O texto foi produzido e enviado Movimento Marajó Forte (MMF), o qual está participando de uma reunião na ALEPA (Assembleia Legislativa do Pará) tendo como pauta um debate sobre os rumos do Marajó, ora publicado neste blog. O envio ao blog se deu às 11:10 h, do dia 02/09/2013.
(*) Por Samuel Lima
Olá, desculpem pela ironia do texto aqui escrito -, mas daqui a menos de 12 horas estarão sendo debatidos na ALEPA (Assembléia Legislativa do Estado do Pará) os rumos para encontrar caminhos e alternativas para os graves problemas sociais que afligem o Arquipélago do Marajó. Como sempre, em minhas preleções cito a célebre e notável frase do economista-maior e o mestre do pensamento econômico latino-americano, o brasileiro Celso Furtado. “O Ponto de partida de qualquer novo projeto alternativo de nação, terá que ter, inevitavelmente, o aumento do poder e da participação do povo nos centros de decisão do país”. FURTADO está para o desenvolvimento regional assim como a lua pra noite e o subdesenvolvimento para a nossa região. Diante do exposto, vale aqui levar em consideração algumas premissas elementares para que o debate não fique apenas no discurso.
Primeiro, que os proponentes da questão tenham um IDEAL como princípio-norte dos objetivos aos quais se propõem. Sem esse nobre propósito a coisa será apenas falácia e pirotecnia.
Segundo, DEDICAÇÃO A CAUSA (Compromisso) -, para que não sejam apenas discursos eleitoreiros, recheados de falácias, para cooptar a população esperançosa, como no discurso do ex-presidente Lula, em Breves, anos passados.
Por último, PROFISSIONALISMO –, para elaborar as proposituras (políticas públicas) sólidas e fundamentadas - como foi feito na elaboração do projeto-executivo da Zona Franca de Manaus, na década de 60. Não basta ter apenas o olhar acadêmico-didático para o arquipélago em questão, achando que somente Universidade do Marajó será a solução.
Quando entramos na história do pensamento econômico brasileiro, FURTADO, afirma com muita convicção que a economia brasileira foi a primeira a se reerguer da crise mundial de 1929, antes da norte-americana, graças à política promovida pelo Estado Novo – com a industrialização brasileira, voltada para o desenvolvimento nacional. No livro “Formação Econômica do Brasil”, foi mais além. Percebeu a vulnerabilidade das grandes potências frente às adversidades sejam elas de qualquer natureza.
O caso marajoara para ser contornado é preciso programar um esforço de guerra com políticas de curto prazo ou, então, só resta o Governo Federal como salvaguarda. E uma delas seria a de o Estado do Pará devolver o Arquipélago à tutela da União, com a implantação da propagada “Zona Franca Verde” (mesmo que houvesse a necessidade de mudar a Constituição). Pois, do contrário, nossos irmãos estarão fadados à condição de “Arquipélago entre as Periferias” em face de sua localização geográfica entre Belém e Macapá.
Pois é sabido que o sistema capitalista vigente não é homogêneo. Há dissimetrias, disparidade de comportamento entre as economias que exportam produtos primários e as que exportam produtos manufaturados. A partir da teoria dos ciclos econômicos, urge a ideia de que a economia capitalista está formada de um centro, onde se geram os fenômenos importantes, e de uma periferia (o Marajó) que, absorve os impactos (resíduos como o minguado FPM) do centro. A partir daí vem à formulação do conceito de deterioração dos termos de troca. Com isso, FURTADO, programou na formulação da teoria da industrialização dos países ou regiões periféricas, ou de industrialização em condições de dependência ou de substituição de importações.
Com isso, faz-se necessário defender para a mesorregião do Marajó o desenvolvimento através de transformações da estrutura econômica e de mudanças radicais nas relações até hoje em vigência.
