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segunda-feira, 9 de agosto de 2010

PORTEL: "NÃO TEMOS QUEM NOS PROTEJA"

Dom José Luiz Azcona: Este governo é criminoso
Durante a visita do bispo Dom José Luiz Azcona da prelazia do Marajá à Portel, em 30 de julho, o qual também é membro da Comissão de Justiça e Paz da CNBB - conferencia dos bispos do Brasil -fez passeio pela favela Portelinha, Bairro da Cidade Nova e Pinho e disse que, nos últimos meses, “o pânico se espalhou em toda a população”.
Na área onde funcionou a empresa AMACOL durante várias décadas hoje existe a maior favela da Ilha do Marajó e serve de esconderijo para ladrões e traficantes de droga e lá encontrou um morador que, em tom de desespero, disse:  “Por favor, faça alguma coisa por nós, não temos quem nos proteja”.
Em entrevista à rádio Arucará no dia 09/08/2010, o bispo lembrou que em 2009 foi encaminhado um pedido assinado por várias autoridades do município, tendo como reivindicações: a) 30 policiais, uma vez que o rodízio reduz pela metade o efetivo policial; b) Rotatividade, para evitar vínculos de amizade que prejudiquem os trabalhos; c) viaturas policiais; d) coletes à prova de bala; e) armamento; f) lancha para policiamento fluvial.
No dia 25 de setembro, por ocasião de sua visita à cidade para inaugurar o marco inicial da construção do Linhão, foi entregue esse documento em forma de requerimento à governadora Ana Júlia Carepa com a assinatura de desejo da população através do prefeito, vice-prefeito, vereadores,  juiz de direito (na época, Max Ley do Rosário Cabral), promotora de justiça (Dra. Samile Simões Alcolumbre), pastor presidente da Assembléia de Deus em Portel (Gabriel Oliveira da Silva), Frei Walben da Silva Monteiro, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Portel (Gracionice Costa da Silva), Sindicato na Educação Pública do Estado do Pará (Lucidalva Maciel Xavier), não houve nenhuma resposta. “Este governo é criminoso”, disse a autoridade religiosa da igreja católica.
Delegada atacou o pivô da violência: traficantes de droga
Coincidentemente, assassinaram mais um cidadão de bem na cidade, justamente às vésperas (08/08/10) de sua entrevista na rádio sobre a elevação da criminalidade em Portel, o bispo frisou: “Crueldade, falta de humanidade, absoluta indicação do desamparo e o abandono que a sociedade portelense se encontra.” Quando aquele homem desesperado recorre ao bispo para pedir segurança é porque “o povo tem perdido total confiança nos políticos”, afirma Azcona.
No dia 13 de maio de 2010 foi encaminhado um abaixo assinado com 5 mil assinaturas solicitando a delegada que, ao substituir o delegado Adalberto Pereira Cardoso, proporcionou segurança para Portel, que, segundo o líder religioso, “cumpriu sua responsabilidade de forma efetiva”, mas “o atual mostra incompetência”. “O Sr. Delegado tem que repensar sua situação, o bem comum exige essa situação”, cobrou.
“Este município sofreu um atentado, a polícia tem que se sentir envergonhada e responsabilizo as autoridades por esta situação. Todos unidos, temos que começar trabalhar, protestando contra este governo que se manifestou inimigo do povo do Marajó”, disse Dom José.
"Estamos abandonados pelas autoridades" - bispo “Por favor, faça alguma coisa por nós, não temos quem nos proteja” - morador da Portelinha

Uma das razões está no descaso com o plano de desenvolvimento para o Marajó, o qual “foi aprovado e está encalhado, assinado pelo Lula e pela Governadora. E, devido às cobranças para a sua conctretização,perseguiu a igreja”, indignou-se.
Perguntado pelo locutor da rádio Arucará, JR Lobato, o que o bispo poderia fazer por Portel, este disse: “o Marajó não sairá da miséria se não alcançar o nível de dignidade que lhe foi seqüestrado. O território não responde a esta realidade, foi um massacre. Nós somos Marajós e precisamos de liberdade, isso foi negado por este governo por encalhar sistematicamente o plano”. O prefeito diz que a segurança pública não é de sua alçada. Assim, o bispo prometeu ajudar, primeiro orando por uma sociedade que se encaminha para o abismo. Em segundo, disse Deus está batendo na porta de cada cidadão de uma sociedade que está caminhando para o abismo, é hora de fazer um novo evangelho, um novo pentecoste está amanhecendo e durante o círio pensava neste povo, que precisa voltar para a igreja. Estamos abandonados pelas autoridades, não quero levante, não quero revolução, quero o direito para a população, não se pode retornar para trás ou nos colocamos contra a própria vida, concluiu o religioso.

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