Chegaram ao fim as eleições mais
tumultuadas de todos os tempos em Portel e, com elas, uma farra de dinheiro
nunca vista antes, mas que, por trás de tudo isso, provocou uma série de
estragos. Pessoas se agrediram verbalmente, amizades foram desfeitas, religiões
foram debatidas num contexto político e alguns candidatos até tiveram que
entregar patrimônios a financiadores de campanha. Mas não é só isso. Tem
candidato que pode até ser preso... Mas este não é o foco da postagem. Pelo
contrário, investigar os motivos pelos quais o eleitor não comparece aos locais
de votação.
Por todo o país, 22,7 milhões de
eleitores deixaram de votar, ou seja, 4 milhões a mais que em 2008. O Brasil
conta hoje com 138,5 milhões de eleitores, alcançando um nível histórico de
16,41% de abstenção. O estado que apresentou o maior índice de abstenção foi o
Maranhão, com 19,62%, enquanto que Sergipe obteve a menor: 7,01%.
No Pará o índice também foi alto,
com 17,87%. Mas o absurdo fica por conta das cidades. No município de Portel,
por exemplo, 26,54% dos eleitores deixaram de votar, ou seja, 8.158 pessoas não
compareceram às urnas, o que daria para eleger um prefeito, já que o candidato
do PP, Paulo Oliveira, foi eleito com 7.229. O que estaria acontecendo com os
nossos eleitores?
Não existe motivação para participar da
escolha de um representante popular. Em tempos passados, as pessoas iam às
ruas, de bandeira na mão sem a necessidade de serem pagas para isso. Hoje, o
quadro se inverteu. Grande parte da população não acredita nos governantes,
inclusive há aqueles que dizem que é melhor pegar alguma coisa em troca do voto
porque depois da eleição o eleitor é esquecido. A insatisfação é tanta que a
Câmara Municipal foi totalmente reformada, sendo que apenas dois vereadores
tiveram seus cargos mantidos: Manoel Maranhense e Preto da Marina. E estes se
salvaram devido a velha prática do assistencialismo, pois projeto mesmo não
existe para contrariar essa opinião.
Olhando a mídia nacional, vê-se
um número enorme de publicações afirmando que o eleitor não quer mais o voto
obrigatório. Ora, quais são as bases para tais afirmativas? Não seria mais uma
questão de participação e formação política ou até de falta de informação
aliada a um nível alto de analfabetismo? Há, no entanto, aqueles que defendem o
descontentamento, aí eu estou incluso grupo, e também o da motivação. Os mais
afoitos, aqueles que ficam mais próximos do candidato, têm reais motivações
para trabalhar 24 horas, viajar, participar de comícios, passeatas, etc. A
grande massa não. Os cargos estão exauridos com a ocupação através de concurso
público. Aquela mão de obra sem qualificação não vê reais motivos para votar
nem fazer campanhas.
Acredita-se que a ausência de
votantes pode estar relacionada à falta de esperança em mudanças proporcionadas
pelos representantes do legislativo e do executivo. Isso está acontecendo a
nível de Brasil, pois desde a abertura política após a queda da ditadura e o
advento da Constituição Cidadã, as pessoas depositaram a confiança em pessoas
que espelham a maioria dos necessitados em figuras como Lula. O grande
presidente, nascido da classe operária chega ao poder para se tornar uma das
maiores lideranças mundiais, mas acaba em escândalo, tanto é que o Supremo
ainda está julgando e condenando réus petistas no caso mensalão.
Ao trazer essa tese ao nível
municipal, vemos a descrença da população mesmo tendo 6 candidatos. Os mais
eufóricos eleitores, que são os jovens, participaram das várias frentes de
campanha, com direito a gasolina, dinheiro e, também típico dessa fase, prazeres
como a bebida, tudo patrocinado por todos os candidatos, sem distinção. Apesar
de tanta barulheira, o eleitor sério, aquele que presta atenção nas propostas
do candidato, não foi contemplado com um candidato que expressasse
verdadeiramente seus anseios. Mesmo que existam candidatos melhores entre os
piores, e olha que eram seis, as mentiras e as práticas nocivas imperaram,
distorcendo a imagem de alguns em algo podre, satânico, irremediavelmente
inescrupuloso, a ponto de líderes religiosos entrarem na briga que, mesmo
amparados em dados estatísticos e denúncias aos órgãos oficiais, ainda tiveram
suas imagens, eles próprios, como se pertencessem ao nicho dos políticos
imprestáveis.
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