Uma reunião que aconteceu no fim de semana evidencia um
desfecho de uma luta operada pela classe trabalhadora rural no município de
Portel. O governo do estado, ouvindo esse clamor, assinou um decreto, em 30 de
outubro passado, no qual destinou uma área de 493 mil hectares para uso pelas
comunidades para, principalmente, manejo florestal.
Os manejos florestais poderão ser executados pelas
associações e, futuramente, pelas cooperativas (digo futuramente porque em
Portel não existe cooperativa), evidentemente que supervisionadas pelo Ideflor,
assim como empresas do setor madeireiro. Uma das intenções é dar legalidade à
extração da madeira, hoje inviabilizada pela forma agressiva ao meio ambiente,
que fica sem condições de repor o parque
florestal que garanta a sobrevivência das gerações futuras.
Logicamente que não se pode falar só em madeira, pois há
áreas do município de Portel que antes eram exemplo de produção de gêneros
alimentícios e, hoje, só se enxerga a viabilidade da sobrevivência na
extração de madeira. Deve-se olhar com carinho o incentivo à produção de
diversos tipos de óleos e frutas. Sem esquecer, é claro, de fomentar também com
a compra e, inclusive, colocar essas produções na mesa dos portelenses, assim
como no cardápio das escolas, coisa que nãoe está acontecendo, pois foram
rejeitadas em recente reunião na Secretaria de Desenvolvimento. “Para que produzir,
se não temos quem compre e o produto acaba apodrecendo?”, indaga um produtor
rural. Verdade mesmo. O açaí está fora, assim como o cupu, o abacaxi e outras
frutas.
No momento, vemos as famílias dedicadas a fazer filhos para
ao final de nove meses poderem captar quase três mil reais, com as providências
do Salário Maternidade. Desta forma, a farinha deixa de ser produzida. A fruta
também, já que em seu lugar é comprado o suco engarrafado, de origem no sul do
país. Isso é o que dá não ouvir as vozes da multidão.
Durante a reunião, montou-se uma mesa típica dos governos
autoritários, onde só os coronéis falam e os peões ficam ouvindo, calados.
Nenhuma brecha para o povo se expressar e dizer onde dói. Quem quer saber onde
dói? Por aqui os caras do poder andam de avião, sem sequer provar da brabeza da
maré, do tombo do navio, das horas perdidas ou até das vidas ceifadas pela
embarcação superlotada, acima do permitido. Precisamos da estrada para que
nossos produtores não fiquem atados aos ditames dos governos, das decisões de
gabinete que prejudicam o produtor do açaí, do cupuaçu, do bacuri, etc.
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