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terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Conselhos escolares na mira dos corruptos



Novamente o assunto conselho escolar volta à tona. E grassam por causa da escassez de verba para contemplar ações paliativas que ainda surtem efeitos na opinião pública do que seja uma boa gestão que, a meu ver, não tem nada de democrática, sobretudo porque passa por decisões que não se amparam na ética nem na transparência.

Aliás, ainda está latente o desvio de vinte mil reais até hoje comprovados, mas infelizmente ninguém denunciou os culpados ao Ministério Público, caso apenas relatado verbalmente à secretária Ana Valéria por dois representantes de duas comunidades do rio Acutipereira. Em contrapartida à denúncia dos envolvidos no esquema de desvio do dinheiro do conselho,  a premiação de novas nomeações a estes fraudadores deixa evidente que há mais interesses do que se pensa.

Pra começar, o Projeto Político Pedagógico (PPP) contem algumas páginas e foi feita num gabinete qualquer por uma pessoa apenas, resultando numa foto fora de foco da realidade, sem ouvir os atores da comunidade escolar, ou seja, os pais, os professores, serventes, vigias, os líderes comunitários, pastores, coordenadores eclesiais de base e, principalmente, os alunos. Nele deveria constar todos os anseios desses setores como, por exemplo, uma impressora de qualidade para substituir aquela que o diretor levou para sua casa ou até um conjugado de boa qualidade enquanto os políticos não fazem chegar a tão sonhada luz do Linhão do Marajó ou viabilizada através da Luz para Todos.

Depois disso, há que pensar na qualificação dos conselheiros e do próprio coordenador de conselhos que fica bem acomodado num gabinete dentro da secretaria de educação com sua bunda resfriada pela central de ar enquanto os conselhos escolares ficam sendo gerenciados pelo presidente e pelo tesoureiro, com os cheques em branco e os interesses pessoais acima de tudo e menos os da comunidade escolar.

Aparte desses problemas, ao assumir uma vaga como coordenador do SINTEPP, sugeri aos demais colegas uma visita às escolas para fiscalizar o funcionamento desses conselhos de fachada que sustentam interesses que não sejam os dos alunos. Só para ilustrar, há diretores que preferem pintar suas escolas do que dar condição de trabalho aos professores que pedem dinheiro aos pais mais do que filho sem mãe. Infelizmente às vezes eu sou acompanhado por parceiros que não tem colhões o suficiente para encarar esse tipo de labuta por conta de interesses que pensam que a gente não sabe quais são.

Numa conversa com o prefeito Paulo Ferreira no dia 23 de outubro, pareceu (isso, pareceu) que está indignado com a conduta dos conselhos, embora até hoje não tenha surgido nenhuma ideia estratégica por parte da secretaria de planejamento. Nesse caso, há um controle interno, que parece mais querer controlar os servidores do que controlar os péssimos gestores que deram fama ruim aos governantes que sucederam ao atual prefeito e, pelo andar da carruagem, vão deixar o nome de Paulo Ferreira numa situação bem difícil, principalmente porque os índices educacionais não prestam atenção à parede bem pintada e, sim, no resultado que o próprio pai percebe ao ver seu filho lendo, seu filho sendo aprovado tanto na escola como nos empregos que se desviam de mera bajulação.

Uma escola de médio porte com 100 mil reais para gastar atrai gatunos de toda ordem e, membro de conselho que participou de esquema de desvio de verba não deveria integrar mais nenhum conselho. Sou professor e seu o que é trabalhar numa escola onde não tem material como caderno para os alunos (isso mesmo, trabalhamos com crianças de natureza humilde, bem sintetizada por uma aluna que disse que “nós somos pobres”), uma impressora que suporte mais de 5 mil tiragens por mês, projetores que funcionem, recursos diversos para implementar uma aula condizente com os ideais dos educadores como Paulo Freire e outros que buscam a diversidade de metodologias para atender à diversidade dos seres humanos que passam pelas salas de aula com suas capacidades de aprender ora rapidamente ora lentamente.

Já se foi o tempo em que um professor dispunha de apenas um quadro negro, uma pedra de giz, carteiras para os alunos, uma palmatória, milhos e um impiedoso “não” pronto pra ser liberado a qualquer manifestação verbal do aluno para pedir licença para ir ao banheiro. Hoje a concepção de aluno mudou, primando pela preparação como ser humano. A pura demonstração da condução de um conselho revela aos alunos que a saída é a corrupção, o vale tudo para cooptar recursos e mascarar uma realidade, pois é desse jeito que essa nação está podre e a comunidade internacional já faz jacota do povo brasileiro por ser corrupto.

Conselhos eivados de erros, com parentes e excesso de professores, ausência de pais de alunos. Tais fatos devem ser encaminhados ao Ministério Público e este tem que agir para impedir esse massacre na educação que está sendo praticado no silêncio, mas que vai desembocar no sofrimento da juventude que vai continuar a se matar por não ter um modelo de comportamento decente a apontar uma saída meritória, cujos órgãos educacionais são os piores exemplos a serem seguidos.

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