Uma criação de lista de funcionários fantasmas é descoberta:
o responsável e promovido.
Um jorro de passagens para uma empresa de navegação é
descoberto: o servidor enriquece.
Um tesoureiro desvia verba e compra diversos bens
incompatíveis com a renda: sua punição foi gerenciar setor de combustível.
Outro tesoureiro toma para si somas absurdas, comprando
voadeira, moto, casa, sítio em apenas três meses: vira assessor especial.
Um prefeito desvia verba da educação, com fortes indícios em
outras áreas, um rombo de cerca de 30 milhões: é promovido a coordenar mais de
dez prefeituras.
Do lado de cá, milhares de jovens e crianças crescem em meio
ao lamaçal da corrupção, com a impressão de que o ladrão se dá bem no fim da
história. Com todos estes exemplos acima, não é mera impressão: de fato é
melhor ser ladrão, com cargo público, é claro.
Do outro lado, uma Câmara de Vereadores com o poder de
instaurar uma CPI sequer pode mover uma palha, pois tem rabo preso. Levante a
mão aí quem já propôs uma Comissão Parlamentar de Inquérito e eu faço uma
postagem inteira, exaltando-o, enobrecendo-o.
No meio dessa triste realidade vive um prefeito eleito com
poderes para mover ações contra o responsável pelo endividamento da prefeitura,
também não pode fazer nada porque joga no mesmo time. Aliás, a criatura não
quer se voltar contra o criador.
A igreja católica se mexe, denuncia. Os evangélicos se
calam, talvez à espera de uma providência divina. As associações, sindicatos e
colônias vivem seus mundos, concedendo benefícios atrás do outro, sofrendo com
as reclamações da população. Esta, coitada, não tem pra quem recorrer.
A população não tem advogado para defendê-la de um
secretário faminto por dinheiro cobrado ao vivo, sem passar pelos bancos e
deixar rastros. Se esta espernear, com todos os dispositivos legais existentes
neste país, não vai encontrar um juiz, porque não temos mesmo. O que tinha,
pediu licença. Junto com o meritíssimo deveria atuar um promotor, mas este
lugar também está vazio. Foi promovido. Tudo oco, vazio, como se o juízo final
tivesse chegado e todos os homens já não mais habitassem as ruas, os prédios.
É crível que homens fortes em caráter como Felizardo Diniz
estejam se revirando nos seus túmulos ante tanta orgia com o dinheiro público.
Não cito outros porque fizeram o Pomboca e o Manelão brigarem a troco de uma
refeição ou de uma cachaça. Ou ainda deram um tablefe na venta do Ararinha, só
porque o moço arremedava uma arara. Destes, eu tenho vergonha e não merecem a
minha citação. Entretanto, recorrer à lembrança de homens sérios que queriam o
melhor para esta terra é, inicialmente, pretender dar um exemplo para as
crianças e para a juventude de que a vida não é só isso aí: um mar de corrupção
e que esta é a saída.
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