a) Na minha terra: Aprender inglês foi algo originado da curiosidade e do sonho de um dia trabalhar na antiga empresa AMACOL, como tradutor. Incrível, realizei o sonho como intérprete do americano Scott Jackson, já falecido em acidente de avião na Ásia. Quero aproveitar essa página deste livro para expressar meus profundos sentimentos à ex-esposa de Scott, Felice Dubois, tanto pela perda de seu marido, como pelas meninas Stephanie e Lindsey, mesmo não tendo conhecido esta última. Mesmo estando na companhia de pessoas fantásticas e profissionais brilhantes, não fui aceito pelos "donos da Amacol", tal como o sub-gerente Renzo di Francesco Colombo. Este cidadão, já falecido, disse abertamente, em frente ao escritório da fábrica, que a empresa não precisava de um intérprete, uma vez que ele já estava lá e sabia inglês.Essa mesma linha de pensamento era compartilhada por outros diretores da empresa,porém me reservo no direito de não citar os nome, inclusive de alguns já falecidos .Aliás, a minha entrada não se deu pelas portas da frente, apesar de eu tentar me candidatar a uma vaga na companhia, coisa que de fato só veio ocorrer através da amizade desenvolvida com a americana Kate. Um dia americana disse que a esposa de Scott precisava de um professor de português e, como sabia do meu nível de inglês, achou que isso ajudaria muito e, em contrapartida, Felice praticaria inglês, no sentido de desenferrujar a língua. Logo conheci Jackson, o qual, ao averso da esposa Felice, não pretendia aprender português. Foi então que Felice me convidou a ajudar seu marido no sentido de traduzir as muitas conversas mantidas no escritório e na fábrica, posto que a maioria dos empregados não tinha o menor conhecimento de inglês, muitos dos quais tinham pra lá de trinta anos de empresa. No dia em que fui encaminhado para a contratação houve uma intensa agitação, um crescente ciúme.  b) Breves: Bem, essa habilidade com idiomas me proporcionou muitas alegrias e prazeres assim como um outro emprego marcante na minha vida profissional, como ter trabalhado para o Severino, dono da empresa MADENORTE, porque naquela época (anos 80), a firma precisou dos serviços de um especialista em compensado trazido das Filipinas,e o cara não falava português, lembro muito bem do seu nome: Manoel Daguitera. Severino tinha um traço marcante que sempre contei para aqueles que não tiveram o prazer de conhecê-lo: a humildade. Ao chegar em Breves eu não tinha onde morar e o Sr. Severino mandou que fosse providenciado um alojamento para que eu pudesse ficar, e inicialmente, me alojei em uma casa pertencente ao ex-prefeito Frazão, próxima à Câmara Municipal. c) Amapá: Mas o inglês me colocou em outros momentos de boas lembranças, pois, por exemplo, meu último emprego antes de retornar a Portel em 2003 foi como operador de rádio bilíngüe na empresa de praticagem Unipilot, cargo que exige um inglês técnico e domínio da língua inglesa, caso contrário pode causar sérios danos às navegações de rota internacional. Isso ocorreu logo depois que tive que, forçosamente, largar meu emprego como professor de inglês, quando o Waldez assumiu o Estado do Amapá, reduzindo o rendimento dos educadores temporários. Disse ao pessoal da escola Augusto Antunes que estaria largando esse emprego e que no dia seguinte já estaria empregado em outro lugar. Coincidentemente, como costumo assistir aos jornais matutinos, vi uma propaganda do CINE convocando um ca ndidato a operador de rádio com fluência na língua inglesa. Não contei conversa e fui pra Macapá, já que morava em Santana. Lá chegando, fui atendido por um senhor chamado Carlos, que era um dos quatro operadores existentes no momento, e fui entrevistado em inglês mesmo e ganhei a vaga. Foi nessa empresa de praticagem, a UNIPILOT, que constatei pessoalmente uma violação de direitos chamada assédio moral.

O erro induzido do prefeito Pedro Barbosa: A caneta é mais poderosa do que a espada

