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quinta-feira, 25 de abril de 2013

Como ser um mau caráter: políticos ensinam


Uma criação de lista de funcionários fantasmas é descoberta: o responsável e promovido.

Um jorro de passagens para uma empresa de navegação é descoberto: o servidor enriquece.

Um tesoureiro desvia verba e compra diversos bens incompatíveis com a renda: sua punição foi gerenciar setor de combustível.

Outro tesoureiro toma para si somas absurdas, comprando voadeira, moto, casa, sítio em apenas três meses: vira assessor especial.

Um prefeito desvia verba da educação, com fortes indícios em outras áreas, um rombo de cerca de 30 milhões: é promovido a coordenar mais de dez prefeituras.

Do lado de cá, milhares de jovens e crianças crescem em meio ao lamaçal da corrupção, com a impressão de que o ladrão se dá bem no fim da história. Com todos estes exemplos acima, não é mera impressão: de fato é melhor ser ladrão, com cargo público, é claro.

Do outro lado, uma Câmara de Vereadores com o poder de instaurar uma CPI sequer pode mover uma palha, pois tem rabo preso. Levante a mão aí quem já propôs uma Comissão Parlamentar de Inquérito e eu faço uma postagem inteira, exaltando-o, enobrecendo-o.

No meio dessa triste realidade vive um prefeito eleito com poderes para mover ações contra o responsável pelo endividamento da prefeitura, também não pode fazer nada porque joga no mesmo time. Aliás, a criatura não quer se voltar contra o criador.

A igreja católica se mexe, denuncia. Os evangélicos se calam, talvez à espera de uma providência divina. As associações, sindicatos e colônias vivem seus mundos, concedendo benefícios atrás do outro, sofrendo com as reclamações da população. Esta, coitada, não tem pra quem recorrer.

A população não tem advogado para defendê-la de um secretário faminto por dinheiro cobrado ao vivo, sem passar pelos bancos e deixar rastros. Se esta espernear, com todos os dispositivos legais existentes neste país, não vai encontrar um juiz, porque não temos mesmo. O que tinha, pediu licença. Junto com o meritíssimo deveria atuar um promotor, mas este lugar também está vazio. Foi promovido. Tudo oco, vazio, como se o juízo final tivesse chegado e todos os homens já não mais habitassem as ruas, os prédios.
É crível que homens fortes em caráter como Felizardo Diniz estejam se revirando nos seus túmulos ante tanta orgia com o dinheiro público. Não cito outros porque fizeram o Pomboca e o Manelão brigarem a troco de uma refeição ou de uma cachaça. Ou ainda deram um tablefe na venta do Ararinha, só porque o moço arremedava uma arara. Destes, eu tenho vergonha e não merecem a minha citação. Entretanto, recorrer à lembrança de homens sérios que queriam o melhor para esta terra é, inicialmente, pretender dar um exemplo para as crianças e para a juventude de que a vida não é só isso aí: um mar de corrupção e que esta é a saída.

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