Após mais uma morte banal de um
jovem em Portel, fiquei algumas horas sem me manifestar. Nem tive coragem de
publicar o acontecido. Era um ex-aluno de inglês, um jovem que ao me encontrar
nas ruas da cidade sempre me cumprimentava.
No dia em que esta vida foi
tirada, eu estava em uma missão na cidade nova. Visitei três casas no bairro,
mas uma me chamou a atenção. A dona da casa viu duas crianças passarem de
bicicleta e disse: “esses dois são ladrões que não dão sossego aos moradores,
furtam de tudo”.
A senhora apontou uma casa
pertencente a um pescador (que só vive embriagado), lugar que serve para essas
crianças e jovens se embriagarem e usarem drogas. Na frente, outra casa que
funciona como boca de fumo. Segundo a senhora (que não posso entregar o nome),
um casal de velinhos denunciou à polícia que seu quintal estava sendo utilizado
como fumódromo. Como retaliação, a casa dos idosos foi saqueada. “Levaram tudo
que os velhos tinham”.
O liquidificador foi entregue na
boca de fumo em troca de duas cabeças de maconha. A dona da boca de fumo ainda
se gabou de ter vendido o aparelho por 50 reais, com um lucro de 30 reais, já
que cada cabeça custa 10 reais.
“Aquele menino ali passa tão
bêbado aqui na frente de casa que só falta cair”, diz a senhora, apontando a
casa como o local onde ele bebe. “Aquele outro já está entrando no ramo da
bandidagem”, aponta outro guri, na faixa dos dez anos de idade.
Esses pequenos furtos de
aparelhos celulares, de butijões, liquidificadores, etc, sustentam o tráfico de
drogas e também alimentam a violência, mesmo que as autoridades tenham o
mapeamento dessas condições propícias à criminalidade.
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