De volta a Portel: ,Quando o Waldez Goes assumiu o governo do Amapá, muitas famílias sabandonaram aquela terra porque sabiam que algo mudaria para pior, inclusive eu alertei diversos amigos meus que se aventuraram em apoiá-lo, tendo alguns até absorvido cargo de confiança. Senti que era hora de voltar ao meu lar. Decidi então pedir apoio ao prefeito de Portel, Pedro Barbosa, no sentido de que este me conseguisse uma vaga na prefeitura. Antes   de eu sair de Portel, eu tinha apoiado o Jorge Barbosa assim como a seu irmão, e isso me dava uma certa liberdade em contar com eles no poder. Retornei e tive grande apoio do Cupu, o presidente do meu partido, o PSB, e consegui, assim, uma vaga dentro da SEDE, a Secretaria de Desenvolvimento. Saí dessa secretaria alguns meses depois, tendo as despesas custeadas pelo meu amigo Pedro Barbosa, fato que ocorreu até a vinda do concurso público. Concorri à vaga de agente administrativo, pois não tinha muita certeza se queria voltar às salas de aula. Fui aprovado entre os dez (segundo lugar) e fui encaminhado para a secretaria de obras. Estranhamente o senhor Eudinor Rodrigues, conhecido como Careca, fez a minha devolução, ao que fui aproveitado pela secretaria da Primeira Dama,  Lindalva Barbosa. Foi um momento muito bom nessa carreira profissional, pois além de trabalhar com a Lindalva, uma mulher muito organizada e exigente, tive a chance de conhecer vários profissionais excelentes, entre eles o Rodrigo Parauara, um cearense formado em Sociologia, cara muito competente.     De volta à sala de aula:  Módulo:  Na verdade eu nunca quis ir trabalhar no Módulo da zona rural, pois considerava uma afronta aos concursados do interior que não podiam ser removidos para a cidade nem tampouco os da cidade para o interrio, conforme estabelecido em edital. Porém aceitei os argumentos do professor Ângelo que me convenceu de que a situação era pra satisfazer carência de professor de inglês na cidade, principalmente na zona rural. Aos olhos técnicos do então diretor de ensino tudo parecia dentro do comumente aceito no setor da educação, mas isso veio como um acinte aos meus inimigos de plantão. Logo depois da minha adesão ao novo local de trabalho, um amigo do Bob Terra, então ocupante do cargo de responsável pelo RH da SEMED, teve a audácia de fazer uma "denúncia"  direta e na minha frente ao Orzírio e ao Paulo Oliveira, dizendo que eu não poderia porque eu era concursado para a zona urbana. Caí eu e também o próprio cara do RH, eu devido à repercussão do fato, promovido pelos amios da vereança e ele por estar lotado como pedagdogo quando na verdade sua formação era como administrador, fato esse somente descoberto porque eu exercia no momento a função de conselheiro do FUNDEB. O que eu verifiquei nesse momento em que trabalhei no Módulo se faria repetir nos anos seguintes: havia uma grande quantidade de professores contratados sem experiência nem formação nas diversas áreas como geografia, matemática, história e também o inglês. Uma senhora que foi cassada do cargo de vereadora teve a audácia de se deslocar até o Maripajó somente para me perseguir, tramando situações contra a minha pessoa, usando as pessoas para serem testemunhas de irregularidades em troca de cargo de servente para parentes daqueles que ousassem me denunciar. Nesse momento aquela figura patética disse que eu bebia na comunidade. Não neguei o fato de beber nas horas de folga e fins de semana, com pessoas adultas e responsáveis e nunca no horário de serviço, não havendo nunca deixado a bebida interferir nos meus trabalho (tenho registrado em áudio toda a reunião). Os próprios comunitários foram unânimes em me defenderem e exigirem da diretora do pólo a apresentação do nome da pessoa que supostamente me denunciou, tendo um pai de aluno dito que, ao esconder o nome do denunciante, causava uma impressão negativa em relação aos moradores da localidade.Sugeri então que, em casos de denúncias, a SEMED, como órgão público, deveria acatar denúncias somente sob forma escrita, tendo o denunciante passado por uma identificação completa para que se evite situações caluniosas e injuriosas. Saí do pólo da vereadora cassada e fui para o Camarapi, onde conheci a senhora Eulália, uma pessoa cuja família inteira se tornou minha amiga e passamos dias praserosos juntos, tanto na escola como na casa de cada um deles. Eulália é divertida e me fez rir muito com suas piadas e seu bom humor. Conheci o Chicozinho, o qual é casado com a filha da Eulália, a Ângela Telma, realmente um casal excepcional, que me acolheu de forma extraordinária. Estive na casa do Cametá, cuja família, e ele próprio, me tratou muito bem, assim como o João Grande, irmão do Chicozinho.  

