Em recente viagem ao interior de
Portel descobri que algumas práticas bem antigas continuam em pleno vigor,
apesar de amplas legislações que tentam, quase em vão, proteger direitos
humanos.
Um homem que nos acompanhava na
viagem apontou uma casa na beira do rio, afirmando que um certo comprador de
farinha deixou expressivo valor nas mãos de uma agricultora. Ocorre que a
ribeirinha não honrou com os compromissos de fornecer a farinha, conforme
combinado com o farinheiro. Aí a encrenca começou.
Indignado, o mercador se voltou
para o filho da agricultora e disse:
- Neste caso, você vai trabalhar
pra mim até pagar o valor que investi.
O filho da ribeirinha assim
retrucou:
- Negativo! Eu não fiz conta
nenhuma e portanto não devo nada a ninguém!
Revoltado, o cidadão, que veio de
outro município bem conhecido, disse:
- Então eu levo essa menina,
disse isso apontando para uma adolescente de 12 anos de idade.
Esse tipo de pagamento era
bastante corriqueiro nos tempos da borracha e da castanha. Contavam antigos
cidadãos de Portel que alguns empresários traziam da zona rural filhas de
agricultores que não conseguiam pagar suas dívidas.
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