Você acha que TODOS os professores
da rede municipal de educação de Portel deveriam participar da III Conferência
Municipal de Educação? Técnicos da SEMED defendem essa proposta.
O calendário da Secretaria de
Educação já prevê o importante evento educacional, porém há uma tendência a
inibir a participação de todos os professores, quando seriam liberados somente os delegados escolhidos durante o Fórum da Educação. Assim, não haveria a liberação da
totalidade, especialmente os professores ribeirinhos ficariam de fora do debate
mais importante.
É na conferência que pode ser
apontado o problema e também a solução:
- reclamação sobre falta de escola de qualidade;
- merenda escolar incompatível com a realidade marajoara;
- merenda insuficiente que acaba em uma semana (que vai influenciar preponderantemente nos dias letivos, pois a falta de merenda vai levar os diretores a liberar os alunos duas horas antes, todos os dias);
- dias letivos atrasados;
- PCCR unificado (tem gente que é contra), etc.
Portanto, espelhar-se na
conferência estadual ou nacional é pisar no fofo, uma vez que nesses eventos
assomam-se milhares de professores. Já pensou no tumulto que daria juntar todos
os professores dos municípios (dois mil de Portel, três mil de breves, dois mil
de são Sebastião, etc), é impensável. Daí fica por bem resolver que a participação fique
quase restrita aos delegados. Em Portel, no entanto, são algumas centenas e sempre
coube muito bem dentro do Manarijó, o maior auditório pertencente a Igreja
Católica.
O argumento dos técnicos é que
grande parte dos professores, ao serem liberados, deixam de discutir os
problemas na conferência e ficam em casa, tomando cerveja e comendo churrasco.
Ora, poupem-me, girinos! Como se isso não acontecesse também nas conferências
estaduais e nacionais! Tanto que as fotos postadas na internet provam os
passeios pelos shoppings e lugares turísticos. Como é que deu tempo, se há
tanto trabalho numa conferência? Mas, falando-se assim, também cai-se na generalização novamente.
Os culpados são sempre os professores, especialmente na questão da liberação dos alunos nos dias em que faltar merenda. Todo ano, o aluno perde 40 horas. Não se vê cobrança sobre isso. Os próprios pais aceitam, a secretaria põe um capacho para explicar o inexplicável e os professores são impedidos de falar sobre isso.
A questão da merenda é tão séria, que na escola Ezídio Maciel, em abril a merenda chegou dia 23, faltando charque açúcar, conserva, sardinha. Continha suco, feijão, macarrão e arroz. Grande quantidade de milho branco, mas não é feito o mingau porque falta o leite e o açúcar. A escola N. Sra. Aparecida, também no rio Acuteipereira, não recebeu merenda, que chegou no final do mês de abril (dia 23), porque ficou debaixo de uma mesa da escola Ezídio Maciel, sendo levada somente no dia 30. Ora, são apenas exemplos do descalabro.
No rio Pacajá, diretor recebeu 170 litros de óleo diesel e só entregou 70. O professor que resolveu se pronunciar contra essa gatunagem, foi demitido.
Dizer que todos os professores fazem isso é uma generalização, assim como chamar os professores de “vagabundos” (fala de um ex-diretor de ensino) ou “um bando de malucos” (fala do atual diretor de ensino).
Convém ponderar as reais causas
da súbita ideia de barrar os professores: uma delas seria o cumprimento dos 200
dias letivos. Seria condizente equacionar os números por conta de um atraso no
início do ano letivo? Ou é mais fácil dizer que as vozes dos que sentem o
sapato apertar não devem ser ouvidas? Eis que tapar o sol com a peneira já não
dá como nunca deu.
Desculpem falar a verdade. Se for mentira o que escrevi aqui, me espanquem no bar do Junior, falem mal na tribuna da Câmara e me tirem a vaga no PARFOR ou inventem coisas para denegrir minha imagem.
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