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sexta-feira, 19 de julho de 2013

Prefeitura de Portel inserida no CAUC

Uma democracia sempre foi o sonho de quem viveu oprimido, reprimido, violentado, saqueado. Mas não é para todos. A descentralização, por exemplo, sendo uma das facetas da democracia, pode não ter sido um bom exemplo para o povo de Portel, município cerca de 260 quilômetros da capital Belém.

Em 2005, o prefeito Pedro Rodrigues Barbosa assumiu como o arauto da democracia, tendo o povo somado esforços para retirar do poder o PSDB, um partido que dominou o município em mais de um mandato, com índices de corrupção nunca vistos antes.

Contou-me um servidor público que ele próprio presenciou o furto de seixo, algo que sobrou pra muitas pessoas, como o irmão do atual vice-prefeito Luciano Fonseca, o Paulinho Fonseca. Ele foi chamado perante secretários do governo de Pedro Barbosa para averiguações e chegou a chorar. Na semana passada, foi-me confidenciado que o secretário de infraestrutura recebeu a denúncia sobre um carregador que retirara seixo durante a noite e madrugada. Mandaram aquele servidor denunciante se calar.

Noutra ocasião, outro servidor público percebeu que um jovem lotado na SEGAF, com um pífio salário de um pouco mais de mil reais por mês, estava a construir uma casa cujo valor já superava a casa dos sessenta mil reais. Como pode? Procurado, um gestor afirmou: “deixa roubar, não se mete nisso”.

Os exemplos se assomam. Um amigo contou-me que soube do furto de dois pneus de caminhão e se dirigiu ao prefeito: “Você tem prova?”, perguntou a então autoridade.

Entre muitos casos semelhantes está aquele do jovem que utilizava passagens compradas pela prefeitura e levava para casa deste para, como dizem os conhecidos, “montar um escritório de venda de passagens”. O servidor não foi punido.

Um funcionário me disse que fez várias horas-extras sem sequer ter gasto uma gota de suor e tinha que repartir com um chefe de departamento. Eram vários trabalhadores nestas condições.

Os fatos acima narrados são para mostrar como a descentralização sem acompanhamento pode causar sérios prejuízos ao erário público, mesmo com a criação de um departamento chamado de Controle Interno, que não serviu para controlar nada, exceto aqueles servidores que ousavam denunciar.


Hoje o preço que pagamos é a inadimplência da Prefeitura de Portel, que está no CAUC (Cadastro Único de Convênios), o SERASA das prefeituras. Com o nome sujo, o prefeito Paulo Ferreira tem que amargar a dura derrota de ver projetos como o asfaltamento de pelo menos sete ruas da cidade, como a 10 de Dezembro que aguarda há séculos por uma mão de piche. Na mesma situação está o cais de arrimo que poderia proteger a praia do Arucará da erosão que destrói a orla preferida pelos turistas e pelos próprios moradores. 

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