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sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

A dura vida dos temporários

Estes dias foram mesmo de lascar pra muita gente, especialmente para os meus colegas contratados. Sei que não é fácil, pois já vivi momentos aflitivos após ser exonerado e perder a firmeza no futuro da família.

Vi uma pessoa definhar a cada dia que passava do mês de dezembro. O homem é do serviço de apoio, vigia como é mais conhecido aqui por estas bandas. Perguntou no início de dezembro se a grana ia cair antes do natal e eu disse: "Creio que nem depois do natal ou ano". Eu estava fulo da vida porque sabia de tudo isso, inclusive que nosso salário de dezembro, como concursado, estava no mesmo nível. Depois fiquei pensando se não fui grosso em responder daquela forma, mas alguem me confortou dizendo que é melhor falar a verdade do ficar escamoteando.

Os dias se passaram e lá vinha o cidadão de novo, com seu amplo sorriso no rosto e dizia: "disseram que amanhã sai". "Que bom", respondia eu. E cada vez mais triste ele ficava, pois não tinha dinheiro disponível na conta. Na quinta vez, o homem já não sorria mais. Dizia que havia prometido e não saiu nada. Já era o natal. Ouvi até algumas pessoas comentarem que saíria nesta data o tão esperado tutu. Neca!

Acabou que, vi o cara cozinhar feijão com carvão, já que o gás foi-se junto com a sua esperança de receber. Passado o natal, vi que o homem continuava acreditando que o dim-dim sairia antes do fim de ano. Vai sair dia 27. E nada. Outra vez sairia dia 28. Nada de novo. Mas seu sorriso desaparecera. Vi seu sofrimento e mandei um pedaço do bolo comprado com o dinheiro do 13º conquistado com protestos e muito barulho na Praça da Bandeira e outros lugares. Eles, os contratados, não podem nem se manifestar.

Manifestar? E perder o emprego? Olha que ao falar em manifestação, nem os concursados nos apoiam na luta, pois nós, os coordenadores do SINTEPP, ficamos sozinhos, enquanto os nossos colegas ficam em casa tomando chopp gelado, enchendo a cara e até tem alguns que nos chamam de vagabundos. E, se os próprios concursados não vão às ruas, como terão coragem os contratados? Mas eles também são pessoas dignas, não são bandidos e uma vez nós mesmos já fomos servidores temporários e até mandados pra rua por sermos "subversivos" (hoje traduzido, é vagabundo mesmo!), temos que defendê-los, mesmo que eles não nos defendam, pois consciência é um lugar que ninguém vai, mas a gente sabe que pode existir.

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