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quinta-feira, 15 de setembro de 2011

SEXO NA PRAIA DO ARUCARÁ

 Ronaldo de Deus Machado
A árvore e o antigo bar Arucará

     Contava eu aos meus alunos, em aula sobre recursos naturais não renováveis, sobre a história de uma árvore que se situava na praia do Arucará e estava prestes a cair dentro do rio por conta da erosão.
     Nos anos 80, nós, um grupo de estudantes, tentávamos a todo esforço alertar ao então prefeito das más condições da orla da cidade que estava cada vez mais sendo comida pela água. Lembro-me de uma conversa com o Seu Orlando em frente ao cemitério da cidade. Segundo Orlando, a praia hoje com menos de 30 metros para engolir o cemitério, já ocupou uma área de aproximadamente 50 metros adiante do ponto onde está o cais de arrimo. Eu mesmo lembro de passeios que a família fez pela Augusto Montenegro rumo a antiga maloca, passando de caminhão no final da rua, contornava em direção a praia do Rádio Cipó. Depois de certo tempo apenas bicicletas trafegavam por ali. Algum tempo mais tarde, apenas pessoas a pé. Infelizmente hoje não se pode mais andar por ali nem mesmo a pé porque tudo já caiu.
Muitos casais fizeram amor debaixo dessa exuberância!
     Situação vivida pela árvore que tombou apesar de tanto esforço que a gente despreendeu junto com empresários locais, o próprio dono do bar Arucará, temendo que seu patrimônio despencasse no rio, fez alguns aterros, construiu umas malocas com mesinhas ao redor e não foram poucos os banhistas que tomaram cerveja e comeram peixe debaixo daquela árvore. Isso sem falar dos inúmeros namorados que sonharam ali embaixo e certamente praticaram sexo na madrugada, pois naquele tempo ainda era possível andar de noite sem temer os perigos da atualidade.
     Alertar os políticos daquele tempo era difícil, pois qualquer tentativa por parte de estudantes em colaborar com o governo era tida como insubordinação, rebeldia e uma verdadeira afronta ao poder constituído.  Antes mesmo de eu me juntar aos demais rebeldes, eu já tinha ouvido falar que o Sabá Correia foi tomar um banho e, como a encosta era muito alta, ele caiu de lá de cima e fraturou a bacia e disso ele veio a falecer. O prefeito, por ser seu amigo, resolveu impedir que outros fatos semelhantes viessem a ocorrer e determinou a sua equipe de trabalho que nivelassem o terreno, levando consigo a mata ciliar, as árvores e tudo que sustentava a terra. O resultado não foi outro: a chuva bater e começou a levar tudo para dentro da praia. Ficava vermelha de tanto barro!Nós alertamos ao prefeito sobre esse perigo, mas o então gestor achou que éramos moleques que não entendiam de nada.
     Os anos se passaram e acho que o prefeito tomou juízo, buscou aliados e conseguiu uma verba para fazer um cais de arrimo e remediar o mal que causou à praia do Arucará. Depois veio mais outro prefeito e este construiu mais um pedaço, indo desta vez a partir da casa do juiz até quase naquele ponto onde o caminhão passava.
     Contei ainda aos alunos que havia um banco de areia na entrada do igarapé Muim-Muim, que era muito freqüentado pela molecada para bater uma bola num tipo de jogo de futebol conhecido na cidade como travinha. Foi num período em que outro prefeito, ao receber nossas denúncias de que alguns homens estava tirando areia da praia para vender. O prefeito disse que essas pessoas precisavam conseguir seu sustento e não podia impedi-los de tirar areia da praia. Foi preciso fazer uma guerra feia para contornar a situação. Enfim, conseguimos e os homens pararam de tirar areia da praia do Arucará. Mas esses caras continuaram a tirar areia de outro ponto: do banco de areia que ficava em frente ao igarapé. Hoje ninguém mais toma banho lá porque não existe mais areia.

Um comentário:

Nicacio disse...

Ler esse post me fez viajar no passado. Muitas saudades da minha terra.