Iniciativa faz parte de atendimento a recomendação feita pelo MPF
A Fundação Cultural Palmares (FCP) anunciou que vai promover de 3 a 7 de fevereiro uma série de reuniões com comunidades quilombolas da região do alto rio Trombetas, no noroeste do Pará, para informá-las sobre o andamento de processos de licenciamento ambiental para explorações minerárias na área e para discutir questões relacionadas a eventuais impactos socioambientais decorrentes desses projetos e as formas de redução desses impactos.
Também serão discutidos temas ligados à sobreposição de terras indígenas
e quilombolas nos municípios de Faro, Oriximiná e Terra Santa, região
conhecida como Calha Norte do Pará. Para esses debates também está
prevista a presença de representantes da Fundação Nacional do Índio
(Funai).
Segundo a FCP, essas reuniões (confira abaixo o calendário dos eventos)
são preparatórias para a realização de consultas às comunidades sobre os
projetos de mineração. A realização de consultas prévias, livres, e
informadas foi uma recomendação feita pelo Ministério Público Federal
(MPF) à FCP em outubro de 2013. A recomendação é assinada pelos
procuradores da República Luiz Eduardo Camargo Outeiro Hernandes, Carlos
Eduardo Raddatz Cruz e Ticiana Andrea Sales Nogueira e pela promotora
de Justiça Ione Missae da Silva Nakamura.
Por meio de relatos de diversas associações quilombolas e de
organizações não governamentais, como a organização não-governamental
Comissão Pró-Índio de São Paulo, além de informações levantadas por meio
de inquéritos e com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o MPF e o Ministério Público do
Estado do Pará constataram que as atividades de empresas de mineração na
região estão sendo implementadas ou planejadas sem a realização da
consulta prévia.
A recomendação lembra que o artigo 6° da Convenção 169 da Organização
Internacional do Trabalho (OIT) define que “os governos deverão: a)
consultar os povos interessados, mediante procedimentos apropriados e,
particularmente, através de suas instituições representativas, cada vez
que sejam previstas medidas legislativas ou administrativas suscetíveis
de afetá-los diretamente; b) estabelecer os meios através dos quais os
povos interessados possam participar livremente, pelo menos na mesma
medida que outros setores da população e em todos os níveis, na adoção
de decisões em instituições efetivas ou organismos administrativos e de
outra natureza responsáveis pelas políticas e programas que lhes sejam
concernentes; c) estabelecer os meios para o pleno desenvolvimento das
instituições e iniciativas dos povos e, nos casos apropriados, fornecer
os recursos necessários para esse fim”.
Ação judicial – Além de ter recomendado à FCP a realização de
consulta prévia, livre e informada junto às comunidades impactadas pelos
projetos de mineração na região, no ano passado o MPF também entrou com
ação judicial contra a Funai, a FCP e a União para cobrar a imediata
publicação do relatório circunstanciado de identificação e delimitação
da Terra Indígena (TI) Kaxuyana e Tunayana.
A ação, ajuizada depois de diversas tentativas do MPF de resolver a
questão de forma extrajudicial, também pede à Justiça que seja
determinada a demarcação da área indígena e a formação de grupo de
trabalho integrado pela Funai e pela FCP para realizar atividades que
incentivem o compartilhamento da área entre as comunidades indígena e
quilombola.
Segundo pedido do MPF, esse grupo de trabalho deve apresentar solução
para a definição dos limites dos direitos de ambas a comunidades nas
terras de forma que o território seja ao final declarado de ocupação
tradicional indígena e quilombola. O processo recebeu o número
0004299-32.2013.4.01.3902 e aguarda julgamento da 2ª Vara da Justiça
Federal em Santarém.
Roteiro de eventos em comunidades quilombolas do noroeste do Pará promovidos pela Fundação Cultural Palmares:
03/02
9 às 17 horas: Reunião na comunidade Sagrado Coração, com as comunidades Mãe Cuê, Aboí, Tapagé e Paraná do Aboí
04/02
9 horas: Visita às comunidades Mãe Cuê e Aboí
14 horas: Visita às comunidades Tapage e Paraná do Aboí
05/02
9 horas: Reunião na comunidade Jamari, com as comunidades Juquirizinho, Curaçá Mirim, Jamari, Juquiri Grande e Paió Grande
14 horas: Visitas às comunidades Juquirizinho, Curaçá Mirim, Jamari, Juquiri Grande e Paió Grande
06/02
9 horas: Reunião na comunidade Último Quilombo com as comunidades Último Quilombo, Nova Esperança e Moura
14 horas: Visita à comunidade Moura
15 horas: Reunião em Porto Trombetas com a participação da FCP, Mineração Rio do Norte e lideranças das comunidades quilombolas (Mãe Cuê, Aboí, Tapage, Paraná do Aboí, Juquirizinho, Curaçá Mirim, Jamari, Juquiri Grande, Paió Grande, Último Quilombo, Nova Esperança e Moura)
07/02
9 horas: Reunião em Cachoeira Porteira com as comunidades quilombolas, indígenas, MPF, Funai, FCP e Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) da Presidência da República
Ministério Público Federal no Pará
Assessoria de Comunicação
(91) 3299-0148 / 3299-0177 / 8403-9943 / 8402-2708
ascom@prpa.mpf.gov.br
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Roteiro de eventos em comunidades quilombolas do noroeste do Pará promovidos pela Fundação Cultural Palmares:
03/02
9 às 17 horas: Reunião na comunidade Sagrado Coração, com as comunidades Mãe Cuê, Aboí, Tapagé e Paraná do Aboí
04/02
9 horas: Visita às comunidades Mãe Cuê e Aboí
14 horas: Visita às comunidades Tapage e Paraná do Aboí
05/02
9 horas: Reunião na comunidade Jamari, com as comunidades Juquirizinho, Curaçá Mirim, Jamari, Juquiri Grande e Paió Grande
14 horas: Visitas às comunidades Juquirizinho, Curaçá Mirim, Jamari, Juquiri Grande e Paió Grande
06/02
9 horas: Reunião na comunidade Último Quilombo com as comunidades Último Quilombo, Nova Esperança e Moura
14 horas: Visita à comunidade Moura
15 horas: Reunião em Porto Trombetas com a participação da FCP, Mineração Rio do Norte e lideranças das comunidades quilombolas (Mãe Cuê, Aboí, Tapage, Paraná do Aboí, Juquirizinho, Curaçá Mirim, Jamari, Juquiri Grande, Paió Grande, Último Quilombo, Nova Esperança e Moura)
07/02
9 horas: Reunião em Cachoeira Porteira com as comunidades quilombolas, indígenas, MPF, Funai, FCP e Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) da Presidência da República
Ministério Público Federal no Pará
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