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sexta-feira, 13 de março de 2015

Quilombolas de Portel acusam Cikel de praticar agressões e ameaças


Cikel: Câmara debate abuso                 Foto: Nova Cartografia Social

Desde o período em que Felizardo Diniz (início dos anos 80) que não mais se achava gente com coragem para enfrentar os abusos cometidos pela empresa Cikel contra ribeirinhos e foi o próprio ex-prefeito Diniz que promoveu uma ação contra essa empresa responsável por danos ao meio ambiente. Conflitos agrários como grilagem já eram relatados nos idos dos anos 70, segundo documentos pesquisados pelo blog.

Publicações como Quilombolas de Portel acusam a empresaCikel de agressão e ameaça vêm se tornando comuns em espaços na Internet, pois empresas de telecomunicação até o momento não publicam nada que vá de encontro a essa organização. De acordo com o site que fez essa postagem, a Associação  de Remanescentes de Quilombo da Comunidade de São Sebastião Cipoal, no rio Pacajá, em Portel, registrou um boletim de ocorrência contra a empresa Cikel. Os moradores, membros da associação, em boletim registrado na delegacia do município, três homens conhecidos como Tonhão, Nildo e Sílvio estão praticando invasão de domicílio, agredindo seus moradores e até tomando ferramentas usados no trabalho dessa gente, além alimentos como caça e pesca. O pior, ainda segundo o sítio na internet, é que os agressores se passam por policiais, pois trajam fardamento do Exército Brasileiro. O fato aconteceu no último dia 12 de janeiro.

A coisa parece que está se agravando tanto que até os vereadores do município Portelense se reuniram para debater situações do tipo, como a sessão ocorrida no último 6 do corrente. A reunião especial foi de iniciativa dos vereadores Benedito Edivaldo (Tururi) Nunes e Semone Moura da Silva para tratar de conflitos como o citado no parágrafo anterior. Desta sessão participaram nove quilombolas das comunidades São Sebastião de Cipoal e Nossa Senhora do Carmo, o presidente da Comunidade Quilombola de São Tomé de Tauçú do rio Acutipereira, dois representantes do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais do Município de Portel (STTR), representante da secretaria municipal de educação (SEMED), duas pesquisadoras do Projeto de Mapeamento Social como instrumento de Gestão Territorial contra o Desmatamento e a Devastação: Processo de capacitação de povos e comunidades tradicionais   (PNCSA-UFPA) e oito vereadores.

O vereador Francisco Ângelo de Oliveira Júnior, em 7 de maio de  2014,  já havia se manifestado contra o tratamento dado pela empresa Cikel aos ribeirinhos do rio Camarapi por meio de uma Moção de Repúdio nº 002/2014. No documento, o representante popular Ângelo diz que “as populações tradicionais e os ribeirinhos do rio Camarapi [...] estão sofrendo com o tratamento dispensado pelos policiais  militares e seguranças particulares armados da empresa ABC/CIKEL, que de forma arbitrária, truculenta e autoritária, humilham, maltratam e ameaçam os pais e mães de famílias daquela área”.

A CIKEL Verde Madeira é arrendatária da maior parte de 145.000 hectares de propriedade da empresa ABC Norte, que abrange porções dos municípios de Portel e Bagre. Esse domínio já é alvo de Ação Civil Pública (nº 2007.00.39.011610-4). Essa empresa foi favorecida pela Secretaria de Meio Ambiente Estadual (SEMA) para a realização de “planos de manejo”, porém, desde 2003 ela vem sendo notificada sucessivamente como autora de agressão contra os povos tradicionais da região.

A empresa, muito embora denunciada como agressora, utiliza-se de mecanismos legais e jurídicos para operar a apropriação privada dos recursos madeireiros e a interdição desses recursos por grupos sociais como sendo os destruidores e que estes participam de um esquema de toras com os madeireiros ilegais que atuam no rio Pacajá. A mesma sustentação domina a opinião dos técnicos  da SEMA e IBAMA.


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