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quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Portel: Violência no rio Anapu - parte I



Ao conversar com idosos vindos do interior de Portel acerca de fatos violentos, o termo pacato precisa ser considerado novamente. Eu, particularmente, decidi nunca mais me referir numa postagem com termos do tipo “hoje o dia está calmo”, “A cidade amanheceu tranquila”. Veja por quê.
O casal com quem mantive breve diálogo no início desta noite me falava sobre uma briga acontecida durante um torneio de futebol na localidade conhecida como Marapanã, aproximadamente uns 40 minutos da sede do município de Portel, já no rio Anapu, bem do lado fronteiriço com Melgaço. Do lado de Melgaço havia uma família que desenvolveu um certo desafeto em relação a outra moradora do lado de Portel.

Não se sabe bem os motivos da desavença familiar, mas há cerca de 22 anos atrás quatro mortes assombravam o interior de Portel, cuja cidade era considerada como  “pacata”. Naquele dia poderia ser esquecido como mais um momento de lazer prazeroso. No entanto, o espírito do mal sondava o lugar.

Armada a encrenca por meninos, dois pais de família entraram em choque, sendo que um foi morto a tiro. Vendo o pai no chão, a morrer, o filho avança e sua esposa, grávida, se atira na frente do homem armado com cartucheira e o tiro é impiedosamente disparado, matando o bebê ainda no ventre da mãe. O marido desta, vendo que sua mulher caíra no chão, partiu em direção ao atirador. Recebeu uma bala na boca quando proferia a palavra “matou o meu filho, agora vou te matar”.

No momento em que conto esta história, já são três mortos: O pai, o filho e o neto. Mas a bruxa estava solta naquela tarde. Um sobrinho também foi alvejado, tendo morte súbita. Com quatro mortos na vila, o relator deste fato macabro disse que cuidou praticamente sozinho de quatro cadáveres. E tinha mais: morria lá e lá mesmo era enterrado. A polícia de Melgaço ainda autorizou que qualquer membro da família poderia se vingar pela morte dos quatro parentes. Depois de seis anos na cadeia, o assassino viveu alguns dias solto e morreu de causas naturais.

E a mãe do bebê? Ela ainda estava em Portel ontem, viva. Os três filhos do homem morto junto com filho e neto e sobrinho ainda vivem e são vistos de vez em quando na cidade de Portel.

É, gente, nunca mais me fale em cidade pacata, pois há muitas histórias horrendas do passado que não seja só mortandade de índios, história que ainda vou contar aqui.

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