Enfim, consegui

Alcides Monteiro: Encontrei nessa escola, logo depois que saí do módulo, uma turma de 2ª série totalmente vítima da prática perniciosa de se livrar de alunos ditos problemáticos, com um perfil "intratável", daí a seleção criminosa, caso de Ministério Público e de Conselho Tutelar, coisa não conduzida como séria pelo fato de os pais serem ausentes e, por conta disso, (em parte) muitas vezes até desinformados. Ao me apresentar, de memorando em mãos, fui informado de que já haviam passado por ali um total de cinco professores que abandonaram a turma porque não "aguentaram" a pressão. Durante os primeiros dias da semana em que assumi, pela feitura do diagnóstico social, descobri que eu tinha naquela turma um aluno que sofreu um tiro aos dez anos de idade; um outro que cheirava cola, cujos pais não sabiam ler e estavam desempregados; sem falar naqueles provenientes de lares destruídos pela separação dos casais, meninos e meninas traumatizados e sem tratamento ou verificação pedagógica. Ao constatar a situação, dei início a conversas informais sobre a constatação e, em vez de receber apoio, passei a sofrer ataques diversos,  Claro que, com servidor, a gente tem suas falhas, mas às vezes dá nojo em ver certos comportamentos, como o que me aconteceu um certo dia do mês de outubro de 2011. Requisitei uma televisão para uso em sala de aula para apresentar um filme relacionado ao valor da solidaeriedade no esporte e, para minha surpresa, a moça do atendimento ficou indignadoa, dizendo que eu deveria ter feito o pedido com antecedência mínima de uma semana.  Não entendi o mau humor, só vindo cair a ficha alguns momentos depois. A tevê era usada para assisitir novela (rs). *vou continuar contando sobre o Alcides em outras publicações). Num segundo momento, depois de ser atirado as creches, retornei a esta unidade de ensino em 2010. Fiquei indignado com a direção e coordenação do Alcides quando tentei montar um grupo de dança junino naquele ano. Uma coordenadora me disse que, no sentido de criar uma quadrilha junina, eu teria que elaborar um projeto, como se uma atividade dessa natureza não fosse uma tradição e não constasse do plano de ação da escola. Ameacei levar o caso ao Ministério Público e, forçosamente, criei o grupo de danças Explosão do Amor do Alcides. Vicente Monteiro:  Fui encaminhado ao Vicente Monteiro quando eu fazia parte do Conselho do Fundeb e isso rendeu comentários de que eu apenas fui contemplado com essa carga horária como uma forma de me calar e comprar, ao que pensei tratar de apenas comentários maldosos e sem fundamentos. Não sei até que ponto tinham razão. Mas, coincidentemente, perdi as cargas horárias logo depois que saí do tal conselho. Outros afirmaram que saí porque participei ativamente do processo de eleição da diretoria do Sindicato Rural. O ápice dos vários desdobramentos das estratégias que condiziram Gracionice Costa da Silva ao cargo de presidente do STTR/Portel foi quando o assessor do vereador Jorge Barbosa tentou me dar um soco na frente de dezenas de ribeirinhos associados ao sindicato. A revolta foi grande. Nesse momento o impetuoso secretário se excedeu quando foi veiculado que ele teria levado a agenda da então cabeça à chapa contrária ao presidente Teofro. Nesse momento vimos  Pedro Barbosa se aproximar pelo centro da área da vivência, fazendo com que todos os mecânicos saíssem em sua direção. Nesse ínterim, Clodoaldo, o assessor de Jorge Washington Muanarino Barbosa chega de moto e um funcionário da oficina entra com ele no prédio e, minutos depois, o tal secretário sai de moto. Houve um comentário geral por parte das dezenas de sócios da entidade. "Eu vi quando ele passou com a agenda vermelha", disse uma testemunha. "Eu também vi", disse uma outra. Logicamente, a personagem cautelosa se cerca de boas providências para que suas ações sorrateiras não desagradem a opinião pública, desta feita a razão para que minha perda de carga horária se basearia em faltas. Ora, os atestados não foram comprados. Eu não tinha dinheiro nem pra custear minha faculdade, muito menos para pagar um médico com salário de vinte três mil reais. E, sem pesar as conseqüências, o Pedro Barbosa assina um ofício encaminhando à secretária Rosângela Fialho uma determinação para que reduza a carga horária de pessoas que apresentem faltas ou atestados médicos em excesso.   Creche ABC: Quando a minha lotação saiu, em 2008, alguns técnicos da SEMED estavam presentes na quadra da Escola Lourdes Brasil e fizeram um estardalhaço, uma risada estrondosa ao ouvirem meu nome sair como professor lotado em uma creche. Essa visão estreita da realidade só deixa evidente como profissionais assim tratam a educação infantil, sobretudo no abandono de milhares de crianças da zona rural, que não são atendidas nas escolas e deveriam, já que as mães dessas criancinhas trabalham de sol a sol. Rssalto que essa primeira fase deveria ser tratada com respeito, pois é ali que são alimentadas as pequenas sementes do saber. Mas, apesar disso, segui em frente e desempenhei minha missão em acompanhar o desenvolvimento de crianças orinudas do bairro mais pobre da cidade até então: a Cidade Nova. A creche fica bem distante da minha casa e, por diversas vezes cheguei atrasado ou faltei devido a pane na minha moto. Moranguinho: uma escola que recebeu o nome de Moranguinho e, ao chegar lá, em uma reunião pedagógica, sugeri que fosse mudado para ou professora Ana Margarida ou Teresinha Almeida, dois exemplos de mulheres de verdade e profissionais de alto valor. Ora, morango nem faz parte da cultura portelense, talvez manguinha ou outra fruta, mas moranguinho... escola  Amigável: Sou muito tímido, e essa característica já me atrapalhou muito, seja afastando possível amor no passado, seja no trabalho; às vezes até levou pessoas a me interpretarem mal, dizendo que sou soberbo, arrogante, coisa que, para quem me conhece mesmo, não sou nada disso, sou é mesmo do grupo dos vergonhosos; queria ser um pouquinho desavergonhado e, quem sabe, até mesmo um pouco sem vergonha (rs);

Paciente: Essa característica me rendeu a minha primeira profissão. Foi assim: eu desenhava muito bem desde a infância, essas coisas de berço, e logo meus colegas de aula começaram a perceber isso, encheram-me de trabalhos escolares, fiz tanto cartaz que achei que meu tempo tava ficando curto e passe a cobrar dos amigos. Daí foi um passo para se tornar popular no meio das pinturas e hoje o endereço que foi tanto procurado é ocupado pelo meu irmão Waldo Pintor. Essa qualidade me acompanha até os dias de hoje quando tenho paciência de estudar HTML, Java, CSS, rede de computadores, administrar seis blogs, participar de reuniões de associações e sindicatos, fazer curso de Pedagogia, fazer licenciatura em Letras, etc.

