A turma da 8ª série da EMEF Ezídio Maciel realizou três
torneios de futebol no último sábado, dia 9 e eu estive a prestigiar o evento,
juntamente com a professora da turma, Odineia Correa.
O que eu não esperava mesmo era me tornar um dos narradores
do evento, o que aconteceu quase por acaso. Antes da programação principal, a
professora Odineia propôs a realização de um mini torneio entre as crianças,
segundo ela porque havia muitos infantes no local disposto a brincar e assim
haveria entretenimento antes do certame principal. Como o locutor oficial, o
ACS Beto, não havia chegado, me pediram pra narrar as partidas. E olha que logo
depois veio o torneio feminino e a narração continuava até Beto chegar com seu
microfone wireless e seu jeito peculiar de narrar os lances.
Crianças, jovens e até idosos se ajuntavam ao redor do
estádio apelidado de Laguinho, um nome dado devido no inverno ficar repleto de
água, servindo de morada de pequenos peixes. Para arrecadar fundos no sentido
de fazer uma festa de conclusão do curso fundamental, foi montada uma barraca.
Nela podia-se ver bolo, balas, refrigerante e outras guloseimas. Assim seguia a festa, com a presença de outro professor: Rildo Moraes,
que trajava um chapéu no estilo vaqueiro do nordeste, todo de couro.
A brincadeira seguia pela tarde toda, numa aparência de
reunião familiar, sem confusão, sem brigas, apesar de algumas discórdias a
respeito da arbitragem, que era conduzida pelo experiente Nunes, morador da
Vila Boa Vista, mas nada que pudesse ser considerado violento, pois estava
entre uma das regras o xingamento e palavras de baixo calão em relação ao
árbitro ou mesmo quanto aos adversários.
Entre a torcida estava a matriarca da comunidade, a Senhora
Vena, que é esposa do respeitado Quincas, que apesar da idade avançada,
participa ativamente das realizações comunitárias da localidade. Quincas não
compareceu, já que se mantinha ocupado com sua venda. Mas a filha, a Ane – que
também é aluna da 8ª série -, estava ali, como uma verdadeira aprendiz de
comerciante a dar troco e vender os produtos da barraca, junto com a Leciléia e
a filha do locutor Beto, a qual ficava responsável pela guarda do dinheiro que
entrava.
No final da tarde, apurou-se mais de 360 reais em inscrições
de times oriundos de diversas comunidades, ausente a rapaziada de Aparecida,
que é onde reside a Vanica, terra conhecida como Laranjal. Após ajustar os
valores, sob o olhar e testemunho de diversas pessoas, Odineia e eu estávamos
prontos para a volta ao nosso lar.
No meio do caminho, na localidade Pinheiro, havia uma
festança que já estava em seu segundo dia, numa celebração anual que dura três
dias consecutivos. Vi barracas cheias de comida, amigos, conhecidos e o
patriarca da Vila, o seu Caboco, que acenava enquanto passávamos. Pena que a
noite já caía e nossa moto estava sem farol e as crianças esperavam em casa. No
meio da noite, por volta das sete horas, encontramos dois casais de professores
que, na escuridão, se dirigiam ao local do festejo, uma forma respeitosa de
celebrar junto aos pais dos seus alunos. Assim, participamos de mais um dia
entre comunitários do interior, atravessando pontes decrépitas, sendo rimpados
por matos cortantes, derrapando em areia e fazendo curvas íngremes. Sem
esquecer cavalos que ficam no meio da estrada e só arredam o casco quando já
estamos a cerca de cinco ou seis metros de distância.
Bom saber que o resultado do evento beneficente arrecadou mais de mil e setecentos reais, que deverá fazer uma bela festa no mês de dezembro.
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