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sábado, 30 de julho de 2011

HISTÓRIAS DA AMAZÔNIA


Nesta sexta-feira fiz uma viagem a Belém, cuja embarcação foi, por sinal, é muito confortável, apesar de ter um gosto amargo quando se fala nos custos com alimentação. O preço da passagem já é salgado, pois o cidadão tem que despender 70 reais para ir de rede, e ainda por cima tem que pagar a alimentação, num valor de 7 reais. É estranho porque já é uma tradição o fornecimento da refeição com custo embutido no bilhete da passagem, fato deixado como marca desde os áureos tempos do São João, naqueles tempos pertencente à família Cardoso.
É comum, numa situação de solidão quando se viaja sozinho, ficar pensando em coisas particulares, especialmente olhando a paisagem e, nesse momento em que eu me encontrava, vi uma mulher dentro de uma canoa, cujo bico estava preso no aningal. Sabia exatamente o que aquela mulher estava fazendo, pois já vi centenas de outras pessoas em situação semelhante. Era uma pescadora, do tipo artesanal, em busca, quem sabe, do seu almoço. Isso me fez refletir.
Ocorre que nós, inclusive como professores, chegamos a reclamar do salário baixo, das condições de trabalho, da falta de perspectiva quando se vê o plano de cargos ser dizimado pelos políticos, a gente não percebe que existem pessoas quem lutam por um prato de comida. Vou mais além em considerar posição social que aquela mulher tem na sociedade e a música do bar diz: “eu era feio, agora tenho carro...”, como se fosse um complemento aos meus pensamentos de que uma pessoa pobre não é enxergada e fica, talvez, sem condições de galgar mais um degrau da escala social. Primeiro que ela certamente não estudou, depois vem de uma família pobre, ao que a sociedade capitalista não vai dar uma chance de mudar de vida, uma garantia mínima de ter alimentação farta, roupa para vestir os filhos, dinheiro para comprar livros, enfim bancar a educação de um futuro cidadão.
No entanto, mais adiante, no porto de Breves, vi outra situação. Eu olhava em direção às voadeiras e Jet-skis quando notei uma garotinha numa faixa etária, supus, entre nove e dez anos, se dirigindo a mim: “Vai uma ajuda aí?” Olhei para ela e esta desviou o olhar em direção a um cidadão com um pacote de biscoito. O cidadão lançou o pacote e, imediatamente, ela escondeu o biscoito debaixo do bico do casco. Aquilo é uma estratégia para que outras pessoas continuem a doar mais alimento. A mãe, na popa da canoa, evita olhar nos olhos dos viajantes.
Com estas duas histórias, deixo você, caro leitor, encarregado de pensar na situação social das pessoas, e desejar um ótimo fim de férias a todos.

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