Inspeção
é conjunta com várias instituições. Procuradores da República
devem visitar áreas afetadas e áreas para onde os moradores do
Xingu estão sendo removidos
O
Ministério Público Federal comunicou
várias
instituições sobre
a
inspeção in loco
nas
áreas afetadas pela usina de Belo Monte onde está
havendo a remoção
compulsória de populações ribeirinhas. Confirmada
para ocorrer entre os
dias 1 e 3
de junho, em Altamira, a
inspeção contará com o apoio da 6a
Câmara de Coordenação e Revisão do MPF e da Procuradoria Federal
dos Direitos do Cidadão. Além do órgão licenciador da obra
(Instituto Brasileiro de Meio Ambiente) e da Fundação Nacional do
Índio, serão convidadas a participar instituições públicas e
privadas que atuam na região.
O
objetivo da inspeção é verificar de perto a situação dos grupos
atingidos pela hidrelétrica, uma vez que embora seja símbolo da
Amazônia um modo peculiar de vida consolidado às margens dos rios
(em uma dependência mútua entre rio e cidade) os ribeirinhos da
beira e das ilhas do Xingu foram tornados invisíveis no processo de
licenciamento de Belo Monte, o que coloca em risco a sobrevivência
física e cultural dessas pessoas.
Para
a procuradora da República Thais Santi, que acompanha os impactos da
usina sobre os ribeirinhos “a interpretação do direito
constitucional à moradia tem que ser feita à luz das peculiaridades
locais, sob pena de violação de um direito humano fundamental e de
desrespeito ao pluralismo que marca nossa sociedade”.
“No
caso dos ribeirinhos impactados por Belo Monte, que por gerações
tiveram de se adaptar à sazonalidade imposta pelo rio Xingu e que
sempre dependeram de constante deslocamento ao núcleo urbano para
acessar os serviços públicos essenciais, o reconhecimento das
moradias sazonais, das casas de apoio e das duplas moradias é
condição indispensável para que seja autorizada qualquer
interferência nas suas áreas", diz a procuradora.
Uma das disputas entre os atingidos e a Norte Energia é sobre as
chamadas moradias sazonais, casas mantidas por ribeirinhos e
extrativistas que moram nas áreas rurais de Altamira, geralmente em
profunda ligação com o rio Xingu, mas precisam se deslocar para o
centro urbano do município para resolver questões previdenciárias,
de saúde ou mesmo levar as crianças para a escola, tamanha é a
precariedade dos serviços públicos nas regiões mais afastadas.
Para essas pessoas, a empresa tem recusado o direito de
reassentamento.
Questionado sobre o assunto pelo MPF, o Ibama respondeu que “o não
reconhecimento dessa condição de dupla moradia lindeira, sejam elas
precárias, frágeis e sazonais, bem como a oferta de indenização
voltada apenas para a condição patrimonial do atingido não permite
a recomposição das condições de vida encontradas previamente à
instalação da obra”. Da mesma forma, prossegue a nota técnica
enviada ao MPF, “a proposição de reassentamento rural ou urbano
em áreas distantes das beiras dos rios enquadra o processo de
negociação com os grupos ribeirinhos e de pescadores em situação
de não haver mitigação ou compensação do impacto socioambiental
a eles causado”
A
inspeção será precedida de reunião no núcleo urbano de Altamira
e oitiva dos atingidos e deve ocorrer nas áreas de impacto a
montante do barramento no rio Xingu, nos locais de suposto
reassentamento realizado Norte Energia e em áreas para onde foram
removidos os atingidos que receberam carta de crédito ou indenização
em dinheiro.
Já confirmaram a participação o Procurador Federal dos Direitos do Cidadão e o Conselho Nacional de Direitos Humanos.
Já confirmaram a participação o Procurador Federal dos Direitos do Cidadão e o Conselho Nacional de Direitos Humanos.
Ministério Público
Federal no Pará
Assessoria de
Comunicação
(91) 3299-0148
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