Outro dia, li numa postagem em rede social em que um jornalista expunha a cidade de Portel como modelo para o Brasil. Estranhei a proposição e levantei alguns pontos sobre o que seria uma cidade modelo, que os outros habitantes do país poderiam se espelhar e ansiar por ter os recursos, a condição e a qualidade de vida. Afinal, o que indica que uma cidade é modelo para o Brasil ou para o mundo?
Segundo a consultoria de recursos humanos britânicas Mercer - recentemente ela considerou Viena (capital da Áustria) como a melhor cidade do mundo, sendo que 4 cidades do Brasil concorreram: São Paulo, Rio de Janeiro, Manaus e Brasília, mas não conseguiram boas posições, embora Brasília apresentasse os melhores índices do país - os aspectos que aferem a qualidade de vida de uma cidade são:
- econômicos;
- políticos;
- sociais;
- culturais;
- ambientais e
- de segurança;
- ofertas de serviços;
- educação e
- moradia.
Analisando a fala do jornalista, creio ser apenas bajulação e, usando de sua visibilidade diária na TV, usa de sua postura para MANIPULAR informações. Vejamos, pois, os fatos:
Econômico: Primeiramente, a cidade de Portel não tem um projeto ou plano econômico, caso contrário não teríamos a alarmante taxa de desemprego depois do fechamento das madeireiras e a opção dos madeireiros em venderem madeiras em tora em vez de beneficiar o produto localmente. Uma cidade que recebe mais dinheiro oriundo do Programa Social Bolsa Família do que o Fundo de Participação dos Municípios não pode se gabar em termos de qualidade de vida, além de um número enorme de beneficiários da pesca, que de longe não são pescadores. Aliás, a cidade vive mesmo em função dos repasses dos governos estadual e federal. Bem recentemente a prefeitura de Portel não pagou os servidores da educação e já havia empresários pensando em fechar as portas, tal o endividamento.
Político: Embora a empresa Mercer use o critério de instabilidade política, há que se entender que a corrupção, o nepotismo, o enriquecimento ilícito são mazelas que contribuem para o rebaixamento da no ranking de uma cidade.
Sociais: Esse é o fator socioambiental, o qual considera disponibilidade de mídia e censura e limitações para a liberdade individual. No caso do jornalista e sua emissora, o que dizer de um espaço de mídia que impede a veiculação de notícias contra seu patrão que paga assessoria para filtrar informações? Isso também é um caso de censura, como também o é a pressão sofrida por um blog por veicular o lado podre da fruta.
Ambientais: Por aqui não há registros de desastres naturais como enchentes e terremotos, porém é importante ressaltar o contínuo desmatamento por empresas que não possuem responsabilidade social com a sociedade, enviando o produto para ser beneficiado em outros lugares, além de ser ilegal por não plantar um pé sequer da espécie explorada. Pode-se ainda elencar aqui a falta de tratamento de resíduos sólidos, sendo a disposição do lixo a céu aberto.
Segurança: Não há um aparato policial suficiente, sendo reconhecidamente precário o número de policiais. Cresce a violência, assaltos na cidade e na zona urbana existem piratas que invadem domicílios, espancam idosos, estupram crianças e mulheres, do que se compreende que não há policiamento para a zona rural nos rios do município.
Ofertas de serviços: a eletricidade, mesmo com a existência do programa Luz para Todos, ainda não chegou às comunidades interioranas. O fornecimento de água é precário e falta constantemente. Há bairros desassistidos pelo serviço de água. Existe o descumprimento de lei da mobilidade urbana, com congestionamento e constante acidente na rua 2 de Fevereiro, que poderia ser desafogado por meio da expansão da rua Ypiranga (Pinho) e asfaltamento da rua Pacajá (liga o Centro a Pinho, Cidade Nova, Castanheira e estrada Transcametá). Pode-se considerar ainda o transporte fluvial como o único meio de transporte. Não há aeroporto, nem porto para carga e descarga de grande porte. Ainda na questão de ofertas de serviços, identifica-se a péssima qualidade da Internet, que funciona até hoje por vias de rádio.
Educação: Padrão e disponibilidade de escolas internacionais. Não há universidades, núcleos ou campi de universidades.
Referências:
As 10 cidades com melhor qualidade de vida. Disponível em: acessado em 14 fev 2016, 13:18:12.
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