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segunda-feira, 22 de abril de 2013

As glebas e o futuro dos moradores: quais as garantias?


Uma reunião que aconteceu no fim de semana evidencia um desfecho de uma luta operada pela classe trabalhadora rural no município de Portel. O governo do estado, ouvindo esse clamor, assinou um decreto, em 30 de outubro passado, no qual destinou uma área de 493 mil hectares para uso pelas comunidades para, principalmente, manejo florestal.

Os manejos florestais poderão ser executados pelas associações e, futuramente, pelas cooperativas (digo futuramente porque em Portel não existe cooperativa), evidentemente que supervisionadas pelo Ideflor, assim como empresas do setor madeireiro. Uma das intenções é dar legalidade à extração da madeira, hoje inviabilizada pela forma agressiva ao meio ambiente, que fica sem condições de repor o  parque florestal que garanta a sobrevivência das gerações futuras.

Logicamente que não se pode falar só em madeira, pois há áreas do município de Portel que antes eram exemplo de produção de gêneros alimentícios e, hoje, só se enxerga a viabilidade da sobrevivência na extração de madeira. Deve-se olhar com carinho o incentivo à produção de diversos tipos de óleos e frutas. Sem esquecer, é claro, de fomentar também com a compra e, inclusive, colocar essas produções na mesa dos portelenses, assim como no cardápio das escolas, coisa que nãoe está acontecendo, pois foram rejeitadas em recente reunião na Secretaria de Desenvolvimento. “Para que produzir, se não temos quem compre e o produto acaba apodrecendo?”, indaga um produtor rural. Verdade mesmo. O açaí está fora, assim como o cupu, o abacaxi e outras frutas.

No momento, vemos as famílias dedicadas a fazer filhos para ao final de nove meses poderem captar quase três mil reais, com as providências do Salário Maternidade. Desta forma, a farinha deixa de ser produzida. A fruta também, já que em seu lugar é comprado o suco engarrafado, de origem no sul do país. Isso é o que dá não ouvir as vozes da multidão.

Durante a reunião, montou-se uma mesa típica dos governos autoritários, onde só os coronéis falam e os peões ficam ouvindo, calados. Nenhuma brecha para o povo se expressar e dizer onde dói. Quem quer saber onde dói? Por aqui os caras do poder andam de avião, sem sequer provar da brabeza da maré, do tombo do navio, das horas perdidas ou até das vidas ceifadas pela embarcação superlotada, acima do permitido. Precisamos da estrada para que nossos produtores não fiquem atados aos ditames dos governos, das decisões de gabinete que prejudicam o produtor do açaí, do cupuaçu, do bacuri, etc.

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