O Ministério Público Federal (MPF) enviou recomendação ao
Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) para que seja exigido,
como condição prévia para a emissão da Licença de Operação de
Belo Monte, o fim das violações de direitos dos ribeirinhos
afetados pela obra.
Já são mais de quatro meses de negociações entre a Norte
Energia, o Ibama e outros órgãos governamentais para encontrar uma
solução que assegure a manutenção do modo de vida da população
que vivia às margens do Xingu, depois que a obra de Belo Monte
terminar.
Para o MPF, o impasse permanece porque a empresa não reconhece o
modo de vida dos ribeirinhos, descumpriu as condições impostas pelo
Ibama e a adequação do processo de remoção compulsória deve ser.
feita com a participação dos atingidos, que ainda não foi
assegurada
As irregularidades e violações de direitos cometidas pela Norte
Energia contra os ribeirinhos foram apontados em diversos relatórios
e notas técnicas, do MPF, do Conselho Nacional de Direitos Humanos e
do próprio Ibama. Por conta disso, o Ibama ordenou a paralisação
das remoções dos ribeirinhos.
“Não obstante a suspensão de demolições pelo órgão
licenciador, foi verificado que o empreendedor não paralisou
completamente o processo, tendo, inclusive, se utilizado de violência
desnecessária, incendiando casa de ribeirinho que havia sido
visitado pela equipe de inspeção do MPF”, diz a recomendação,
assinada pelos procuradores da República Thais Santi e Felício
Pontes Jr.
Para o MPF, “a empresa Norte Energia não compreendeu a
gravidade das falhas constatadas no processo de remoção
compulsória, em especial pela absoluta inaptidão das opções que
vinham sendo ofertadas para garantir a manutenção do modo de vida
ribeirinho”. “Não se trata, pois, de problemas de aplicação
dos critérios de elegibilidade preconizados no Projeto Básico
Ambiental, (como sustenta a empresa), mas de descumprimento da
obrigação de realizar reassentamento, de ruptura do modo de fazer e
viver de grupos tradicionais e da não garantia de condições no
mínimo semelhantes às que detinham os atingidos”, diz a
recomendação
Com todo esse cenário, mesmo depois de quatro meses de
negociações e inúmeros documentos técnicos e científicos
produzidos apontando a gravidade das violações, a realidade dos
ribeirinhos atingidos por Belo Monte hoje é de pessoas com a vida
suspensa, marcados por graves abalos morais e materiais, sem nenhuma
perspectiva de futuro, cheios de temores, vulnerabilidades e
fragilidades.
A recomendação do MPF enviada hoje ao Ibama adverte o órgão de
que toda essa situação tem que ser sanada como condição prévia
para a emissão da licença solicitada pela Norte Energia.
Veja a íntegra do documento aqui.
Ministério Público Federal no Pará
Assessoria de Comunicação
Assessoria de Comunicação
Nenhum comentário:
Postar um comentário