O STF, com o voto da ministra Rosa Weber,
decidiu pela absolvição do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e mais
sete condenados pelo crime de formação de quadrilha no processo do
mensalão do PT. Esses oito réus contestaram a condenação e ingressaram
com o recurso chamado "embargos infringentes", que acaba de ser
apreciado pelo Supremo. José Dirceu continuará no regime semi-aberto.
Dentro de poucos dias o mesmo STF estará decidindo o que fazer com o
processo do mensalão do PSDB, diante da renúncia do deputado Eduardo
Azeredo. O correto, porque a instrução já está terminada, é prosseguir
no julgamento (e não mandar o processo para a primeira instância).
Os
mensalões (do PT e do PSDB) confirmam o quanto nossas instituições
políticas ainda se acham escravizadas à corrupção que enerva o modelo do
capitalismo selvagem e extrativista, inaugurado com a colônia, em 1500,
e que não tem nada a ver com o capitalismo evoluído e distributivo
praticado em países como Dinamarca, Suécia, Finlândia, Austrália, Nova
Zelândia, Canadá, Japão etc.
No Brasil, quase todo mundo assume o
poder para realizar seu projeto partidário, não o projeto do país. Com
essa mentalidade extrativista nós não vamos nunca viver numa nação rica,
próspera e decente. Nosso crescimento econômico nunca será sustentável,
porque a grande parte do que produzimos é sempre canalizada para as
elites concentradoras da riqueza nacional (pouquíssimas famílias detêm
70% da renda nacional; o restante é dividido entre 200 milhões de
pessoas). O Brasil, há 500 anos, é um país pobre, ignorante, corrupto e
violento. Isso não se deve a razões climáticas ou geográficas ou
culturais, sim, às nossas instituições seculares (políticas, econômicas e
jurídicas) que ainda privam os cidadãos de incentivos para gerar a
prosperidade social.
As instituições políticas e econômicas são
extrativistas, posto que procuram apenas extorquir a renda nacional e
sustentar o seu poder, que usam não para construir uma nação
alfabetizada (como fez a Coreia do Sul, por exemplo, nos anos 60), sim,
para satisfazer seus próprios interesses, que são opostos ao crescimento
econômico, cultural, ético e civilizacional do provo.
Os primeiros portugueses (colonizadores, conquistadores) para ca
vieram não para formar família, sim, para extorquir, roubar, estuprar,
escravizar, genocidizar os nativos, parasitar os negros, se enriquecer,
enganando o fisco, e voltar para a pátria amada. Esse espírito selvagem e
extrativista foi impregnado na alma das elites brasileiras que, nestes
500 anos, não fizeram outra coisa senão se enriquecer em cima da
miséria, da pobreza e da ignorância da maior parte da população (ainda
hoje, ¾ dos brasileiros são analfabetos totais ou funcionais – veja
Inaf). O progresso do Brasil depende do nosso rompimento com essa
maldita herança colonialista e todas as suas nefastas consequências,
sobretudo para o futuro dos jovens que vem sendo intergeracionalmente
sequestrado.
Fonte: JusBrasil
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