Na reflexão de hoje quero registrar a visita do menino Mateus e do senhor Ronaldo que estiveram em minha humilde residência para pregar o evangelho. Fiquei muito honrado com a visita, pois há muito tempo (muitos anos de abandono espiritual) que os evangélicos não me procuravam e isso, para mim, denota a ausência da pregação às pessoa humildes como eu. A visita produziu a reflexão de hoje, neste domingo 13 de outubro de 2013. Como é aniversário de minha filha Jennifer, dedico a ela a presente postagem.
Creio que muitas das mazelas hoje vivenciadas no dia a dia são oriundas da falta de doutrina e disciplina por parte das famílias aos seus filhos, que fazem o que bem querem e na hora que querem. Vejo meninos e meninas soltos pelas ruas, aprendendo muito mais dos colegas do que da própria família e da obsoleta escola, que não está atingindo seus fins.
Ao criar um filho solto traz a lembrança de que se cria cães soltos, anunciando um comportamento do "deixa a vida me levar". Na cidade já foi comum criar galinhas e porcos nas ruas, mas essa prática foi desmantelada pela nova ordem do furto, que serve de alimento para desocupados que trafegam as ruas da nossa cidade na madrugada, geralmente crianças e adolescentes famintos, oriundos de famílias falidas financeira, educacional e religiosamente falando. Nesse sentido é bom lembrar que na cidade só se deixa os cães soltos porque a nossa população ainda não come desse tipo de animal. Já no interior, criar porco solto já começa a ser trabalhado (em alguns lugares apenas) a consciência da higiene e prevenção de doenças por conta desse hábito antigo de misturar gente com animais num mesmo lugar.
Dei um exemplo aos meus visitantes de hoje, onde eu retratei uma pequena propriedade que inventei quando criança, parte da qual feita de laminados produzidos pela falida AMACOL, a empresa de compensados e laminados que sustentou o município por décadas. Lá havia um sobrado em que germinou uma semente de feijão, bem no centro do sobrado. E, como a planta sempre procura a luz do sol, o pé de fejião saiu pela janela e ficou todo empenado. Ou seja, uma criança deve ter todo um acompanhamento quanto ao seu desenvolvimento, pois a vida vai insistir em criá-lo de qualquer forma, talvez fique torta como a árvore do exemplo citado.
Ora, segundo dados do Governo Federal, Portel tem 16 escolas que funcionam de forma integral, mas eu asseguro a vocês que desconheço onde as crianças de Portel estão tendo uma educação o dia todo, exceto os trabalhos da Ágape da Cruz, mas é um trabalho social de iniciativa da Igreja Católica. Mas vamos esquecer a informação das 16 escolas e focar no que interessa.
As famílias mais humildes têm que trabalhar e muitas vezes o pai é um carregador e a mãe, para complementar a renda, exerce o cargo de secretário do lar. Enquanto isso, os filhos ficam sozinhos em casa, sendo "tomados de conta" por um irmão ou irmã mais velha, que não dá conta do recado e até sente alívio em deixar o "perigoso" ir pra ruas e não atentar o seu "juízo". E, como a escola normal só atende os alunos por alguma horas, a rua é mais competitiva ao tradicional ensino que não surte seus efeitos quanto ao aprendizado com os moleques da rua, que é eminentemente prático.
No entanto, ao abordar a questão do empenho familiar já no segundo parágrafo deste texto, sinto-me precavido em anunciar que a família é vítima de um sistema perverso, uma vez que esta não tem suporte necessário enquanto trabalha. A tal da Bolsa Família é apenas um paliativo. Na essência, é preciso que se faça algo mais. Lógico que ainda não temos crianças vivendo o dia e a noite na rua, se drogando, mas basta dar uma volta pela feira do produtor e você verá pedintes, meninos e meninas que se prostituem. Aliás, a prostituição está sendo manifestada, mas de forma camuflada e silenciosa, fato bem suscitado, pois isso deve servir de lembrança que ontem foi o Dia das Crianças.
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