Chega o fim do ano e é hora de ser cobrado como resultado dos
nossos trabalhos, das nossas ações e dos nossos objetivos. Isso deve ocorrer em
todos os setores da vida e também no campo profissional. Sou professor e sei
muito bem o que é ser cobrado, especialmente quando a gente é despejada numa
sala de aula sem suporte algum e o aluno simplesmente jogado nos braços do
professor, que às vezes nem chega a conhecer nem os pais, apesar dos apelos
para as reuniões.
Pelo visto, somente o primeiro parágrafo acima já suscita
muitas postagens, porque trata de várias circunstâncias. Planejamento, por
exemplo, existe até estudos específicos para tratar do assunto. Para a sua
concretude, baseia-se no diagnóstico da turma, o que felizmente para mim não
foi dificultoso, já que trabalho com essa turma desde o ano passado, quando
recebi essas crianças sem saber o que era uma vogal ou mesmo os numerais. Hoje
é bem diferente.
Quando o sistema permite que o professor acompanhe os alunos
na fase da alfabetização, como prevê o Pacto Nacional pela Alfabetização na
Idade Certa, é possível conhecer o desenvolvimento do aluno de uma forma mais
proficiente. Como consequência, fiquei feliz com o resultado da Prova Brasil,
com 50% em Português e 80% em Matemática. Crianças que já leem deixam o
professor aqui feliz da vida em ver que, mesmo sem livros didáticos,
impressora, tinta, papel, é possível correr atrás e buscar resultados
satisfatórios. É chato quando há aquela nefasta rotatividade feita pra acomodar
os apaniguados deste ou daquele político.
Mas devo confessar que há custos que, desconheço quem
iniciou, que recaem sobre o professor, que tira do seu próprio bolso dinheiro
para a compra de pincel de quadro branco, tinta para reabastecer esses pincéis,
papel chamex, impressora, tinta para impressora, manutenção de equipamentos,
projetor, tesoura, estilete, pendrive, notebook, câmera, veículo para ir ao
trabalho, lápis para alunos carentes que recebem Bolsa Família, sinal de
internet para pesquisa, livros, gasolina para ir a reuniões, dinheiro para
comprar bolo, salgadinho, remédios, psicólogos, médicos, exames, advogados, e
até enfeites para ambientalizar a escola para o período natalino, sem esquecer
o Dia das Mães com aquele refrigerante, perfume para não ficar fedido perto dos
colegas que disputam pela revolução do guarda-roupa. Não ri, não, que to
falando sério e tenho só 100 horas e filhos também em outra escola, que pedem
dinheiro para isso e para aquilo, fora os materiais e uniformes, celular que os
colegas furtam ou roubam no meio da rua a caminho da escola sob a mira de um
revolver ou de uma faca pontuda.
Nessa semana, fui convidado a participar de uma reunião sobre
a proposta de um vereador em criar um prêmio para a escola ou para o professor
que obter avanços para a educação dos estudantes sob a sua responsabilidade.
Claro que primei em focar na qualidade da educação, sem pretender que a...
peraí que vou terminar essa publicação noutra hora, porque começou o programa
ao vivo da CNN (em inglês, é claro, que não é problema para mim porque tive uma
boa educação e falo pelo menos três idiomas estrangeiros) e não quero perder
nada sobre os terroristas do mundo, porque os daqui já sei como operam. Amapour
acabou de falar “Good evening”, porque lá em Paris é noite agora (20:00h).
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