A Polícia Federal (PF) deflagrou hoje (27), uma megaoperação para
desarticular um esquema de fraudes na concessão de lotes de terras
públicas destinadas à reforma agrária. O prejuízo aos cofres públicos
pode chegar a R$ 1 bi e, de acordo com a polícia, a operação foi
possível graças à participação de servidores do Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária (Incra), funcionários municipais, além de
representantes de entidades de classe.
Entre os investigados estão Odair e Milton Geller, irmãos do ministro
da Agricultura, Neri Geller, cuja assessoria se apressou a esclarecer
que, além de o ministro não ser citado no inquérito policial, não mantém
qualquer sociedade empresarial ou negócio com os irmãos. Policiais
estiveram na casa de Odair Geller, e apreenderam documentos, mas ainda
não localizaram os dois irmãos. Em conversa com o delegado-chefe das
investigações, Hércules Ferreira Sodré, o advogado de Odair e de Milton
garantiu que ambos irão se apresentar espontaneamente.
Duzentos e vinte e dois mandados judiciais são cumpridos em Mato
Grosso, no Paraná, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. São 52
mandados de prisão preventiva, 146 de busca e apreensão e 29 de medidas
coercitivas. Cerca de 350 policiais federais participam da chamada
Operação Terra Prometida – nome alusivo à passagem bíblica em que Deus
promete terras ao seu povo.
Embora sem revelar detalhes como nomes e cargos, a PF adiantou que,
entre os investigados há oito servidores públicos e que 80 fazendeiros
podem estar envolvidos com o esquema. Durante a investigação, os
policiais federais concluíram que fazendeiros e empresários adquiriam
irregularmente ou simplesmente invadiam terras da União destinadas à
reforma agrária, chegando mesmo a coagir e ameaçar os reais
beneficiários para que vendessem ou abandonassem suas áreas.
As irregularidades eram acobertadas com a obtenção de documentos
falsificados e vistorias fraudadas. Além disso, com a participação de
servidores do Incra corrompidos, o grupo conseguia inserir informações
falsas no Sistema de Informações de Projetos de Reforma Agrária (Sipra) –
o que permitia a grandes latifundiários e grupos de agronegócio,
inclusive empresas multinacionais, a ocupação as terras da União.
Os investigados responderão, na medida de suas responsabilidades, por
crimes de invasão de terras da União, contra o meio ambiente, falsidade
documental, estelionato e corrupção ativa e passiva. As penas podem
chegar a até 12 anos de reclusão.
Procurado, o Incra informou que divulgará uma nota sobre o assunto
nas próximas horas. O Ministério da Agricultura vai publicar um informe
com detalhes sobre o caso, durante esta tarde. Os delegados federais
responsáveis pela operação vão conceder uma entrevista coletiva as 16
horas.
Fonte: correiodoestado
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