Faculdade
está cobrando dos estudantes 3,61% sobre o valor das mensalidades,
resultado da diferença entre a correção feita pelo governo e o
reajuste praticado pela instituição
O Ministério Público
Federal (MPF) iniciou processo judicial contra a Faculdade
Metropolitana da Amazônia (Famaz) contra a cobrança ilegal de
valores dos alunos que ingressam ou que permanecem na instituição
por meio do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). A faculdade
está obrigando todos os estudantes a assinarem um termo de
compromisso em que se comprometem a "arcar com a importância
referente ao percentual de reajuste de 3,61% do valor de seu curso,
resultado da diferença da correção aplicada pelo Fies com a da
Famaz”. A cobrança viola frontalmente os direitos dos alunos e o
regulamento do fundo.
“Os alunos, mesmo no
gozo de Programa Federal que dá direito ao financiamento integral
das mensalidades do curso, estão sendo obrigados a firmar
compromisso de pagamento do valor que excede o percentual de reajuste
autorizado pelo governo federal, em clara afronta, desproporcional,
diga-se, ao direito de pleno acesso à educação em todos os seus
níveis”, diz a ação do MPF, assinada pela Procuradora Regional
dos Direitos do Cidadão, Melina Tostes.
Para a procuradora da
República, “por serem alunos que gozam de prerrogativa de
financiamento, presume-se que não possuam condições financeiras
atuais para solver quaisquer tipo de dívidas referentes ao custeio
das mensalidades decorrentes de seus cursos respectivos, caso
contrário não seriam beneficiários, já que o Fies se pauta em
limite máximo de renda bruta familiar.”
Além de violar o
direito constitucional à educação, já que esses estudantes
recebem o benefício justamente por não terem nenhuma capacidade de
pagar as mensalidades e o regulamento do Fies, que veda qualquer
cobrança, o MPF considera que a exigência da Famaz é ilegal também
por violar direitos contratuais dos alunos, já que, após a adesão
deles ao programa, passou a fazer exigências ilegais às quais eles
não têm o poder de recusar.
Diante da exigência
ilegal da Famaz, os estudantes só têm como escolhas assinar o termo
e passar a pagar a mensalidade ou abandonar os estudos. “A grande
maioria desses estudantes, por ser pleiteante de benefício de
postergação de pagamento integral, não possui condições
financeiras para, inclusive, pagar a tarifa integral das passagens de
condução pública decorrentes da ida e da volta ao local do estudo.
Considerando a situação econômica precária de muitos desses
estudantes, a imposição de taxa extraordinária constitui evidente
vedação de oferta ao ensino”, diz o MPF. A cobrança é
“completamente incompatível com o regime a que está sujeita a
prestação de serviços educacionais no país”
Para piorar a
situação, a faculdade está exigindo a assinatura do termo de
compromisso imediatamente, enquanto o prazo de inscrição no Fies só
se encerra no próximo dia 30 de abril.
Processo nº
0007152-49.2015.4.01.3900
Ministério Público
Federal no Pará
Assessoria de Comunicação
Assessoria de Comunicação
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