O desenvolvimento deve se apoiar na industrialização voltada para o mercado interno brasileiro com as prerrogativas concedidas à ZFM. Pois temos terra, recursos naturais e mão-de-obra abundantes. Tecnologia, investimentos e outros insumos é uma questão política. Ao contrário de grande parte do território africano -, pois, lá os problemas são principalmente de ordem econômica (esterilidade da natureza) que implicam nos sociais como a guerra, fome, os problemas decorrentes de saúde e por último, a educação. Contudo, lembro daquela campanha “USA FOR AFRICA”, feito pelos artistas americanos, para angariar donativos para nossos semelhantes que ali padeciam (e ainda padecem) de fome.
No arquipélago do Marajó-Amazônia-Brasil a realidade é diferente daqueles nossos semelhantes. Lá, as indigências têm consequências variadas, principalmente pela de ordem natural, das milenares guerras tribais e por último, pela opressora colonização europeia. Aqui, nossos irmãos vivem num Apartheid globalizado de Estado - que de um lado estão aqueles que usufruem de todos os benefícios que o capitalismo moderno proporciona como a rapidez da informação, o consumo de alguns produtos de luxo, nichos tecnológicos, transações financeiras e até alto fluxo de capital. No outro estão àqueles que a mãe (pátria) rica os abandonou no nascedouro - por terem nascido feios de um pai (Estado) desnaturado que os relegou sobreviver resignadamente numa periferia sem trégua.
Na estrutura da letra de nosso hino-pátrio nacional estão escrito frases de impacto: “Deitado eternamente em berço esplêndido” – quem está deitado? E na última estrofe: “Dos filhos deste solo és mãe, gentil, pátria amada, Brasil”. Por enquanto estamos na condição de filhos da madrasta má e não da mãe gentil, amorosa e comprometida com toda a prole.
(* ) Portelense, economista, pesquisador chefe do Instituto de Pesquisa Sócioeconônicas do Estado do Amapá, atual Secretário Municipal de Planejamento do Município de Mazagão (AP). E-mail: samlima17@yahoo.com.br FACEBOOK:Samuel Barbosa
Texto elaborado em Santana-AP-Brasil, às 23h15min.
(*) Por Samuel Lima
Olá, desculpem pela ironia do texto aqui escrito -, mas daqui a menos de 12 horas estarão sendo debatidos na ALEPA (Assembléia Legislativa do Estado do Pará) os rumos para encontrar caminhos e alternativas para os graves problemas sociais que afligem o Arquipélago do Marajó. Como sempre, em minhas preleções cito a célebre e notável frase do economista-maior e o mestre do pensamento econômico latino-americano, o brasileiro Celso Furtado. “O Ponto de partida de qualquer novo projeto alternativo de nação, terá que ter, inevitavelmente, o aumento do poder e da participação do povo nos centros de decisão do país”. FURTADO está para o desenvolvimento regional assim como a lua pra noite e o subdesenvolvimento para a nossa região. Diante do exposto, vale aqui levar em consideração algumas premissas elementares para que o debate não fique apenas no discurso.
Primeiro, que os proponentes da questão tenham um IDEAL como princípio-norte dos objetivos aos quais se propõem. Sem esse nobre propósito a coisa será apenas falácia e pirotecnia.
Segundo, DEDICAÇÃO A CAUSA (Compromisso) -, para que não sejam apenas discursos eleitoreiros, recheados de falácias, para cooptar a população esperançosa, como no discurso do ex-presidente Lula, em Breves, anos passados.
Por último, PROFISSIONALISMO –, para elaborar as proposituras (políticas públicas) sólidas e fundamentadas - como foi feito na elaboração do projeto-executivo da Zona Franca de Manaus, na década de 60. Não basta ter apenas o olhar acadêmico-didático para o arquipélago em questão, achando que somente Universidade do Marajó será a solução.