Wesley

Pai: Sou pai de três meninas, diga-se de passagem, lindas. Uma mora no estado do Amapá, cujo nome é Jennifer; a outra mora em Belém e atende pelo nome de Raiane; e, curiosamente, tenho outra filha que também se chama Rayane, mora em Portel; já o sonho, como da maioria dos pais, é ter um filho do sexo masculino, realizei com o nascimento do pequeno Wesley, de apenas 1 ano e 8 meses. professor: Comecei essa coisa de lecionar ainda na adolescência, dando aulas particulares de reforço para filhos de amigos dos meus pais. Depois, prestei serviço à prefeitura em regime de pró-labore. Após ser perseguido politicamente nos anos 90, fui forçado a me exilar no estado do Amapá, onde trabalhei desde pintor a professor de creche até professor de inglês no FISK/Santana, naquela época ainda pertencente ao Marcelo do Positivo, diga-se de passagem, foi lá que encontrei o Sam, futuro colega de praticagem na Unipilot. Trabalhei ainda na escola privada CEI-CEDAP, do Nazareno, onde hoje também funciona a faculdade IMMES. Nesse meio período prestei serviço à FUNDAP - Fundação de Apoio e Pesquisa da UNIFAP, num convênio entre esta e o Governo do Amapá, tendo trabalhado na Escola São João, Walcy e, finalmente, na maior escola da cidade, a Augusto Antunes.

Político: Essa é frustante. Conto depois. Bem, continuando, asseguro a vocês que certas pessoas da política local eram bem diferentes antes de assumirem cargos. Mas o que me impressiona não é saber que um político que nunca sentou num banco de escola, não sabe nada a respeito da evolução da liberdade, da democracia, esse, coitado, não deve ser culpado por suas ações de perseguição, tirania, etc. Já o culto, que militou nos movimentos de esquerda, que estudou a história da humanidade, esse, infelizmente, cabe muito bem dentro  daquela máxima popular que diz que "se quer conhecer o homem, dê poder a ele".   GOVERNO DE NANCY GUEDES: (EM CONSTRUÇÃO) Nancy Guedes, uma mulher branca espontânea e carismática, esposa do falecido EDSON GUEDES, advogado filho de Portel que foi assassinado pelo próprio tio, Jaime Pereira, quando fazia campanha ao cargo de prefeito da cidade. Naquele momento da morte do então candidato, atribuída ao Elquias e Nicias Ribeiro, fato amplamente conhecido da população pelos panfletos e placas espalhadas nas casas dos moradores portelenses. Claro que a população caiu de amor pela viúva e houve maciça votação, tendo sido eleita em 92 a primeira prefeita feminina da história, em mais de 200 anos de sua fundação. Naquele momento eu apoiava o meu amigo JOSÉ DINIZ, filho do ex-prefeito  Felizardo Diniz, que, com o apoio de ribeirinhos, chega ao cargo como o vereador mais jovem e mais votado daquele pleito do início dos anos 90. Entrei por acaso na campanha do Zé Diniz, como é conhecido. Digo isso porque o Zé me chamou pra pintar algumas camisas e, de repente, eu estava envolvido na campanha, ganhando a posição de coordenador da campanha vitoriosa. Logicamente, humilde como ele sempre foi desde que estudamos nossos primeiros anos escolares no Abel Figueiredo, ao chegar ao poder concedeu uma vaga como assessor na Câmara Municipal. GOVERNO DE ELQUIAS MONTEIRO: (EM CONSTRUÇÃO) O governo de Elquias Monteiro da Silva foi, sem dúvida, constituído de altos e baixos, sem querer abusar dos trocadilhos. Digo isso amparado no fato de que andou sempre a favor da maré, sobretudo no começo, nos anos 80, quando teve Jader Barbalho no Governo do Estado como forte aliado.  bem sabido de todos das dificuldades de municípios pequenos do porte de Portel, com uma receita acanhada, geralmente conta com o IPTU, daí ficando totalmente dependente de verbas estaduais e federais. Foi um governo de obras, ou seja, construção de escolas, praças, qo quadras de esporte, ginásios, isto é, coisas visíveis aos olhos do eleitor. Já nos segundos e terceiros mandatos, no fim dos anos 90, Elquias, apesar de todas as críticas que o seu governo tendia para o lado populista, tendo como o símbolo a construção de prédios, não age no setor social, o qual ficaria evidente e grave nos anos subsequentes. Exatamente nesse ponto é que eu e dezenas de outros colegas criticamos Elquias e fomos duramente castigados, inclusive com a perda de empregos estáveis, não deixando outra opção senão a de adentrar com processo contra sua adminstração por ferir preceitos constitucionais. Eu já era marcado por ter conduzido duas campanhas vitoriosas do Zé Diniz; a Edina Maués, nesse tempo foi secretária de educação do governo de Nancy Guedes; a Eliana Pires foi secretária desse mesmo governo; o Cupu (Antônio Vaz) foi tanto gente do Renato como da Nancy e assim como muitos outros fomos perseguidos sobretudo porque Elquias tinha como apoiadores uma leva de gente sem estudo, com uma visão de mundo muito estreita, sendo assim incapazes de perceber que um mundo dos portelenses estava ruindo. Viria o fechamento de uma empresa que foi o sustentáculo econômico de muitas famílias durante décadas, que foi a AMACOL. Embora todos nós soubéssemos que o Elquias Monteiro não possuía nível de escolaridade exigido para o cargo, o eleitorado o via pelo lado da ética e dos bons costumes, pois, segundo a opinião pública do momento, esse cidadão se mostrava de uma boa família, casado e, principalmente, religioso, um exemplo de moralidade diante da política carcomida praticada em Portel. Diante dessa visão, nós estudantes daquele período enfadonho, sentíamo-nos na obrigação de alertar aos nossos cidadãos sobre a possibilidade de contarmos com uma pessoa mais preparada para os desafios de administrar um município tão carente e à beira do abismo econômico e, consequentemente, social. Só o fato de estarmos com bandeira contrária já inspirava a vingança de muitos dos apoiadores de Elquias, muitos dos quais, ao nos encontrarmos nas ruas, externavam em palavras de xingamento e até provocações, coisa que procedeu inclusive de um dos genros do então prefeito. Nessa ocasião, só para se ter uma idéia dos achincalhes cometidos pelos apanhiguados do Elquias, havia um grande evento promovido pelo grupo de Pedro Barbosa no Salão Paroquial e eu fazia cobertura do evento com minha velha e boa câmera fotográfica Pentax e, por azar do destino, um filme emperrou  e, nessa situação, fui até a lanchonete da Nazaré, no canto da Hugo com a Magalhães. Ao pedir uma pequena faca para fazer o serviço, aproxima-se um dos genros chamado Xavier e, ao seu lado, o advogado do partido, o Roubério. Xavier disse: “Deixa o Elquias sentar na cadeira e tu vai ver o que vai acontecer”. Larguei a máquina e faca em cima do balcão e me dirigi aos dois dizendo: “Por que não mostra logo o que vocês vão fazer comigo agora”. Os dois saíram correndo em direção ao bar do Pereira. Esse episódio serve pra ilustrar o que viria em forma de perseguição política, uma retaliação àqueles que pensam diferente e põem em debate suas opiniões. Ao assumir, o então ditador, provocado por seus muitos apoiadores pré-históricos, promove um ataque aos setores mais vulneráveis da vida humana: a parte financeira. Ao tentar conseguir uma vaga na antiga empresa ABC, fui advertido pelo gerente da empresa de que alguém do governo deu um telefonema para avisar que estaria na área da empresa uma pessoa que era non-grata ao governo de Portel. Dessa forma, o administrador da firma não teve outra opção senão a de me recusar a vaga, embora tivesse necessidade de alguém com experiência na língua inglesa e em setor de pessoal, coisa que adquiri na empresa AMACOL ao lado do Maxico e outros bons trabalhadores dos bons tempos da empresa americana. GOVERNO DE PEDRO BARBOSA: (EM CONSTRUÇÃO)Estive presente em vários momentos desse governo e detectei algumas características marcantes, tais como a excessiva contratação de temporários seguida de ajuste de conduta pelo Ministério Público para a realização de concursos públicos, e a exagerada proteção a esses contratados. Também marcou seu governo a não construção de prédios, enfatizando sobremaneira o aluguel de propriedades particulares para a concreção de aulas, apesar da  verba garantida pelo FUNDEB, o fundo milionário dos municípios brasileiros.

