Os próprios moradores construíram a escola de São Miguel Foto: Divulgação |
Para os alunos da comunidade ribeirinha São Miguel, na
cidade paraense de Portel, na Ilha de Marajó, a tarefa mais complicada era
chegar à escola. A educação estava distante: pelo menos duas horas de barco até
o colégio mais próximo. Este ano, a realidade mudou, com o apoio do carioca
Luiz Carlos Guedes, o Luti, de 21 anos. Foi com ele que os moradores aprenderam
que podiam se mobilizar e transformar desejos em realidade. Assim, se uniram e
construíram uma escola que atende da creche ao ensino fundamental, com cerca de
100 alunos de São Miguel e outras comunidades próximas. Essa foi só a mais
recente das realizações do Lute Sem Fronteiras na região.
Portel é um município em que mais da metade dos 52 mil
habitantes vive em comunidades à beira de um dos quatro rios que cortam a
cidade. A viagem do Rio de Janeiro até lá é longa. São cinco horas de avião até
Belém e mais 20 de barco até Portel. São Miguel está mais cinco horas adiante.
Luti tinha 16 anos quando botou os pés por lá pela primeira
vez. Ele foi com a escola numa excursão e sentiu que precisava fazer algo para
ajudar aquelas pessoas. Eram, diz ele, as “mais incríveis” que já conheceu. O
rapaz conseguiu, dois anos depois, fundar o Lute Sem Fronteiras, um dos 40
casos de sucesso que vão estar no encontro Educação 360, realizados pelos
jornais EXTRA e “O Globo”, sexta e sábado.
Nos ultimos três anos, o carioca foi a São Miguel umas 15
vezes. Os projetos são financiados com arrecadação pela internet e ajuda de
amigos.
— A missão é fazer com que o ribeirinho seja o responsável
pelo desenvolvimento local. É viabilizar a mudança de pensamento: ele deixa de
se ver como vítima e se coloca na posição de agente de mudança — explica o
rapaz, estudante de Direito da PUC-Rio.
Luti bota a mão na massa e ajuda na construção das bibliotecas Foto: Divulgação |
A primeira ação do Lute Sem Fronteiras foi a abertura de uma
biblioteca em São Miguel. Hoje, há mais quatro unidades em outras comunidades
da região. Depois, os ribeirinhos quiseram criar hortas comunitárias. A Lute
Sem Fronteiras, então, levou uma engenheira agrônoma até lá para ensinar as
técnicas. O desafio seguinte foi o da escola. A comunidade identificou essa
necessidade, Luti aceitou o desafio, e o projeto foi para frente. A mão de obra
foi toda dos moradores, e o dinheiro chegou através de doações pela internet e
do círculo social do carioca.
— Sou quem faz eles tirarem os pés do chão e se permitirem
sonhar — explica Luti.
O próximo objetivo é criar um poço para criação de peixes. O
modelo vai ser o mesmo usado nas hortas comunitárias. Um especialista vai ao
local e, depois, a comunidade replica o conhecimento para outros lugares. Daqui
do Rio, Luti comemora a realização do seu próprio sonho.
— Os ribeirinhos me deram a noção de que posso fazer as
coisas — resume.
Fonte: boainformacao
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