Vou ser menos professoral possível, mas é importante frisar que se trata de um ponto de vista. Aliás, pra começo de conversa, alguém aí do outro lado da do mouse já assistiu ao filme Tropa de Elite e Tropa de Elite II? Filme brasileiro dos bons que se afasta dos pornográficos, pois foi em cima de muito sexo que o Brasil produziu a maioria dos filmes. Nestes, no entanto, provoca uma reflexão sobre as mazelas sociais (no primeiro Tropa de Elite) e as causas dessas mazelas (Tropa de Elite II).
Não é de hoje que ouço falar que a culpa é do Sistema, que o Sistema é assim mesmo e blá-blá-blá afora. Mas o que é mesmo o sistema? E esse questionamento ficou mais gritante na minha cabeça quando vi injustiças cometidas na sociedade onde vivo e se agigantou ao visualizar um meio caótico de corrupção, enriquecimento ilícito, compra de votos, abuso de poder econômico e a gente de mão atada, o judiciário decidindo a favor dos endinheirados, a polícia a proteger os bens dos ricaços. Aí surgiu a ideia dos agentes invisíveis ou forças invisíveis que operam por trás dos agentes públicos. Começa a dar medo?
Não fique, pois você também é um deles. Nesse momento entra um amigo nessa história em uma conversa animada entre goladas de whisky cavador, bisteca e pirarucu, mas sobretudo diversão de pessoas pés no chão e noção clara sobre as divisões de poderes. Meu amigo quer saber se ele é uma engrenagem, uma porca ou mesmo uma arruela, chegando a brincar com o termo Zé Arruela, que é o mesmo que um Zé Mané, um sem influência alguma ou mesmo um Pé Rapado. Peço a ele que fique calmo e ouça mais um pouco sem se afobar. Entremeio a meu rápido raciocínio, vejo o amigo como um cara que pensa que um Zé Arruela não tem participação ou poder algum no sistema, que foi ele que elegeu os que não lhe dão emprego, que prostituem suas filhas, que roubam a dignidade de sua família, tão poderoso e tão sem autoestima.
Digo que o prefeito da cidade (aí entendido qualquer prefeito com carapuça ou sem carapuça, do mesmo modo como virou moda entre apresentadores se justificar durante meia hora por uma matéria que durou três minutos, com medo do chefe do sistema) é um agente do sistema. O meu amigo não se contém e afirma que o prefeito é o chefe do sistema, o maior corruptor e corrupto, aí admitindo que ele elegeu o prefeito, junto com sua família, na esperança de um emprego. Peço que o amigo baixe o facho, que não é bem assim. Um terceiro amigo na banca diz: "não é assim, é assim mesmo", e a risada corre solta numa brincadeira de gente humilde que se diverte por qualquer paixão, inclusive a sofreguidão camuflada no rol da corrupção. Mas, continuando, digo que os secretários do prefeito são agentes do sistema, assim como diretores, gerentes, agentes administrativos e até a Dona Maria que prepara o cafezinho e anda pelos corredores a ver entrar pelas portas da tesouraria homens de negócios que ela nem entende direito o que fazem pessoas tidas como ricas a se enfileirar nos halls da prefeitura.
Os outros brincantes ficam eufóricos e pedem a palavra, citam fiscais que mudaram de vida e tinha até um que perdeu o cargo e sumiu do mesmo bar onde nos encontrávamos depois que a torneira fechou. Citaram outro que construiu uma mansão e até o acordo em que uma pessoa tirava para si o total arrecadado. "Agentes do sistema corrupto", bradou outro. Pedi calma, pois essa goteira é apenas uma goteira, informando que há temporais de dinheiro que esses Manés do Sistema pegam apenas as beiradas, os peixões é que ficam com o grosso, aí se falando em milhões, distribuídos entre os que são os "cabeças", daí uma dentadura valer uma cassação e noutro um monte de provas robustas não valer nada diante de 400 mil ou mesmo dois milhões usados para manter o sorriso dos agentes do sistema.
Nessa altura do campeonato, meu amigo diz que já está entendendo que o sistema é algo como o sistema respiratório humano ou de outro bicho, mas fica afoito em saber, como mecânico que é por profissão, se ele é pelo menos um parafuso a apertar a vida do pobre companheiro nascido e criado na brandura do chibé e açaí. Insiste em falar, pedindo com muita educação - homens humildes também possuem a educação dada pela família, se não sabem os doutos homens do sistema -, se ele próprio não foi a ameaça a um amigo ou mesmo familiar. Afirmo que sim e ele olha estupefato, mas eu peço que se acalme, que até eu mesmo me policio no sentido de evitar que o sistema me use em demasia, pois todos somos, afinal, ou peça do sistema vitimante ou vitimada.
Citei um caso, que aliás teve como origem nas denúncias promovidas aqui neste blog odiado pelos corruptos da minha cidade chamada Portel (PA), em que o propósito do sistema era me tirar o cargo público, a minha fonte de renda - o lado mais frágil do ser humano -, talvez forçando a me aliar aos agentes do sistema mesmo ou me tirar do município em busca da sobrevivência em outro estado, como já fiz antes num momento em que o prefeito Elquias e seus outros agentes do sistema agiam contra minha pessoa por questão de opinião (aí envolvidos advogados, Zé Arruelas, empresários, deputados, puxa-sacos, corruptos e corruptores andando de mãos dadas e hoje cada um se virando sozinhos, grande parte aperreada e eu olhando, reunindo experiências). Nesse caso, agiram: diretores, secretários, assistentes administrativos, vigias, agentes de portarias, advogada, diretor de ensino, professores, agentes de polícia, agentes judiciários, e todo um exército me acurralando e me acusando, me pondo nas salas de julgamentos de processos administrativos, o sistema operando para o mal, que dificilmente age tão bem quando a questão é fazer uma boa ação como salvar uma vida ou tirar da miséria quem precisa.
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