O trabalho de professor nunca foi uma tarefa fácil. Inclui estudo durante longos anos e, após a conclusão do curso, a jornada continua em infindáveis cursos de capacitação, ladeada de gastos diversos, aí incluídos os livros, apostilas, internet (é, isso mesmo, o professor moderno utiliza-se dessa ferramenta também). Claro que tem que cumprir seus horários, faça chuva ou faça sol, sempre pressionado pelos muitos prazos. E ainda tem que dar conta de sua família, pois não é imaginável apenas cuidar do filho alheio, senão a coisa despenca. Evidente que ultimamente as famílias vivem de sobressalto, levando muitos pais a entregarem seus filhos aos cuidados da escola e nem sequer se dão ao luxo de conhecer os professores, ou seja, só aparecer, isso se aparecerem, para resolver algum problema.

Ponte da Queimada, feita por mim, esposa e amigos

Entretanto, é óbvio que tudo se torna mais difícil quando o trabalho do professor é realizado no meio do mato, como na floresta Amazônica, onde o transporte é feito através de barco. Aí a coisa fica séria. Muitas vezes a situação se agrava pelo fato do professor ser destacado para prestar esse difícil trabalho em lugares inóspitos, cheios de mosquitos da dengue e malária, rios infestados de piranhas, jacarés e cobras, às vezes potencialmente venenosas. Nossa, pela descrição, esse professor está me parecendo a personagem Indiana Jones. Depois de passar por toda uma série de dificuldades ainda tem que passar por uma avaliação mal conduzida por uma equipe de técnicos que muitas das vezes nem dispõem de um setor de estatísticas, levando-nos a concluir que tudo não passou de um achismo, de um pré-julgamento, uma condenação sem chances de defesa. Geralmente tais pressupostos são tomados por pessoas que desconhecem a realidade do campo. Lembro-me da última Conferência Municipal de Educação conduzida pela SEMED na quadra do Nicias Ribeiro, onde um professor atacou a minha idéia de criar um grupo para debater essa modalidade. Segundo o professor, não existe diferença entre a educação do campo e a urbana. Infelizmente existem mentes assim. Insano este. Doido varrido.

