Uma mulher morreu na sala de cirurgia do hospital Dr. Wilson da Motta Silveira, em Portel, após receber uma perfuração no pescoço, provavelmente desferida por meio de uma faca.
Eram minutos após a meia noite do dia 10 e eu não me sentia bem, daí peguei um mototaxi - já que eu estava bem debilitado - e fui atendido pelo médico Luiz Otávio. Não durou muito o atendimento, pois logo veio um chamado para a sala de emergência, onde estava uma mulher esfaqueada.
Fui atendido por uma técnica em enfermagem loira, que resolveu me colocar uma agulha na veia para aplicar soro. A jovem teve que abandonar o serviço porque o estado da paciente esfaqueada estava ficando grave e perdia muito sangue. Mandou que eu ficasse fora da sala de atendimento, sentado num banco. Ali vi a movimentação grande, o corre-corre da loirinha de um lado pra outro, assim como um homem de braços grossos, mais uma mulher que me atendeu outro dia com o aparelho de eletrocardiograma, além de uma enfermeira de cabelos lisos e pretos.
Enquanto os servidores do hospital tratavam da mulher que foi esfaqueada dentro de sua própria casa no bairro da Portelinha, um homem moreno entrava gemendo de dor. Indagado por mim sobre o problema de saúde, ele disse que caiu de moto. Parece que acidentes de moto ainda são muito comuns, pois algum tempo de depois, quando eu já estava deitado num leito na sala de observação, entrou um jovem com escorriações por todo o corpo.
Neste momento em que as coisas pareciam se acalmar, uma moto produz um buzinaço. Era um rapaz que foi furado na altura do tórax por uma arma branca.
Ao conversar com a amiga da mulher vitimada neste sábado, descobri que ela era a mesma pessoa que esteve numa festinha em homenagem às mães da escola onde trabalho. Ela recebeu naquele início de noite um sapatinho que serviria para seu filho de colo, doado por uma professora. Era um sapatinho que foi usado por seu filho, hoje um adolescente.
Depois de chegar em sua casa (que na verdade é um barraco), a moradora do bairro da Portelinha preparou um frango para comer, salgando o resto para o almoço do domingo. De acordo com sua amiga, os brindes recebidos no salão de eventos da capela Santa Rita estavam todos agasalhados numa prateleita. Sangue estava espalhado por todo o único cômodo, inclusive um balde com água estava tombado, como se a vítima tivesse tentado escapar do agressor ou agressora, não se sabe.
Sua amiga ainda contou-me que o assassino ou assassina levou uma calça usada pela vítima, deixando uma bermuda no chão.
Ao sair do hospital, às 5 horas, uma mulher de blusa vermelha e short jeans tentava levar o corpo da mulher, mas era advertida pela enfermeira de cabelos pretos de que só um parente munido com documentos poderia fazê-lo.
No início da noite, a polícia capturou dois suspeitos pelo assassinato de mais uma vítima do antes pacato município de Portel.
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