O sol estava ameno, mas com cara
que se tornaria malvado no decorrer do dia e eu que estava a toa a passear em
cima de minha moto pela estrada de Portel quando dois amigos apareceram. Era o
Tafarel e seu irmão, o Rádio Velho.
Tafarel recebeu esse apelido
porque jogava bola no gol e, na época, um goleiro brasileiro estampava as capas
de revistas devido a sua performance. Já o Rádio Velho tem bem explicado o seu
apelido na voz alta e conversa sem parar. Nesse seu jeito, falava das
maravilhas de seu sítio, no quilômetro 16.
Os dois irmãos acabaram me
convencendo a conhecer o sítio. Antes de acompanhá-los, perguntei se eles
dariam conta de manter o ritmo de bicicleta e eu de moto. Não entendi bem o que
o Rádio Velho falou, mas deve ter sido algo engraçado. Logo comecei a entender
mais ou menos quando vi as pedaladas dos homens.
Seguimos por amplos caminhos de
areia, no que o povo daqui costuma chamar de Campo da Natureza, local muito
apreciado pelos namorados em qualquer tempo do ano. Dizem que muitas crianças
foram feitas nessa região. (rs)
Na entrada do sítio havia um
caminhão pertencente ao pastor Gabriel, eterno presidente da Assembleia de
Deus, quase se aposentando. Os dois me disseram que o velho pastor comprou o
sítio vizinho aos seus de uma figura muito conhecida: o Setúbal.
Um tipo de árvore que chamou a
minha atenção foi o açaizeiro. Milhares de árvores! De acordo com Rádio Velho,
deve existir mais de nove mil pés de açaí, uma riqueza, dado o preço que o produto
ganhou nos últimos anos.
Logo que encerramos a caminhada
pela área onde ficam as casas, partimos para um dos igarapés, Rádio Velho com
uma garrafa de cana na mão esquerda e um terçado na direita. “Vamos comer um
peixe assado na brasa, meu amigo Ronaldo”, disse Rádio. E a conversa seguiu
agradável a tarde toda, quando já era a hora de voltar, com saudade de tanta
beleza natural e a companhia de pessoas humildes e verdadeiras.
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