Essa história que passo a contar começa no dia em que conheci minha esposa, a Odinéia. Ela já exercia a função de educadora há pelo menos dez anos, sempre na zona rural, em uma escola, como é comum no interior de Portel, localizada em propriedade de sua mãe, local sem energia elétrica, nem água encanada, muito menos telefone. Ou seja, parece coisa do século XIX, onde as pessoas são desassistidas de seus direitos básicos, como o da comunicação. E ainda tinha que encarar os desmandos dos governos autoritários que se utilizavam do antiquado contrato, ou seja, não realizaram concursos públicos durante todos esses anos que ela trabalhou noite e dia em prol das famílias dos ribeirinhos. No fim do ano, quando o contrato expirava, sentia-se desamparada, aquela incerteza se estaria ou não empregada no ano seguinte. Houve inclusive uma vez que um determinado prefeito (Elquias, não podemos deixar de falar) não a contratou. O resultado foi imediato: os ribeirinhos recusaram o professor. Esse foi um ponto positivo, pois demonstra que se deve levar em consideração a comunidade na hora de se mexer com um professor que desenvolve um bom trabalho. Depois de seis meses o prefeito resolveu devolver a professora para o seu devido lugar. E olha que esse prefeito era tido como um autoritário, um verdadeiro Hitler, um jeguinho. Independentemente da imagem que este ostentava, agiu sob a luz do equilíbrio, denotando que talvez tenha sido mais uma vítima do achismo, aquela opinião que se levanta acerca de algo ou alguém sem considerar outros fatores, ou seja, julgamento imaturo.

Quando ela resolveu pedir transferência da localidade onde deu aulas por vários anos, passou a morar comigo, na cidade, e precisava de uma escola mais próxima. Foi aí que ela conseguiu lotação na escola Ezídio Maciel, a aproximadamente 12 quilômetros da sede do município. De início o transporte era feito através do rio, principalmente no barco de sua mãe. No entanto, sabendo que havia um estreito caminho que ligava Portel à localidade Boa Vista, passou a fazer limpeza, transformando o caminho em uma verdadeira estrada. A consequência dessa atitude, que inicialmente tinha o propósito de servir unicamente aos professores, viria se tornar uma opção a mais para os moradores da região, que hoje a utilizam para o transporte de seus produtos.

Mas, para isso, foi necessário recorrer ao setor privado, uma vez que não tivemos sucesso ao buscar apoio da prefeitura. E, para mostrar a seriedade da nossa intenção foi necessário elaborar um projeto com o objetivo de limpar, ampliar a largura e construir uma série de pontes, porque durante toda a viagem existem pequenos córregos e igarapés, sem considerar o fato de a maior parte do trajeto ser constituída de areia. Nas primeiras viagens feitas de moto, atravessamos um desses igarapés, na área da localidade conhecida como Campinas, onde vive o lendário Pedrão, e a minha Honda 125 atravessou como se fosse um submarino, sendo totalmente encoberta pela água fria e corrente. A máquina afogou durante o trajeto, funcionando após muito esforço. Nesse momento pensei que isso era uma loucura, colocar um equipamento tão caro para funcionar como se fosse um veículo aquático. Como era de se esperar, tive um prejuízo enorme com peças e mão-de-obra.

No sentido de se fazer uma boa viagem pelo mato, tem que se verificar o nível do óleo, calibramento de pneus, kit de transmissão e, nesse último, o cuidado aumenta, o que me força a levar nos bolsos da calça um alicate e chave de boca de 20 mm. Ocorre que no trecho Portel-Boa Vista há muita lama, areia e água, levando a corrente a esticar. Em duas ocasiões distintas a trava da corrente soltou. Na primeira vez eu havia passado a antiga ponte da Prainha, um pequeno córrego que inunda nesse período de chuva de inverno. Como a ponte já não oferecia muita utilidade e o igarapé estava seco, fiz uma descida brusca e, ao subir, percebi que não tinha tração. Odinéia olhou pra trás e viu a corrente caída no chão, quase engolida pela areia. Esse é outro desafio: quando não chove a areia fica solta, causando entrada de areia no motor da moto o que, por consequência, acaba com os anéis de segmento. O resultado não é outro: uma fumaça branca que significa obviamente queima de óleo, o que é um sério dano, pois pode trancar a máquina. Os pneus são elementos a serem seriamente considerado. Os meus eram lisos, típicos de asfalto. Tive que trocá-los por pneus tacudos, para ganharem tração na areia e assim evitar a patinação e possível queda.

Ronaldo e Wesley no local que a corrente arrebentou

Na segunda vez que a corrente arrebentou, tínhamos saído da área da comunidade da Prainha, a poucos metros da porteira da fazenda Bom Jesus, de propriedade da família Rebelo. Nesse dia não havia aulas (hoje as crianças de Portel estudam até nãos sábados, um dia vão estudar aos domingos e feriados!) e era sábado, mas minha esposa iria participar de uma reunião na Boa Vista – a comunidade onde se localiza a escola Ezídio Maciel - e eu faria uma limpeza da estrada junto com os amigos da comunidade Pinheiro. Decidimos então voltar até a Prainha, onde o Cotó, morador da vila, consertou a corrente. Por sorte, ele disse que já tinha feito isso antes na moto do Antônio, ex-gerente da fazenda. Foi cansativo empurrar a moto por cerca de mil metros, tanto pra mim quanto para a Odinéia, a qual carregava uma caixa cheia de cachaça. Certo momento da viagem ela ficou tão irritada com o atraso, que ameaçou deixar a caixa pelo caminho. Ao chegarmos

