Dedicado aos que sonharam estudar um dia |
*Por Ernanes Pinheiro
A educação de jovens e adultos em Portel desapareceu de algumas escolas sem que fosse dada nenhuma explicação para a sociedade, e, em especial para os alunos que formam essa modalidade de ensino.
Muitos alunos sem saber o que aconteceu e desconhecedores de
seus direitos, deixaram de lutar pelo seu maior bem – a educação- e agora estão
fora da escola sem perspectivas de melhoria de escolaridade e de tomar posse do
patrimônio cultural – o conhecimento- que é de todos. Essa decisão
antidemocrática e inescrupulosa do governo portelense contraria a educação
sonhada por Paulo Freire, um lutador incansável pela educação de jovens e
adultos.
A decisão da secretária de educação em retirar a educação de
jovens e adultos de várias escolas em Portel, é completamente imoral e ilegal,
arbitrária, pois essa modalidade de ensino encontra-se assegurada em lei. A LDB
– Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – nº. 9394/96 em seu artigo 37
afirma, a educação de jovens e adultos será destinada àqueles que
não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na
idade própria.
§ 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos
jovens e aos adultos, que não puderem efetuar os estudos na idade regular,
oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do
alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e
exames.
§ 2º O poder público viabilizará e estimulará o acesso e a
permanência do trabalhador na escola, mediante ações integradas e
complementares entre si.
Embora assegurada em lei, a secretária de educação de Portel
ignorou esses jovens e decretou a evasão coletiva de muitos alunos dessa
modalidade, como todas as decisões desse governo antidemocrático, essa foi a
mais cruel pois afeta toda sociedade e interfere também no quadro educacional
no país todo, uma vez que são mais jovens fora da escola aumentando os índices
de fracasso escolar. Isso acontece justamente quando o país discute novas
estratégias para colocar os jovens e adultos na escola e diminuir o quadro de
analfabetos entre essa categoria, após ser destaque em 2014 no mundo inteiro
como um dos dez países com o maior número de adultos analfabetos. Enquanto
isso, o governo portelense entende a revelia e resolve aumentar ainda mais os
índices negativos do país, fazendo a sua parte.... Deixando centenas de jovens
e adultos fora da escola.
O que parece é que esse governo desconhece o compromisso
Educação para Todos- só para lembra-lo, são seis metas que integram o Acordo de
Dacar, assinado em 2000. Segundo o acordo, até 2015, os países devem expandir
cuidados na primeira infância e educação, universalizar o ensino primário,
promover as competências de aprendizagem e de vida para jovens e adultos,
reduzir o analfabetismo em 50%, alcançar a paridade e igualdade de gênero e
melhorar a qualidade da educação.
Mas na cidade dos contrários as metas que se tem são:
• Diminuir o número de funcionários nas escolas, deixando-as
fechadas no turno da noite;
• Diminuir a carga horária dos professores;
• Superlotar as turmas de educação de jovens e adultos que
ainda restam;
• Banalizar e desprezar a educação dos jovens e adultos;
• Deixar os jovens e adultos fora da escola, ociosos e sem
perspectivas de melhoria de vida;
• Aumentar a criminalidade em Portel, uma vez que muito
jovens infratores buscavam na escola a possibilidade de recuperação e inclusão
social;
• Acabar com a renda de muitos pais de famílias que dependiam
de vendas em frente das escolas no turno da noite;
• Aumentar o número de analfabetos no Brasil.
Sem dúvida esse governo está muito preocupado com o povo e a
educação do país, se a presidenta soubesse dessas metas, quem sabe lhe
convidaria para assumir o cargo de ministro da educação. E se ela soubesse
também que ele – o prefeito- para evitar custos com novas construções de
escolas de educação infantil, transformou o projeto do governo federal – a
creche – em escola de educação infantil “Benedita Prado”, logo agora que a
educação infantil é obrigatória e que os governantes devem prover meios para
garantir que todas as crianças dessa faixa etária estejam na escola. Cobre de
um lado e descobre de outro. Deixa as crianças de 0 a 3 anos fora da creche e
as mães sem ter onde deixá-las para poderem trabalhar, vendo seus sonhos
escaparem pelas mãos do prefeito.
*Ernanes Pinheiro é professor das redes públicas municipal e estadual
*Ernanes Pinheiro é professor das redes públicas municipal e estadual
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