A gigante Dalva vive numa comunidade quilombola |
Fome, miséria, abandono. Essa foi a impressão que tive da vida dos moradores do rio mais organizado de Portel no início do ano de 2004. Visitei a comunidade Laranjal e, em seguida, Tauaçu, uma comunidade onde vivem negros fortes e altos. Ali conheci um negro chamado de Pé, porque seu pé é tão grande que é difícil encontrar um sapato ou sandália que se adeque a seu tamanho. Sua irmã, Dalva, também é uma gigante. Perguntei. Essa gente não descende de escravos? Não poderiam ser reconhecidos como um quilombo?
Nesta sexta feira, 28, Vanica, como é conhecida a sindicalista e ambientalista Osvãnia Ferreira Correa, fez mais uma de suas viagens semanais ao sítio situado no igarapé Laranjal, na região do Acutipereira. Mas desta vez Vanica foi dar uma notícia que a deixa muito feliz: um documento que reconhece o Tauaçu como mais um quilombo.
Não é pra menos, pois ao lado dos índios, o povo negro vem ganhando, à duras penas, direitos e benefícios nunca alcançados desde a abolição da escravatura, numa forma de compensar os crimes cometidos pelos brancos e ao desenvolvimento trazido pelas força negra. Esperamos voltar lá um dia e ver a prosperidade que essa conquista certamente vai proporcionar.
Já se sabe da existência no estado do Pará de 401 comunidades quilombolas. Desse total, apenas 118 são tituladas e possuem seu território delimitado pelo Instituto de Terras do Pará - ITERPA, responsável pela demcarcação das terras. Desde 1998 o Pará conta com uma legislação que
regulamenta o processo de titulação dessa categoria de terras. Inovadora, essa
legislação garante o direito à auto-identificação das comunidades sem a
necessidade de laudo antropológico – algo que o governo federal só veio a
reconhecer em 2003.
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