a casa do Cotó, um grupo de jovens que percorria a mata montados de bicicletas contou que encontraram algo que nos pertencia. Acho que estávamos tão cansados que nem percebemos cair do guidão da moto uma sacola contendo feijão e charque, justamente a comida dos “nossos trabalhadores”, como costuma chamar Odinéia. Não pagamos ninguém para fazer a limpeza da estrada, já que eles entendem que a mesma não serve somente para nós professores, mas também porque nós utilizamos do sistema de mutirão. Tudo que eles exigem é uma caixa de cachaça, pura. Lógico que eles despreendem um certo esforço porque saem de suas casas de bicicleta e se deslocam até a região mais tomada pelo mato e cortam tudo com afiados terçados, às vezes sob escaldante, entre onze horas até as quinze horas. Realmente extenuante. Pensando nisso, decidimos comprar também comida para que ninguém passe mal. Foi algo muito legal porque sentimos que as pessoas agiram com honestidade ao devolver um produto perdido. Outra coisa legal mesmo foi quando, ao tentarmos pagar o trabalho do Cotó, este disse que não custava nada, o que ele queria mesmo era que a gente chegasse ao nosso destino.

Na primeira vez que limpamos a estrada contamos com a ajuda de vários comerciantes da cidade. Odinéia propôs aos demais professores da Escola Ezídio Maciel um projeto e, como todo projeto, tem um custo. Partimos então em busca desse apoio financeiro. Foi gratificante, pois todos ajudaram. Lembro-me que um único comerciante que não contribuiu, mas com um motivo justo e todos nós o compreendemos. Ele estava fazendo gastos semanais na ordem de 2 mil reais na construção de uma casa. No entanto, houve outros que deram pouco, como 5 reais ou um quilo de prego, bem longe de valores como cem reais. Nessa abordagem, ouvimos um senhor não do empresário Josinaldo Pantoja. Minha esposa confessou pra mim que deu vontade de pegar o projeto das mãos do empresário e se retirar do estabelecimento. Disse:

- Não! Não vou ajudar! - Parecia muito irritado com a nossa proposta.

- Não vou ajudar porque isso é tarefa da prefeitura, tem dinheiro pra isso. -, explicou dando um murro na escrivaninha - vocês são professores, o papel de vocês é ensinar, disse num tom de revolta.

Ele iria ajudar, eu sabia, aquele homem sisudo tem um grande coração. E inclusive tinha certeza que o povo é mesmo mal tratado pelos mais diversos prefeitos que já passaram por este município. E eu atuava nessa missão como argumentador. Odinéia apresentava o projeto e Evandro apoiava, papel desempenhado por ele em nome de dezenas de outros profissionais. Nesse caso expliquei ao empresário que sempre passei de barco ou navio em frente das comunidades Prainha, Queimada, Cumaru, Pinheiro e desejei sinceramente morar num lugar desses. Vislumbrava aquelas lindas praias, sombras, casinhas brancas e achei tudo isso muito prazeroso, vida tranquila, muito vento. Porém, no dia em que fiz a minha primeira incursão no meio da floresta vi a dificuldade: pontes quebradas, muita areia, água encobrindo a metade da moto, árvores caídas no meio da estrada e até pontes feitas com tronqueiras de açaí. Crianças chegam às escolas molhadas porque caem dessas “pontes” e atravessam córregos a pé. Depois de ouvir tudo isso, Pantoja perguntou onde poderia ajudar. E ajudou dizendo que faria isso por nós professores, que fazem tanto esforço e que esse é um trabalho para o governo.

Outro cidadão que nos repreendeu foi o madeireiro Bethovem, da Bethovem Madeiras. Falou naquele tom alto e forte que é bem familiar a todos que o conhecem, que “isso é uma vergonha”, e que também “o povo daquelas comunidades não é respeitado pelas autoridades, só querem o voto deles”. Esculhambou com nós, porém ajudou com um cheque no valor de 200 reais para pagar um motoqueiro cortar uma árvore caída e doada por um morador da vila Cumaru. Justo pagar o cara, Zé Carlos, porque ele usou a própria motosserra e esse material não é barato, muito menos sua manutenção.

Outro sujeito que ficou surpreso com a nossa atitude foi o gerente da fazenda Bom Jesus. Certo dia ele cavalgava em seu cavalo e deu de cara com a professora Odinéia, no meio do mato, de terçado em mãos, capinando. Disse que já andou por todo o Brasil, mas nunca tinha visto algo parecido. Indagou se não existia algum projeto do governo no sentido de fazer uma estrada para aquelas mais de 240 famílias (mais de 2700 moradores). Explicamos que muitos cidadãos portelenses nasceram, cresceram e morreram ouvindo essa história de estrada e que ninguém mais acredita em político algum dessa região quando o assunto for estrada.

Apesar do trabalho realizado com muito sacrifício tanto da nossa parte como da parte dos comunitários, houve crítica oriunda de políticos, tachando nossa obra de construção de pontes um serviço mal planejado. Esquece a tal figura que ela esteve no poder com força de vereador e nunca conseguiu um feito de tamanha grandeza como o nosso, realizado e parceria com pessoas humildes, carentes de benefícios como o transporte. Interessante também a mesma figura que nos criticou continua no poder e é incapaz de tomar uma atitude de liderança para tornar realidade muitas realizações em prol dos ribeirinhos.

