É com pesar que escrevo essa postagem sobre um nefasto incêndio que destrui três prédios e tragou a vida de uma pessoa amável, o Companheiro. Eu acabara de chegar de uma viagem ao Acutipereira e, ao desembarcar, uma senhora conhecida minha deu a triste notícia.
Logo em seguida, dirigi-me ao local de destino, que também fora queimado, reduzido a cinzas. Populares preenchiam cada espaço das ruas Duque de Caxias e Magalhães Barata, muitos dos quais ajudavam os bombeiros civis. Eram dezenas de mãos a passar baldes de água, enquanto uma mangueira projetava água sobre as chamas, para conter a passagem do fogo para os demais prédios.
Já havia muitas versões sobre o ocorrido, mas, com calma, pude constatar que não passavam de abstrações, uma qualidade inerente às massas em deduzir o que não viram. Homens e mulheres relatavam que o operador de uma pá carregadeira da Prefeitura passou mal, desmaiou e foi levado ao hospital Wilson da Mota Silveira. De acordo com um homem que estava ao meu redor, o motorista dizia que "estava tudo bem" e continuou sua tentativa de derrubar as paredes que logo conectariam o fogo à loja Kananda. Mas, segundo outros curiosos, o ponto mais angustiante foi ver a pá carregadeira encalhar numa fossa daquela que um dia era a residência do dono da farmácia totalmente carbonizada pelo fogo.
A parte mais dura, que tirou o meu chão, foi a notícia de que meu amigo Companheiro morreu no incêndio, a única vítima fatal. Fiquei sem palavras, quase não acreditando que ontem mesmo fui lá convidá-lo para participar de uma pequena festa alusiva ao meu aniversário acontecido na quarta 24. Antes de eu sair do seu estabelecimento, lembro, ele prometeu fazer um café pra mim, mas eu nunca tomei mais esse cafezinho, pois não pude retornar ao seu restaurante, localizado nas proximidades da casa que ele alugava nos altos da loja de ferragens, totalmente destruída pelo fogo. Em face disso, cancelei a festinha, com todo o respeito que eu tinha por aquele homem cheio de bom humor e brincalhão.
O prefeito de Portel também cancelou uma carreata que levaria às ruas mais de 200 veículos, em apoio a Helder Barbalho. Não sei se outras duas manifestações políticas concederam a mesma retidão de respeito ao trágico incidente, que levou a perdas inimagináveis, em termos de materiais de construção, remédios e bens pessoais dos proprietários.
O fato foi realmente lamentável, mas é repugnante a atitude de dezenas de pessoas que saquearam lojas ao redor do acontecido. De acordo com um funcionário de uma loja, registrado em vídeo, o prejuízo com os saques beiram a cifra de cem mil reais. Logo após a constatação do furto, os donos suspenderam as atividades, com risco de demissão de funcionários, ante o prejuízo. Há muitos vídeos feitos por centenas de pessoas, que poderão levar aos aproveitadores de uma situação fatídica como esta.
O corpo de Hélio José dos Santos, o Companheiro de 60 anos (nascido em 11/07/1958), foi aplaudido ao ser removido do local com destino ao hospital Wilson da Motta Silveira. Companheiro morreu ao tentar salvar dois cachorros, seus amigos mais fiéis.
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