Hoje cedo estive no Tracajá da
Amazônia. Peraí! É um bar? Um restaurante? Não! É como é conhecido o navio da
Marinha do Brasil, o U-15, que atua na Região Norte do Brasil, apoiando as
ações de assistência hospitalar às populações ribeirinhas.
Eram cinco horas da madrugada
quando eu me desloquei até o porto municipal de cargas, local onde está
atracado o Navio Auxiliar. Havia pelo menos 50 pessoas, cujo número veio a
aumentar com o passar das horas.
Marinheiros chegavam após uma
noite de folga. Algumas namoradas até os levavam até o trapiche.
Quando deu seis horas, um
marinheiro se aproximou e deu algumas instruções ao grupo que já passava de 60
pessoas.
Poucos minutos antes das sete
horas, um oficial desceu a longa escada e forneceu instruções sobre a
organização. Muitos ficaram furiosos ao perceberem que, de primeiro na fila,
passaram a ser os últimos. Mas logo se acalmaram e a espera continuou.
Um grupo, dentro de alguns
minutos, desceu com pranchetas e papéis nas mãos. Era a equipe que distribuía
as senhas. A hora do atendimento se aproximava.
Logo entrávamos, cada segmento
por sua vez. Ali eram vistos os senhores e senhoras que tratavam de suas
aposentadorias. Também os que procuravam atendimento médico e, na que eu
estava, os do tratamento odontológico.
No deck superior, cadeiras nos
aguardavam e fomos conduzidos a sentar na área onde uma mocinha de pele alva
reunia várias criancinhas para ensinar-lhes como escovar os dentes. Após
entregar um kit contendo escovas e creme dental, mostrava às crianças enormes
dentes de plástico e as crianças encenavam a escovação em frente a pequenos
espelhos.
Interessante notar que não mais
eram vistas pessoas da Secretaria de Assistência Social como nos anos passados.
Ouvi comentários sobre essa mudança. Nos tempos passados, já havia uma lista
prévia feita na secretaria de assistência social e algumas pessoas eram
privilegiadas no atendimento. Hoje, vi que essa realidade é diferente, pois
todos tiveram que enfrentar filas e assim foram atendidos igualitariamente.
Apesar de não ver as equipes da politicagem, algo estranho foi notado já a partir do momento do recebimento das senhas. É que o número de atendimento iniciava do 20 em diante. Talvez houvesse uma reserva, ou para dentro ou para fora de interessados. Não sei se o moreno que estava ao meu lado percebeu, mas ao entrarmos no consultório dentário, duas pessoas tinham sido atendidas. Uma criança de aproximadamente 10 anos de idade e um senhor de cerca de 30 anos. "Aí está os 'penetras'"pensei, uma vez que essas pessoas nunca estiveram na fila antes de entrar no navio. Agora me resta pensar que ou alguém do navio favoreceu a desigualdade ou políticos deram as senhas fora do navio com o consentimento de membros da tripulação.
Apesar de não ver as equipes da politicagem, algo estranho foi notado já a partir do momento do recebimento das senhas. É que o número de atendimento iniciava do 20 em diante. Talvez houvesse uma reserva, ou para dentro ou para fora de interessados. Não sei se o moreno que estava ao meu lado percebeu, mas ao entrarmos no consultório dentário, duas pessoas tinham sido atendidas. Uma criança de aproximadamente 10 anos de idade e um senhor de cerca de 30 anos. "Aí está os 'penetras'"pensei, uma vez que essas pessoas nunca estiveram na fila antes de entrar no navio. Agora me resta pensar que ou alguém do navio favoreceu a desigualdade ou políticos deram as senhas fora do navio com o consentimento de membros da tripulação.
Ali foi visto o famoso
apresentador do SBT Pará, Nyelsen Martins que foi recebido como um galã de
novela, com direito a fotos e muitos mimos por parte das mulheres. Longos abraços
e conversas se entabularam até que o jornalista subiu as escadas e só foi visto
no salão de atendimento. Entrevistou várias pessoas e oficiais.
Esta aventura só mostra que a
população carece de meios mais eficazes de atendimento médico, odontológico,
expedição de documentos (que não tem desta vez), aposentadoria, oftalmológico
(que também não tem), dentre outros como mamografia. Ressalte-se que a minha crítica quanto às desigualdades sempre permearão meus textos, apesar de alguns (geralmente os beneficiados pelas desigualdades) me criticarão. Mas um dia essas pessoas dirão que eu estava certo, pois tem dias que o navio tomba pra direita e outras vezes tomba pra esquerda.
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