Desta vez vou falar sobre crise, já que tá na moda, a
começar pela Dilma que anda metida com gente do Petrolão e do Java Jato, com
cortes na educação, na saúde, menos nos ministérios e na compra de caças
suecos. Então, crise do lado de quem?
Peraí, que eu sou tremendamente desconfiado dessa onda de
crise. Já no início da década de 90, quando se falava muito em inflação, os
governantes da minha pobre e rica Portel camuflavam a miséria com festanças e
inaugurações, ao que os críticos de plantão apelidaram de mel e pão. E tinha
tudo pra ser verdade, pois o povo vivia na miséria e uma meia dúzia gozava (eu
gosto desse termo, por alguma razão) do bem e do melhor. Propaganda de rádio e
tv não existia, mas já havia o tal foguete ou pistola (tem lugares que chamam
de rojão) e alguns caras bons de mídia do tipo rádio cipó, aquela do boca a
boca.
Passados cerca de 17 anos e não se pode falar em crise em
Portel, só crise nacional com Dilma como culpada. No Pará já foi dito que a
crise não abala em nada. Pode uma coisa dessas? Portel e Pará agora não fazem
mais parte do país administrado pela petralhada, essa que manda no IBAMA? Não
que a rádio cipó não exista mais. Pelo contrário! É rádio cipó, rádio Arucará e
televisão e a tal da Internet com assessores espalhando as coisas boas e
dizendo novamente, no estilo dos anos 90, que está tudo bem, tudo Zen, não tem
crise. Possivelmente com um belo salário depositado na conta e disponível todos
os meses, não há crise mesmo.
Mas eu visito o povo do interior e lá encontro os pais putos
de raiva. A razão é simples. Não tem combustível para fazer rodar embarcações
que fazem o transporte escolar e remo não existe mais e ninguém mesmo quer usar
canoa depois do aparecimento das rabetas. Logo surge alguém e, meio acanhado,
explica que o PNATE só disponibiliza 136 mil reais por mês para bancar ônibus
escolares (cerca de 11) e centenas de embarcações para transportar alunos e
também outros especialmente destinados aos diretores e coordenadores – dizem que
já chega a 600 mil reais no total -, tudo para entregar merenda e retornar
imediatamente para a cidade, tanto que eu trombo com todos na cidade
cotidianamente. Mas deixa pra lá essa crise de não trabalhar. Vamos ao que
interessa.
Por outro lado, crise também pode ser quando um governo começa a se deteriorar nas
suas relações, surgindo grupos adversos insatisfeitos por razões diversas, não
importando o grau de desgovernança que advém dessa peleja cujo primeiro sinal é
a criação de uma subprefeitura. Um segundo gabinete é necessário porque ninguém
é mais confiável. Sucedeu no governo de Nancy Guedes, que montou seu quartel
general na famosa Nancylandia, que acaba sempre nas mãos de um prefeito (não é
muita coincidência isso?); igualmente aconteceu com Renato Queiroz e depois com
Elquias Monteiro, este brigado com seu vice, o inesquecível Raimundo Pereira.
É bom lembrar que todos diziam que as coisas andavam às mil
maravilhas, entretanto havia uma quebradeira nas serrarias, AMACOL já estava igual aquela loja que resolveu
fechar uma porta para não parar de vez, reduzindo-se a uma serraria, mostrando
que o fim é semelhante ao começo, pois foi dessa forma que a filial da Georgia
Pacific começou nos anos 50. Se bem que um tucano chamado Fernando Henrique
iria criar a tal da Bolsa Escola, que posteriormente virou Bolsa Família, já no
governo de Lula. Viriam então municípios sobrevivendo de benefícios sociais à
semelhança da assistência social, superando em muito a maior receita de um
município com pouca ou nenhuma indústria que é o Fundo de Participação dos
Municípios (FPM).
Lógico que tenho que manter um raciocínio ligeiro ao
escrever esse texto, mas devo lembrar que quando o gestor começa a ficar
sozinho ou porque não tem dinheiro ou ficou com o dinheiro para si sozinho,
comendo só e nem sempre tão calado como deveria. Confesso ser difícil falar
desses assuntos quando a maioria está embriagada pela crença de que tudo pode
melhorar, mas é importante fixar uma coisa: recurso poderá surgir por meio de
emendas, por exemplo, um milhão para uma creche e o gestor pega um pouquinho
daqui e um pouquinho dali e a obra vai ficando cheia de mato, inacabada. Já viu
no que tá dando?? É uma bomba-relógio!!
Hoje soube que os carros da infraestrutura estão parados por
falta de combustível, ficando abalada a justificativa de que o valor do PNATE é
somente de R$ 136.000,00 (cento e trinta e seis mil reais), pois esses veículos
não são transporte escolar e que os únicos que funcionam são os carros de lixo,
entre eles aquele trator do PRONAF (que o grupo de Pedro Barbosa tanto
criticava no governo de Elquias e depois acabou fazendo a mesma coisa que é
usar o carro destinado à roça para carregar lixo) que carrega lixo doméstico
para o novo lixão a céu aberto. Procurei alguma postagem da assessoria de
comunicação, tão garbosa em anunciar inaugurações, findando a busca em
frustrações por não encontrar nenhuma explicação para algo que se assemelha a
uma falência. Mas parece que tá todo mundo afetado pela Burundanga, a pior
droga do mundo, capaz de bloquear o cérebro quanto ao que é certo e ao que é
errado.
Hoje, ao citar em uma reunião sobre a falta de óleo para
transporte dos alunos, a questão foi tratada como picuinha. Isso me irritou
muito, sobretudo porque há inúmeras escolas paradas por falta desse combustível
que move os barcos usados no transporte escolar. Nesse caso, a burundanga
funciona mesmo e deixa o cérebro de indivíduos assim incapaz de pensar no bem
estar alheio porque sua despensa está cheia, seus filhos estão estudando em
Belém no conforto de uma casa na capital que não deve ter custado menos de 200
mil reais. Crise, portanto, só existe para alguns, esses do galho mais fraco.
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