O texto reflete uma lembrança de sofrimento e exclusão aos que tentaram - e até que alguns conseguiram - estudos para além do poder do estado, assim como traz ao debate novos desafios que se impoem aos atuais estudantes.
Por: Luiz Sérgio de Carvalho
A vida distante da família é um tanto desprazerosa e difícil. A família constitui-se em sustentáculo essencial e base da formação moral do indivíduo.
É de conhecimento publico que o jovem portelense pelos
idos anos 70 e 80 não tinha como continuar os estudos no município, pois
não existia o “Cientìfico”, denominação correspondente ao que é hoje o
Ensino Médio, apenas o “Ginásio” e, muitos desses jovens tinham o sonho
de tornar-se “alguém na vida”, isto é, ter formação superior, tornar-se
um médico e encher os progenitores de orgulho. E para isso, a única
solução era deixar seus pais, irmãos, amigos e a terra amada para
aventurar-se até Belém no intuito de conseguir o tão almejado objetivo.
A concretização desse propósito dependia muito do lado financeiro da
família. A maioria desses jovens não eram abastados. Levavam uma vida de
classe média baixa e alguns até na pobreza, em seu termo real. No
entanto, muitos jovens arriscavam-se a residir em Belém para atingir
esse fim.
Esse êxodo iniciou-se pelos anos 70 com a ida de Twist, filho do Sr. Anselmo, os filhos do seu Nenen Almeida (Leuda, Oca, Nice Laura), os filhos do Sr. Gonzaga e os do Sr. Ladislau Queiroz.
Esse êxodo iniciou-se pelos anos 70 com a ida de Twist, filho do Sr. Anselmo, os filhos do seu Nenen Almeida (Leuda, Oca, Nice Laura), os filhos do Sr. Gonzaga e os do Sr. Ladislau Queiroz.
A
migração continuou com Walter Coelho, Ademir Tavares (Boto Preto),
Otinho Fialho, Silaney Rocha (Piroca), Sandoca, Jorge Pires, Adson,
Afonso, Antena, Damico, Ademir da Guia e muitos outros. Inicialmente não
tinham onde residir, mas, pela providência divina, surgiu no caminho
desses jovens uma senhora de coração do tamanho de Portel que os acolheu
em sua humilde casa na Passagem Bugarim, no Bairro da Cremação. Esse
anjo chamava-se Dona Preta, mãe do nosso “Soberano da palavra ritmada”,
Gilberto Paranhos. Essa verdadeira Lady, de coração cheio de bondade,
sabendo das dificuldades desse rapazes, compadeceu-se deles e os
colocou para morar em sua própria residência, juntamente com seus
familiares, estendendo a eles seu carinho e fazendo deles verdadeiros
filhos. Infelizmente esse anjo de bondade foi chamado para o lugar lhe é
de direito: o céu.
Os estudantes também fizeram uso da casa de Dona Noca, mãe do Nego Paranhos, na Frutuoso Guimarães, no comércio. Nesta época a denominação AEP (Associação dos Estudantes de Portel), começou, efetivamente, a existir. Um Estatuto foi redigido e o governo municipal começou a apoiar através de incentivo financeiro. Por ali estiveram vários portelenses, entre eles: Damico, Marilda Wakimoto, Carlinhos Araújo (Mapará), Sandoca, Alice Terra, Morena e outros.
Os estudantes também fizeram uso da casa de Dona Noca, mãe do Nego Paranhos, na Frutuoso Guimarães, no comércio. Nesta época a denominação AEP (Associação dos Estudantes de Portel), começou, efetivamente, a existir. Um Estatuto foi redigido e o governo municipal começou a apoiar através de incentivo financeiro. Por ali estiveram vários portelenses, entre eles: Damico, Marilda Wakimoto, Carlinhos Araújo (Mapará), Sandoca, Alice Terra, Morena e outros.
Da Frutuoso,
os estudantes migraram para avenida Conceição, no Jurunas. Era uma casa
modesta que tinha como grande colaborador, em todos os sentidos, o
Sr. Humberto Prado. Neste período houve pleito para se escolher o
Presidente da AEP tendo como aspirantes ao cargo o próprio Humberto
Prado e Carlinhos Carvalho, tendo este último sido o vencedor com a
maioria dos votos. Nesta fase residiram lá jovens como: Carlinhos
Carvalho, Adson Mesquita, Prof. Afonso Mesquita, Morena, Mary Wakimoto,
Alice Terra, Zé Maria (Colmeia), Damico, Léo da CEIA, Ércio, Edinilton e
Guilherme.
Nesse período de ouro, muitos portelenses tiveram papel fundamental na manutenção e cooperação dessa Instituição. Não se pode esquecer, também, de Siliney Rocha, Diretor de Esportes, atuante na sua função de marcar jogos nos campos de peladas de Belém.
Da Avenida
Conceição a Associação foi transferida para a Estrada Nova onde começou
sua decadência. De lá continuou com sua sina de nômade retornando à
bulgarim, agora em nova casa. A vocação ao ato migratório iria se
confirmar com a mudança para a Rua 21 de Abril.
Novamente a sede
mudou-se para a Padre Eutíquio quando, começou a soerguer-se. Nessa
fase residiram lá Rildo do Fórum, Júnior Camapum, Léo da CEIA, Geraldo
Paranhos e Damico.
Cumprindo com sua sina de andarilha, ela, de novo, tomou outro rumo, tendo como ocupantes Damico, Trindade, Dulcival, Peru, Reginaldo Paz, Clodoaldo e Cuia.
Cumprindo com sua sina de andarilha, ela, de novo, tomou outro rumo, tendo como ocupantes Damico, Trindade, Dulcival, Peru, Reginaldo Paz, Clodoaldo e Cuia.
Daí em diante, acéfala,
após a renúncia de seu então Presidente, teve sua derrocada decretada.
Assim, sem inquilinos, ela perdeu toda a finalidade a que tinha sido
criada: a de ajudar jovens portelenses carentes nas conclusões de seus
estudos.
A Associação dos Estudantes de Portel sumiu, escafedeu-se,
entretanto, quem viveu esse período, a tem em um lugar guardado no
coração, na sua memória.
E hoje me pergunto onde está aquela casa
que não tinha móveis, não tinha nada, apenas geladeira e fogão e muitos
estudantes com sonhos em comum de conseguir a formatura. Sim, ela
existiu e serviu ao propósito a que foi criada. É só observar os muitos
jovens que da AEP souberam extrair grande proveito. Muitos estão com os
estudos concluídos graças à própria fé e persistência e,
indiscutivelmente, à Casa dos Estudantes de Portel.
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