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quarta-feira, 1 de junho de 2016

O advogado e o assessor da Câmara: uma intriga política e carnavalesca

Na última década, quando o PSDB mandava em Portel, no Estado e na União, aconteceu um fato digno de ser contado, entremeio a tantas histórias de exercício da política e da politicalha, um aprendizado que levou a sociedade a rir de si mesmo.

Num dado momento, o carnaval corria solto, então era o início de um dos anos em que governava o município o pai do meu amigo Neto Monteiro, o Elquias Monteiro. Um delegado se tornou popular na cidade, que até lembrava um pouco o jeito de Rafael Gonzaga, embora com uma nova roupagem, até de gostar de rádio, usando de um dos seus bordões, como "eu ronda a cidade, a te procurar", cantarolando a música Ronda, de Nelson Gonçalves. Quando, nessas rondas, ele - Lázaro Falcão (lembrei o nome do famigerado e temido delegado) -, prendia um bandido que tocava terror na cidade, seu fiel escudeiro, o controlador de som da emissora Rádio Portel FM, o Braço de Eletrola, tocava uma música de faroeste (se não me engano chamada de "Assovio") e a comunidade inteira encostava o ouvido no autofalante do rádio pra saber da prisão do bandido.

Mas, o caso que relato não se tratava de bandidos tocando o terror. Pelo contrário, eram adversários políticos, desses do terceiro ou quarto escalão, que são mais propensos a ir às vias de fato por seu líder, o prefeito. Como eu disse anteriormente, o cenário era em período de carnaval. E o povo, diferentemente dos Ingleses, mistura-se em festas diversas, assim, o terceiro escalão, o quarto e os sem escalão, as prostitutas, os traficantes, os mendigos, os pedófilos, os donos de bordéis, os pseudos ricos, as dondocas e todas as classes sociais dançam o carnaval, numa alegria que só o povo brasileiro pra se entender. Mas no calor da bebida há desentendimentos.

Encontram-se, face a face, advogado do governo e assessor de vereador e lembram das suas posições políticas exacerbadas e se metem em discussão, sendo que o assessor jurídico do prefeito deu uma de autoritário e até de autoridade, sendo que era apenas um servidor público, embora com o título de Doutor. O assessor, que é meu amigo, disparou tremendo foguete na venta do advogado, que caiu vendo estrelas que circulam distantes galáxias e o caso foi parar na delegacia, ainda localizada na rua Padre Antônio Vieira. Acompanhados de torcida própria - o advogado dos governistas e o assessor do os da Câmara de Vereadores - entraram para se explicarem sobre o fato. O delegado, que também esteve na praia e havia se incomodado com a situação que o retirou do lazer junto com as autoridades mais palacianas possível, questionou ao ofensor físico:

- O senhor bateu na cara do advogado?

- Não, doutor, não nada disso. É que ele, como autoridade que acha que é, deveria ficar no lugar dele.

- Como assim? Explique melhor.

- É que tava todo mundo doido, dançando a música do capeta e balança pra cá e pra lá, a banda tocando e a cachaça subindo o juízo do caboco, então eu rodopiei e meu cotovelo deu na lata do doutor aqui.

- Tá bom. Tá liberado. Vamos voltar pra festa e o senhor, não apareça nos lugares onde o doutor advogado estiver.

Lá fora, a torcida do advogado esperava a saída de seu herói e a prisão do agressor. Um policial abriu a porta e um silêncio sepulcral acometeu a multidão de brincantes. Saiu pela porta o assessor da Câmara a sua torcida, que era menor em número, aplaudiu, o homem de mãos levantadas, como se fosse Rock Marciano após uma luta de boxe holiwoodiana. Atrás, cabisbaixo, o advogado, que saiu com os foliões, de volta para a praia, pra terminar o dia com o olho roxo.

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