(A
maldição de Justo Veríssimo)
Por
Samuel Lima (*)
“O ponto de partida de qualquer
novo projeto político de uma municipalidade, terá de ter, inevitavelmente, o
aumento do poder e da participação do povo, no centro de decisão do processo.”
Poderes em Portel: o fantasma de Justo Veríssimo |
Em primeiro lugar inicio esse texto parafraseando Celso Furtado,
economista, advogado e membro da Academia Brasileira de Letras. Autor do clássico
“Formação Econômica do Brasil”, idealizador do Plano de Metas dos Governos dos
presidentes Juscelino Kubistchek e João Goulart. Criador da SUDENE, o primeiro e o único
brasileiro a disputar um premio Nobel.
Considerado pela imprensa brasileira de todos os tempos, um dos cinco
“Grandes” desse país, junto de Raymundo Faoro, Florestan Fernades, Gilberto
Freire e Aurélio Buarque de Holanda. Maior economista do Terceiro Mundo na área
de planejamento - título concedido pelos organismos das Organizações das Nações
Unidas para o Desenvolvimento.
Em segundo lugar peço desculpas aos leitores pela linguagem técnica,
porém temas complexos não podem ser tratados com clichês políticos. Dessa
maneira, minha intenção é apenas contribuir no sentido de remediar de forma
lúcida a nefasta política econômica da atual gestão imposta aos cidadãos
portelenses, principalmente àqueles que sobrevivem da venda de pequenos
produtos.
É cômico e cruel, pois é dessa forma que o assunto está representado em
nosso município, numa espécie de teatro infantil dos tempos medievais, cuja
tira do cartaz é a seguinte: “brincando de cobrar imposto.” Contudo em certa
epopéia ficcionista, para a sorte dos oprimidos existe um tal Robin Hood - que
agia por conta própria em defesa oprimidos, diante da gula insaciável do Estado,
cujo representante não era escolhido pelo voto. Já na vida real, em Portel, no
século XXI, em plena democracia, o cenário é outro, é caótico e não existe os
Robin Hoods da vida.
Reflitam comigo cidadãos da minha cidade!
Façamos um retrospecto ao longo da trajetória desse vilipendiado. Senão,
contextualizemos a partir da história de nossa pátria-mãe: Por trezentos anos o
Brasil foi colônia da coroa portuguesa. Por cem anos foi dependente do império
britânico. Por quase cem anos foi tutelado pelos Estados Unidos da América.
Portel estava no pacote e sobreviveu dignamente!
Agora
no Século XXI, oh! povo das terras Arucarás, como aceitas ser explorado por um governo de continuísmo, populista, sedento
de poder e destituído de competência? Se em tempos passados houve sobrevivência
aos três períodos iniciais, foi graças à brasilidade então já em vós reinante.
Já agora, por que aceitas ser massacrado por esse governo por vós escolhido?
Que lhe impõe iníqua tributação de absurdas
leis fiscais; de uma educação sem qualidade; de uma saúde pública falida e de
outros atos repugnantes? E, o pior, que mente para vós na ilusão de ressaltar
conceitos que nunca teve, porque o objetivo é manter-se no poder a qualquer
custo, quando a burocracia oficial abate no nascedouro o vosso empreendimento? Por não
permitir que os produtos de vossa terra não sejam vendidos e incluídos no
cardápio da merenda escolar?
Por que pagas impostos que não têm o retorno
correspondente? E nesse meio que estás grassa a extorsão sobre a iniciativa privada
como no citado caso das empresas que não foram habilitadas, no certame de
licitação para o fornecimento da merenda escolar, mencionada por este Blog?
Quaisquer fiscalizações nesse governo continuista, estão impregnadas de
extorsões. As obras públicas sofrem superfaturamento. Por isso vossos portos,
aeroportos (se é que existe e se este é o nome), estradas e mesmo os hospitais estão
afundando sob a incompetência administrativa. E assim não poderia ser se houvesse menos orgia administrativa e, ao contrário,
mais competência.
Por sua vez, se faz necessário eleger um governo sério, mas não basta
somente possuir esse predicado, pois, em tempos de globalização, competência é
a palavra de ordem, e justiça social, acompanhada de transparência – são as cláusulas
pétreas para, quem quer governar, com o apreço da população, para ter um
governo sólido e duradouro. Para que isso ocorra, é vital que no ato da
elaboração de seu plano de governo, seja feito um planejamento eficaz, de sorte
que, a maioria da população seja o principal objeto do bolo orçamentário, e não
oprimida e invisível aos olhos do governante.
Não quero ser leviano. Criticar por criticar não é minha intenção. Mas
prometer algo à população que é inconcebível é balela e pirotecnia que, nos faz
lembrar que nem o presidente Lula materializou as promessas contidas em seu
Plano Territorial para o Arquipélago do Marajó, alardeado em Breves, no ano de
2007.
Espero que, em um futuro próximo, conviver com homens públicos que amem o
povo de Portel. Pois, da forma que está ocorrendo - me dá a impressão que a
maldição do Justo Veríssimo (personagem de Chico Anísio), reina na mente dos
mandatários do poder das Terras Arucarás. Ainda bem que não são eternos! No ano
que vem teremos eleições!
Sonhar não custa nada, enquanto isso, vale aqui renovar a esperança
naqueles que ainda buscam uma oportunidade, pois, a democracia, apesar de
combalida, é ainda o melhor meio para que os indivíduos escolham seus
representantes.
Entre esses que estão na fila, faço aqui à menção de um filho dessa
terra, um profissional do ramo do direito que achou por bem fazer da silhueta
de seu diafragma, a forma da terceira figura geométrica do pavilhão nacional.
Felizmente, essa figura por sua vez, tem uma folha enorme de bons serviços
prestados a essa comunidade e que nunca a abandonou – Apesar de não ter mandato
eletivo. Nos últimos tempos, tive o
prazer de tê-lo como amigo, o qual nos muitos momentos que estive em sua
companhia, nunca externou gestos de jactância e de hipocrisia - apesar de tudo
que é e possui, chama a todos de mano! Miro Pereira é seu nome.
Por último, faço votos que os filhos dessa querida terra, tenham no ano
vindouro a feliz idéia de eleger um de seus irmãos - para que este aponte caminhos,
encontre saídas, mostre alternativas, para minimizar os graves problemas
sociais e econômicos que afetam a terra na qual nasci.
(*) portelense,
economista, pesquisador, secretário municipal de planejamento em Mazagão-AP – samlima17@yahoo.com.br
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