Novamente o assunto conselho escolar volta à tona. E grassam
por causa da escassez de verba para contemplar ações paliativas que ainda
surtem efeitos na opinião pública do que seja uma boa gestão que, a meu ver,
não tem nada de democrática, sobretudo porque passa por decisões que não se
amparam na ética nem na transparência.
Aliás, ainda está latente o desvio de vinte mil reais até
hoje comprovados, mas infelizmente ninguém denunciou os culpados ao Ministério
Público, caso apenas relatado verbalmente à secretária Ana Valéria por dois
representantes de duas comunidades do rio Acutipereira. Em contrapartida à
denúncia dos envolvidos no esquema de desvio do dinheiro do conselho, a premiação de novas nomeações a estes
fraudadores deixa evidente que há mais interesses do que se pensa.
Pra começar, o Projeto Político Pedagógico (PPP) contem
algumas páginas e foi feita num gabinete qualquer por uma pessoa apenas,
resultando numa foto fora de foco da realidade, sem ouvir os atores da
comunidade escolar, ou seja, os pais, os professores, serventes, vigias, os
líderes comunitários, pastores, coordenadores eclesiais de base e,
principalmente, os alunos. Nele deveria constar todos os anseios desses setores
como, por exemplo, uma impressora de qualidade para substituir aquela que o
diretor levou para sua casa ou até um conjugado de boa qualidade enquanto os
políticos não fazem chegar a tão sonhada luz do Linhão do Marajó ou viabilizada
através da Luz para Todos.
Depois disso, há que pensar na qualificação dos conselheiros
e do próprio coordenador de conselhos que fica bem acomodado num gabinete
dentro da secretaria de educação com sua bunda resfriada pela central de ar
enquanto os conselhos escolares ficam sendo gerenciados pelo presidente e pelo
tesoureiro, com os cheques em branco e os interesses pessoais acima de tudo e
menos os da comunidade escolar.
Aparte desses problemas, ao assumir uma vaga como
coordenador do SINTEPP, sugeri aos demais colegas uma visita às escolas para
fiscalizar o funcionamento desses conselhos de fachada que sustentam interesses
que não sejam os dos alunos. Só para ilustrar, há diretores que preferem pintar
suas escolas do que dar condição de trabalho aos professores que pedem dinheiro
aos pais mais do que filho sem mãe. Infelizmente às vezes eu sou acompanhado
por parceiros que não tem colhões o suficiente para encarar esse tipo de labuta
por conta de interesses que pensam que a gente não sabe quais são.
Numa conversa com o prefeito Paulo Ferreira no dia 23 de
outubro, pareceu (isso, pareceu) que está indignado com a conduta dos
conselhos, embora até hoje não tenha surgido nenhuma ideia estratégica por
parte da secretaria de planejamento. Nesse caso, há um controle interno, que
parece mais querer controlar os servidores do que controlar os péssimos
gestores que deram fama ruim aos governantes que sucederam ao atual prefeito e,
pelo andar da carruagem, vão deixar o nome de Paulo Ferreira numa situação bem
difícil, principalmente porque os índices educacionais não prestam atenção à parede
bem pintada e, sim, no resultado que o próprio pai percebe ao ver seu filho
lendo, seu filho sendo aprovado tanto na escola como nos empregos que se
desviam de mera bajulação.
Uma escola de médio porte com 100 mil reais para gastar
atrai gatunos de toda ordem e, membro de conselho que participou de esquema de
desvio de verba não deveria integrar mais nenhum conselho. Sou professor e seu
o que é trabalhar numa escola onde não tem material como caderno para os alunos
(isso mesmo, trabalhamos com crianças de natureza humilde, bem sintetizada por
uma aluna que disse que “nós somos pobres”), uma impressora que suporte mais de
5 mil tiragens por mês, projetores que funcionem, recursos diversos para implementar
uma aula condizente com os ideais dos educadores como Paulo Freire e outros que
buscam a diversidade de metodologias para atender à diversidade dos seres
humanos que passam pelas salas de aula com suas capacidades de aprender ora
rapidamente ora lentamente.
Já se foi o tempo em que um professor dispunha de apenas um
quadro negro, uma pedra de giz, carteiras para os alunos, uma palmatória,
milhos e um impiedoso “não” pronto pra ser liberado a qualquer manifestação verbal
do aluno para pedir licença para ir ao banheiro. Hoje a concepção de aluno
mudou, primando pela preparação como ser humano. A pura demonstração da
condução de um conselho revela aos alunos que a saída é a corrupção, o vale
tudo para cooptar recursos e mascarar uma realidade, pois é desse jeito que
essa nação está podre e a comunidade internacional já faz jacota do povo
brasileiro por ser corrupto.
Conselhos eivados de erros, com parentes e excesso de
professores, ausência de pais de alunos. Tais fatos devem ser encaminhados ao
Ministério Público e este tem que agir para impedir esse massacre na educação
que está sendo praticado no silêncio, mas que vai desembocar no sofrimento da
juventude que vai continuar a se matar por não ter um modelo de comportamento
decente a apontar uma saída meritória, cujos órgãos educacionais são os piores
exemplos a serem seguidos.
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