Quando entramos na história do pensamento econômico brasileiro, FURTADO, afirma com muita convicção que a economia brasileira foi a primeira a se reerguer da crise mundial de 1929, antes da norte-americana, graças à política promovida pelo Estado Novo – com a industrialização brasileira, voltada para o desenvolvimento nacional. No livro “Formação Econômica do Brasil”, foi mais além. Percebeu a vulnerabilidade das grandes potências frente às adversidades sejam elas de qualquer natureza.
O caso marajoara para ser contornado é preciso programar um esforço de guerra com políticas de curto prazo ou, então, só resta o Governo Federal como salvaguarda. E uma delas seria a de o Estado do Pará devolver o Arquipélago à tutela da União, com a implantação da propagada “Zona Franca Verde” (mesmo que houvesse a necessidade de mudar a Constituição). Pois, do contrário, nossos irmãos estarão fadados à condição de “Arquipélago entre as Periferias” em face de sua localização geográfica entre Belém e Macapá.
Pois é sabido que o sistema capitalista vigente não é homogêneo. Há dissimetrias, disparidade de comportamento entre as economias que exportam produtos primários e as que exportam produtos manufaturados. A partir da teoria dos ciclos econômicos, urge a ideia de que a economia capitalista está formada de um centro, onde se geram os fenômenos importantes, e de uma periferia (o Marajó) que, absorve os impactos (resíduos como o minguado FPM) do centro. A partir daí vem à formulação do conceito de deterioração dos termos de troca. Com isso, FURTADO, programou na formulação da teoria da industrialização dos países ou regiões periféricas, ou de industrialização em condições de dependência ou de substituição de importações.
Com isso, faz-se necessário defender para a mesorregião do Marajó o desenvolvimento através de transformações da estrutura econômica e de mudanças radicais nas relações até hoje em vigência.
O desenvolvimento deve se apoiar na industrialização voltada para o mercado interno brasileiro com as prerrogativas concedidas à ZFM. Pois temos terra, recursos naturais e mão-de-obra abundantes. Tecnologia, investimentos e outros insumos é uma questão política. Ao contrário de grande parte do território africano -, pois, lá os problemas são principalmente de ordem econômica (esterilidade da natureza) que implicam nos sociais como a guerra, fome, os problemas decorrentes de saúde e por último, a educação. Contudo, lembro daquela campanha “USA FOR AFRICA”, feito pelos artistas americanos, para angariar donativos para nossos semelhantes que ali padeciam (e ainda padecem) de fome.
No arquipélago do Marajó-Amazônia-Brasil a realidade é diferente daqueles nossos semelhantes. Lá, as indigências têm consequências variadas, principalmente pela de ordem natural, das milenares guerras tribais e por último, pela opressora colonização europeia. Aqui, nossos irmãos vivem num Apartheid globalizado de Estado - que de um lado estão aqueles que usufruem de todos os benefícios que o capitalismo moderno proporciona como a rapidez da informação, o consumo de alguns produtos de luxo, nichos tecnológicos, transações financeiras e até alto fluxo de capital. No outro estão àqueles que a mãe (pátria) rica os abandonou no nascedouro - por terem nascido feios de um pai (Estado) desnaturado que os relegou sobreviver resignadamente numa periferia sem trégua.
Na estrutura da letra de nosso hino-pátrio nacional estão escrito frases de impacto: “Deitado eternamente em berço esplêndido” – quem está deitado? E na última estrofe: “Dos filhos deste solo és mãe, gentil, pátria amada, Brasil”. Por enquanto estamos na condição de filhos da madrasta má e não da mãe gentil, amorosa e comprometida com toda a prole.
(* ) Portelense, economista, pesquisador chefe do Instituto de Pesquisa Sócioeconônicas do Estado do Amapá, atual Secretário Municipal de Planejamento do Município de Mazagão (AP). E-mail: samlima17@yahoo.com.br FACEBOOK:Samuel Barbosa
Texto elaborado em Santana-AP-Brasil, às 23h15min.
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