Os moradores do município de
Portel ainda não reagiram, mesmo com a inclusão de Portel nas mesmas condições
de Melgaço: no vermelho. Enquanto a população de Portel dorme no ponto, o povo
de Melgaço já realizou vários protestos pelas ruas, além de reuniões com o
prefeito e vereadores, sindicato e cidadãos em geral.
Por que dizer que Portel vive as
mesmas condições de Melgaço? Basta dar uma olhada nos locais onde deveriam ter
sido construídas creches, só existe mesmo a intenção.
As quadras esportivas, quatro no
total, apenas uma deu sinal de início. Mas ficou mesmo só no início, no canto
da Rodovia Portel-Tucuruí com a 2 de Fevereiro. Da mesma forma sucedeu à creche
do Bairro do Pinho, na rua Pacajá. Junto à praia do Rádio Cipó, há apenas um
terreno que seria destinado à construção da terceira creche. Para a construção
da creche Centro, a atual gestão desapropriou a casa do Castelo.
Apesar das cifras milionárias
recebidas através do Fundo Nacional da Educação (FUNDEB), integrantes do
governo falam em escassez de recursos. Como meio de fazer investimentos, o
governo pretende cortar algumas vantagens dos servidores, tais como a longa
distância dos professores que exercem suas atividades em locais distantes da
sede do município. Outra vantagem que deve empurrar ainda mais o nome do
município nos afamados índices do PNUD são os 80% garantidos aos servidores que
possuem nível superior.
O IDH das cidades brasileiras
leva em conta a renda, a educação e a expectativa de vida. A falta de
saneamento na zona rural por conta de desvios de verba assoma-se à da cidade,
com uma obra que se concretizou junto à praça do Muruci, mas que não funcionou.
Paralelamente, crescem as doenças causadas pela contaminação da água.
Em uma breve visita ao bairro do
Pinho, percebi a rua Anapu com esgoto a céu aberto e grande quantidade de lixo.
Da obra que expediu mais de cinco milhões de reais na construção de esgoto em
algumas ruas da cidade, um servidor relatou o desvio de mais de 400 metros em
materiais de esgoto.
O prefeito Pedro Rodrigues
Barbosa responde processo pelo sumiço do dinheiro destinado a implantação de
sistema de abastecimento de água em comunidades da zona rural.
Ontem, 5, moradores do conjunto
habitacional Minha Casa Minha Vida fizeram mais um protesto com bloqueio da
estrada Portel-Tucuruí. O conjunto habitacional não oferece as mínimas
condições de saneamento. A caixa d’água ainda está no chão, servindo de
criadouro para mosquitos. A energia elétrica é feita por meio de “gatos”,
ligações clandestinas que põem em risco a saúde dos moradores que se arriscam a
ligar cabos sem a menor formação.
Brigar contra as maldições de
secretários corruptos parece algo difícil de romper a cadeia de corrupção. No
fórum de Portel, de acordo com dados do Conselho Nacional de Justiça, estão
emperradas ações contra a prefeitura, cujos andamentos ficam paralisados. Em
recente visita a Portel, agentes da Corregedoria do Tribunal de Justiça fizeram
um levantamento das ações que não dão em nada por conta do lobby praticado por
advogados pagos com dinheiro público.
Um servidor da prefeitura
envolvido em um dos maiores escândalos de roubalheira ainda se gaba no Facebook
de sua façanha. Enquanto isso, um cidadão que ganhava cerca de 800 reais
construiu uma casa que apenas alguns empresários bem sucedidos constroem em
pouco tempo. Tal rapaz, que trabalhava na SEGAF (a Secretaria de Finanças),
ainda mobiliou a casa com móveis novos e comprados à vista. Um funcionário dele
que trabalhava na construção dessa casa fabulosa disse que viu ele dar portas
(daquelas feitas em movelaria) porque simplesmente não gostou das mesmas. Fez
isso umas cinco vezes, além de doar aos seus trabalhadores vasos sanitários
porque não gostou da cor dos mesmos. Um servidor da área da merenda escolar fez
tantos estragos que construiu uma casa em um piscar de olhos. Chegou a comprar
uma moto de corrida só pra brincar. As histórias são inúmeras e não compensa
escrevê-las nesta postagem que tem foco geral.
Informações seguras me
confidenciaram a presença de um homem metido a pistoleiro que vinha pegar 10%
dos repasses feitos por um deputado. Tal prática é corriqueira, disse ele.
As cidades envolvidas na lista
IDH muito baixo, como a maioria dos municípios da Ilha do Marajó, não
apresentam formas de prestação de contas. O município de Portel já implantou um
Portal da Transparência, tal como exigido em lei. No entanto, carece de
melhoramentos, pois muitas contas aparecem de forma generalizada, sem
especificar quem foram os beneficiados. As movimentações das verbas seriam melhor
mapeadas por meio deste recurso de fiscalização, já que os conselhos não
funcionam.
A maioria dos artigos e
publicações sobre a pior cidade do Brasil (Melgaço) não volta suas atenções
para o planejamento das escolas. O Projeto Político Pedagógico, em sua maioria,
é feito em gabinetes e, ao ser perguntada, uma servidora nem sabia o que era um
PPP. Ou seja, ela não sabe porque não participou da feitura do mesmo. Caso
tivesse participado, com certeza teria colocado as suas angústias e
dificuldades. Por exemplo, salas quentes, merenda escolar escassa, falta de
biblioteca, ausência de quadra para práticas esportivas.
Obs.: as afirmações acima podem
ser constatadas por qualquer pessoa, que pode ser feita em visitas aos locais
citados.
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