A III Conferência Municipal de
Educação de Portel veio para propor uma série de propostas, mas também não
deixou de ser um momento para lavar roupa suja. Não faltaram críticas ao
excessivo calor inalterado pelos ventiladores em vez de central de ar. Como se
não bastasse, o sinal de internet estava sendo interpelado pelos aprendizes de
hacker.
Dentre as orientações favoráveis
ao debate nos grupos de trabalho, o professor Evandro Medeiros, da UFPA,
criticou a criação de fórum por meio de decretos, assim como o reducionismo das
propostas, nelas inclusas também o silenciamento, entre os quais debater
educação sem projeto de sociedade. “Qual o projeto de desenvolvimento para
Portel?”, indagou. Nesse sentido, buscou o professor enfatizar a importância de
não debater de forma descontextualizada, fragmentada.
Em relação à totalidade da região
marajoara, disse que apresenta o maior índice de expectativa de vida, mas é também
o mais pobre, possuindo o menor PIB do estado do Pará. Procurando dar um norte
ao debate, perguntou: “Qual o índice de produção de Portel?” No sentido de
ilustrar, afirmou que 64% da população do Marajó vive abaixo da linha da
pobreza, além da elevada taxa de analfabetismo na faixa que fica acima dos 15
anos, ou seja, 23% são analfabetos. Na saúde, a taxa de mortalidade está entre
uma das maiores. Em relação ao escalpelamento, falta informação aos barqueiros.
Além de tudo isso, há a retirada dos madeireiros. O Marajó é bom para donos de
gado, para quem explora.
O professor também fez
ponderações sobre a criação da Universidade do Marajó, que, sem os devidos
cuidados, acabará por atender os meninos do sul, uma vez que ainda persiste a
inexistência da universalização do ensino médio.
A professora Sônia Amaral
agradeceu à Comissão Organizadora por tê-la convidada para coordenar a participação
popular no eixo que trata da participação popular. Disse que a população
precisa estar organizada para poder acompanhar o debate e que não se vive o
processo democrático em sua plenitude, pois a presença no fórum é no sentido obter
a participação social. Afirmou ser importante não confundir gestão com
democratização, destacando ainda a questão da eleição direta para direção
escolar. Frisou, no entanto, que é um equívoco pensar que só com eleição direta
já se alcançou a democratização. Ressaltou a importância da participação
democrática. Amaral perguntou se a participação dos pais, dos alunos estava
garantida, uma vez que cinco ou seis pessoas não garantem a participação da
sociedade num controle social.
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