Essa gente mora tão perto de nós, cidadãos urbanos, no entanto vivem sem eletricidade, sem saúde, com educação de péssima qualidade. Nesse tocante vemos a secretaria de educação enviar professores contratados que não receberam a devida preparação para dar aulas, num retrocesso que lembra os anos 70, quando pessoas que mal sabiam ler e escrever se tornavam educadores, um fato lamentável que dizimou e queimou as etapas de muitos estudantes.

segunda-feira, dia 09/05. Fui até o posto de gasolina da Shell por volta de 06:00 h. Poderia ter abastecido a moto no domingo e assim ganhar tempo na viagem. Tentei. Entretanto, fui ao posto depois das 19:00h e, coincidentemente, houve uma concessão de saída mais cedo devido ao dia das mães, e frentista também tem mãe.

Na parte do igarapé Muim-Muim senti aquele arrepio ao ver o tamanho da água. Não teve outro jeito: desliguei a máquina, tapei a descarga com o fundo de uma garrafa peti e atravessei o aguaceiro. Quase cobre a moto.

Cerca de 30 metros adiante tem mais água, porém não chega a cobrir o motor da “Guerreira”, apelido dado à minha Honda pelos motoqueiros estradeiros. Depois desses 15 metros de alagadeiro é só areia, sendo que, nesse período de chuva, se encontra bem compacto, o que permite uma corrida sem risco de derrapagem. Aproximadamente uns 100 metros a festa acaba e aí vem mais água. Novamente recorro ao fundo de garrafa de refrigerante que, diga-se de passagem, foi idéia da Odinéia. A areia tenta engolir as rodas, tendo como comparsa a água, a qual impede um movimento rápido. Tem que fazer força. Sozinho, pois minha companheira está sempre muito ocupada, carregada de mantimentos, materiais didáticos.

Vencido esse trecho alagadiço, cuja água provém principalmente da constante chuva, característica desse tempo de inverno, percorremos um longo e estreito caminho, ladeado por mato, plantação de milho, mandiocas e, às vezes, cães. As casas são raras, bem humildes. Creio que são uns 200 metros de puro chão, havendo uma descida que dá vazão a areia, sinal de que vem mais água pelo caminho. FACULDADES - Professor não pára de estudar, todo mundo sabe disso. Nessa aventurad pelos caminhos da educação, acabei entrando na maior enrascada de toda a minha vida, quando o assunto é prosseguir nos estudos. Vou contar depois, por hoje (17 de julho de 2011) chega. 

DEZEMBRO DE 2011 - FIM DE ANO

O que era para ser só uma festa linda com apresentação de peças teatrais, danças, banda de música de ribeirinhos, paródias, acabou se revelando numa total contradição com a educação dos povos tradicionais: bebidas alcoólicas e agressão física.

No dia 16, no rio Acutipereira, localidade Boa Vista, o Diretor Angeniro Sanches promoveu um sarau dedicado ao encerramento do ano letivo, uma proposta de gabinete que saiu bem até certo ponto. A coisa começou a desandar quando houve uma mistura de comemorações, pois logo após o evento abriu-se espaço para uma festa dançante com direito a cachaça pura, caipirinha e vinho, uma mistura que resultou em descontrole nervoso em algumas pessoas, partindo para agressão física à equipe do blog Educadores de Portel que fazia cobertura do evento.

Segundo testemunhas, um homem de fora da comunidade conhecido como Manoel saiu de junto da equipe do diretor Angeniro e partiu em direção ao diretor do blog Educadores de Portel e passou observando onde o professor estava. Em seguida retornou ao grupo onde tomavam cachaça pura. Num segundo momento vai até a mesa do professor, que tomava cerveja em latinha, pegou a bebida do professor e ameaçou agredi-lo com socos e pontapés, contido, por conseguinte, pela turma do deixa disso. Na opinião de alguns comunitários, este rapaz foi induzido a provocar o professor Ronaldo, um dos donos do Blog Educadores de Portel, por causa da publicação “Diretor de escola promove orgia no Acutipereira”, lançado como denúncia alguns meses atrás, denúncia esta promovida pelo conselho fiscal do conselho escolar da Escola Ezídio Maciel.

MISTURA DE COMEMORAÇÕES

É do conhecimento de toda a sociedade portelense que a partir do dia 15 ao dia 17 várias escolas promoveram suas confraternizações em diferentes locais da cidade, como a praia do Joãozinho, Associação dos Servidores Públicos, sítio do Benildo, entre outros. Na zona rural não foi diferente, pois se trata de um momento de comemoração pelas grandes realizações que a escola tem durante o ano letivo. No entanto, cada escola realiza suas festas separadas: num momento é feita a festa para os alunos, sem bebidas alcoólicas, e num outro momento os professores se reúnem e cabe a cada um decidir se prova ou não a maldita. Não foi o que ocorreu na Escola Ezídio Maciel. Houve uma festa dedicada aos alunos e em seguida alunos e professores se misturam, tomando bebidas alcoólicas juntos, uma festa dançante que seguiu até as 2 horas da madrugada, sem a presença de policiais ou seguranças particulares e (...)inclusive sem autorização policial.