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sexta-feira, 14 de junho de 2013

Portel: Uma visita à delegacia e ao quartel

Parece que meus dias são mesmo de aventura. E esta história que vou contar pode servir como um alerta geral para as autoridades, poder público e até como uma forma de ouvir os clamores dos pequenos.
Por volta de uma hora da manhã, dois adolescentes entraram em minha residência. Levaram um butijão e uma televisão e tentaram levar a bomba.

Ao amanhecer, foi verificado o furto. Um dos ladrões deixou cair um boné branco. Este rapaz é aluno da escola Lourdes Brasil. Seu comparsa também. Ambos com antecedentes. Inclusive os dois praticaram furto de bicicleta na escola. Em conversa com o diretor Círio, soube que os mesmos possivelmente não voltarão a estudar, motivados pelo conhecimento da direção sobre os delitos.

No quartel, o comandante me atendeu, mas pediu que eu fizesse uma ocorrência na delegacia de polícia, aconselhando que fosse feito depois das nove horas. Estive lá poucos minutos e já havia várias mulheres no aguardo de atendimento.

Enquanto as horas se passavam, fui até a casa de um dos suspeitos. Ele ficou tão pálido que quase desmaia. Cauteloso, argumentei que estava à procura de um amigo dele. Logicamente que ele negou. Ao ouvir isso, disse que eu tinha tido acesso a uma filmagem em que eles andam juntos. Após isso, lembrou que tinha um amigo com o nome referendado e até falou o apelido. Se mostrou disposto a mostrar a casa do colega.

Ao chegar na frente da casa do seu amigo, anunciou logo que estava retornando pra casa no sentido de resolver um trabalho de escola. Neste ponto identifiquei uma contradição. O diretor disse que ele não apareceu mais na escola há vários dias e este jovem mostrou-se um estudante dedicado.

Na casa de sua mãe, indaguei onde estava seu filho por volta da meia noite. Ela afirmou que o mesmo dormiu cedo. Porém, no meio do caminho da casa de seu amigo, este jovem de dezessete anos, disse que estava na casa de sua namorada.

Quando se aproximava das nove horas, me dirigi á delegacia improvisada no centro da cidade. Lá dentro havia mais mulheres do que anteriormente. Perguntei pelo escrivão e me disseram que ele estava fazendo procedimentos junto a presos. E mais gente chegava. Vi um carcereiro, de bermuda, camiseta e sandálias. Logo em seguida, o oficial que entrega intimações, funcionário bem antigo. Trajava chapéu azul, camiseta salmão, calça jeans e tênis preto, com uma bolsa preta atada no ombro. É sua característica, sempre calado, mas deu bom dia pra todos os presentes.

Enquanto e esperava, junto com as demais pessoas, conversei com diversas pessoas. História de estrupro de crianças, assaltos, invasão de domicílio e outros crimes. 

Um homem branco e magro entrou numa sala onde uma tarjeta dizia “cartório”. As mulheres, muitas quais são mães de rapazes infratores, disseram que era um dos escrivães. O mais conhecido deles, o Alex, apareceu logo que a energia apagou por um instante.

O escrivão Alex trajava bermuda, alpercatas e um boné, sobre o qual jazia um par de óculos de sol. Com voz grave, anunciou que não faria ocorrências, pois, segundo ele, a energia se encontrava instável e já tinha perdido impressora e no break.

Como fiquei sem solução junto à delegacia improvisada, voltei ao quartel. Desta vez o comandante acionou seus homens e fomos até a casa dos suspeitos. E, no meio do caminho, um homem chamou a equipe de três policiais que estavam comigo na viatura. É que tinha sido furtada uma sandália da casa do diretor da escola Rafael Gonzada, por um menor.

Antes de prosseguirmos, o policial que dirigia a viatura viu um acusado de roubo de celular. Ao ser abordado na terceira esquina, não resistiu à prisão e foi algemado, posto na gaiola. Com ele havia farto valor em dinheiro e um celular.

Ao chegar na frente da casa de um dos suspeitos do furto, um garotinho de aproximadamente dez anos disse que o elemento procurado havia assaltado uma mulher na véspera, tomando-lhe o celular, de arma em punho.

Na casa do outro suspeito, a mãe informou aos policiais que o garoto já tinha saído. Com ele tinha levado uma moto que estava no quintal da casa. Segundo a mãe, os dois andavam nessa moto na noite de ontem, mas guardaram ali porque acabou a gasolina. A polícia disse que uma moto semelhante havia sido roubada na noite passada. Talvez fosse a moto procurada.

No quartel, encontrei uma mocinha que eu já havia topado na delegacia. Tinha ido ali fazer queixas sobre uma tentativa de invasão de domicílio no bairro da Portelinha. O mesmo bairro onde aconteceu uma invasão de domicílio por cinco facínoras, que desfecharam um tiro no proprietário.


Essa foi a história de hoje. Os pertences de casa ainda não foram recuperados.

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